quinta-feira, 7 de agosto de 2025

IEESITÓHIKIE E FROGHOPPER: A Fábula do Céu e do Salto






Era uma vez um falcão peregrino chamado Ieesitóhikie, conhecido entre os Kariri-Xocó como a "Ave caçadora viajante", da sagrada família das Ieende Itohikiete, As Aves Viajantes.


Ieesitóhikie era veloz como o vento e viajava por todos os continentes do mundo, desde as serras do Nordeste brasileiro até os céus frios da Inglaterra. Só não visitava a Antártida, pois lá o frio calava até o voo.


Certa vez, em um dia claro sobre as terras inglesas, Ieesitóhikie avistou um pequeno ser no chão. Com seus olhos afiados e voo certeiro, mergulhou como uma flecha para capturar o que achava ser mais uma presa.


Mas, para sua surpresa, o inseto pulou tão alto e rápido que escapou de suas garras no último instante!


Ieesitóhikie pousou curioso e perguntou:


— Quem é você, pequeno ser? Nunca ninguém escapou de meu ataque fulminante!


O inseto limpou uma espuminha branca que cobria seu corpo e respondeu com humildade e coragem:


— Sou chamada Froghopper, a campeã dos saltos longos. Também me chamam de Spittlebug, pois produzo essa espuma que me protege. Mas em muitos lugares sou conhecida como Cigarrinha-da-espuma, a saltadora mais ágil do mundo!


O falcão, admirado, bateu as asas com respeito:


— Ah, agora entendo! Se fosse qualquer outro, já estaria em minhas garras. Mas você... você é uma campeã em seu próprio dom.


Então o grande caçador do céu estendeu sua asa e disse:


— Vamos ser amigos. Pois os verdadeiros campeões se reconhecem e se respeitam.


E assim, o falcão e a cigarrinha seguiram caminhos diferentes, mas com um laço invisível de amizade.


Desde esse dia, os ventos carregam a história dos dois campeões — um do céu, outro do salto — lembrando a todos que na natureza, cada ser é único e possui seu próprio talento. E que os verdadeiros sábios são aqueles que reconhecem o valor dos outros.


Moral da fábula:


"Na grande dança da natureza, cada ser tem seu dom. O respeito nasce quando reconhecemos a beleza da diferença."



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 



IEESITÓHIKIE E FROGHOPPER — A FÁBULA EM CORDEL



Nos céus do mundo inteiro

Voa o falcão viajante,

Cruzando terra e oceano

Com olhar firme e vibrante.

Chamado Ieesitóhikie,

Seu voo é deslumbrante.


Na língua dos Kariri,

Filho das aves sagradas,

Da família Itohikiete,

Com asas sempre aladas.

Nunca fica em só um canto,

Segue as rotas encantadas.


Num dia sobre a Inglaterra,

O falcão viu no chão

Um pequeno ser brilhante

Saltando sem direção.

Num rasante, ele desceu

Com sua forte precisão.


Mas o inseto ligeiro

Pulou como um trovão,

E escapou da armadilha

Da garra em rápida ação.

O falcão parou surpreso:

— Nunca vi tal reação!


— Quem é você, pequenino,

Que salta com tanta arte?

Meu voo é como um relâmpago,

Rasga o céu de toda parte.

Mas você me surpreendeu

Com esse salto à sua parte!


— Me chamam de Froghopper,

Disse o bicho com carinho.

Também sou Spittlebug,

A que faz espuma e ninho.

Mas no mundo sou famosa

Como Cigarrinha-do-caminho!


— Sou campeã nos meus saltos,

Salto mais que qualquer ser.

Essa espuma me protege

Quando eu quero me esconder.

E mesmo sendo pequena,

Tenho muito a oferecer!


O falcão ficou tocado

Com a força da cigarra:

— Se fosse outro no chão,

Já estava na minha garra.

Mas campeões se conhecem,

O respeito nunca se esbarra!


— Sigamos sendo amigos,

Disse o falcão com louvor.

— Pois todo ser nesse mundo

Tem seu talento e valor.

— A natureza é mestra

Na arte de dar amor.


E assim segue a lição,

Pelo vento carregada:

O falcão, rei do céu alto,

E a cigarra respeitada.

Cada qual com sua força,

Cada qual com sua jornada.


Moral em forma de mote:


“Campeão não é só força,

É saber ter coração.

Respeitar o dom do outro

Também é ser campeão.”




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




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