quinta-feira, 7 de agosto de 2025

O FALCÃO E O PEIXE-VELA, Uma Fábula dos Mais Rápido do Ar e do Mar

 






Era uma vez um Falcão Peregrino que voava alto e veloz pelos céus, cruzando o Atlântico, vindo das Américas em direção à Europa. Com o brilho do sol nas penas, ele cortava o ar como uma flecha viva, quando avistou algo estranho no mar lá embaixo: uma vela que se movia com espantosa rapidez sobre as águas.


Curioso, o Falcão mergulhou e percebeu que não era uma vela de navio, mas sim a nadadeira de um peixe veloz, riscando as ondas como um raio. Pousou sobre ela, equilibrando-se com graça.


— Quem é você, criatura veloz dos mares? — perguntou o Falcão.


O peixe respondeu, sem diminuir a marcha:


— Sou o Peixe-Vela, também chamado de Peixe-Espada. Nos oceanos, ninguém nada mais rápido do que eu! Mas... e você, ave ousada, quem é?


— Sou o Falcão Peregrino, o mais rápido do céu. Nenhuma ave me alcança em voo!


O Peixe sorriu com suas escamas cintilantes:


— Então, somos ambos campeões — um do ar, outro do mar. Que tal sermos amigos e viajarmos juntos por um tempo?


— Será uma honra — respondeu o Falcão. — Enquanto descanso em tuas nadadeiras, podemos conversar sobre as maravilhas do mundo.


E assim, cruzando o mar e o céu, os dois seguiram juntos — um deslizando pelas águas, o outro planando sobre as correntes de ar. Diferentes em forma, iguais em espírito, fizeram da amizade sua maior velocidade.


Moral da história:


Mesmo entre os seres mais diferentes, a amizade e o respeito podem unir forças e vencer distâncias.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




VERSÃO CORDEL-FÁBULA: Falcão e o Peixe-Vela


Cordel de Nhenety Kariri-Xocó


Num voo de luz matutina

Cruzando o céu do sertão,

Um falcão de asa fina

Voava em rápida ação.

Do alto viu no oceano

Algo cortando o pano

Das águas em turbilhão.


Pensou ser uma canoa

Com vela a se derramar,

Mas era uma coisa boa

Que nadava sem parar.

A tal "vela" era um peixe

Tão veloz que até deixei

Meu assombro no ar pairar!


O Falcão com elegância

Pousou sobre a nadadeira,

Sentiu firme a resistência

Daquela asa marinheira.

E perguntou com respeito:

— Quem és tu, com tal efeito,

De nadar de tal maneira?


Respondeu com voz ligeira

O peixe em sua jornada:

— Me chamam de Peixe-Vela,

Espada afiada e ousada.

No mar sou rei da corrida,

Minha flecha é minha vida,

Ninguém me vence em disparada!


O Falcão, com nobreza,

Ergueu firme sua voz:

— Eu sou rei da correnteza

Do céu que paira sobre vós.

Me chamam Falcão Peregrino,

Meu voo é sempre divino,

E veloz como o de nós!


O Peixe sorriu contente:

— Então somos parecidos,

Tu nos ares, eu nas águas,

Ambos somos destemidos.

Vamos selar amizade,

Com respeito e liberdade,

Seremos seres unidos!


— Concordo! — disse o Falcão.

— Sobre tuas asas marinhas

Descansarei minha paixão,

E contaremos as linhas

Do céu, do vento e do mar,

Enquanto vamos voar

Como duas almas vizinhas.


E assim, sem briga ou disputa,

Seguiram céu e mar unidos.

Mostrando à Terra absoluta

Que os seres mais parecidos

Não são só da mesma cor,

Mas têm no peito o valor

Dos verdadeiros amigos.


Moral do Cordel:


Mesmo em mundos diferentes,

Quando há sabedoria,

A amizade floresce

Com respeito e harmonia.

No céu ou na imensidão,

O que vence é o coração

Com verdade e poesia.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




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