A Fábula da Codorniz e o Falcão
Nos céus quentes do oriente, sobre as dunas douradas do Deserto de Sim e de Quibrote-Taavá, voava o veloz Ieesitóhikie — o Falcão Peregrino, temido e respeitado por todas as aves como o “caçador do céu”. Seus olhos afiados perscrutavam a vastidão, e suas asas cortavam o vento como lâminas.
Ao avistar um bando de codornizes pousado entre os arbustos do Sinai, mergulhou com a força de uma flecha e agarrou uma delas com suas garras afiadas.
— Piedade, senhor Falcão! — implorou a pequena ave. — Eu não sou uma codorniz qualquer. Sou a Codorniz Bíblica, aquela que o Senhor enviou para alimentar o povo de Israel no deserto. Minha história é sagrada, e este é um solo abençoado.
O Falcão, surpreso, afrouxou as garras. Seu olhar, antes predador, tornou-se pensativo.
— É verdade… havia me esquecido que estas terras fazem parte do Sinai, lugar sagrado. — disse ele. — Em respeito à sua história e à memória desse povo, a partir de hoje não caçarei codornizes nestas paragens. Seja livre… e minha amiga.
A Codorniz, aliviada, abriu suas asas e partiu para junto de seu bando. O Falcão, por sua vez, seguiu rumo ao litoral, voando do Mar Vermelho em direção ao Mediterrâneo.
E assim, naquele dia, o caçador e a presa se despediram como amigos, provando que até mesmo entre os mais ferozes, há espaço para a honra e a compaixão.
Moral: O verdadeiro caçador sabe que há momentos de atacar e momentos de recuar. Respeitar o sagrado é a maior das vitórias.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó

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