A Fábula da Tartaruga Gigante e o Falcão
Num arquipélago banhado pelo sol do Pacífico, próximo à costa do Equador, vivia Galápago, a tartaruga gigante cuja carapaça parecia uma montanha moldada pelo tempo.
Certa manhã, descendo das alturas do céu, pousou Ieesitóhikie — o Falcão Peregrino, conhecido entre as aves como “o caçador do céu”. Ele vinha de muito longe, trazendo nos olhos o brilho das tempestades e a pressa dos ventos.
— Anciã de corpo de pedra — disse o Falcão, admirado — qual é o teu nome?
— Chamam-me Galápago — respondeu a tartaruga, com voz lenta como a maré. — Dizem que estas ilhas têm a forma da minha carapaça. Vivo há mais tempo do que muitas ondas que beijaram esta costa.
O Falcão, impressionado, declarou:
— Então serás a Tartaruga-gigante-das-Galápagos. Eu, que sou o mais veloz dos céus, nunca conheci alguém tão duradouro.
— É um belo nome — disse Galápago. — Pode me chamar assim.
O Falcão, curioso, perguntou:
— Dize-me, amiga, qual é o segredo para viver tanto?
A tartaruga sorriu devagar, como quem já ouviu essa pergunta muitas vezes:
— Enquanto tu cortas o vento com pressa, eu caminho no compasso do mar. Não me apresso a chegar, e assim o tempo também caminha devagar para mim.
O Falcão, pousando ao seu lado, refletiu:
— Hoje aprendi que a velocidade da vida não se mede pelo correr, mas pelo saber viver.
E, desde aquele dia, cada vez que o Falcão cruzava o céu sobre as ilhas, diminuía o voo só para lembrar da amiga que lhe ensinou a arte da calma.
Moral: Quem corre muito, vê menos. Quem anda com calma, vê mais e vive melhor.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó

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