A Fábula do Pavão e o Peru
Em um terreiro ensolarado de uma casa antiga do Brasil, conviviam diversos animais trazidos de terras distantes: havia galinhas e cachorros, cabras da Europa, bois da Índia, guinés da África e até um peru robusto vindo das terras do Norte da América. Mas entre todos, dois chamavam mais atenção: o Pavão, com sua plumagem reluzente, e o Peru, imponente em sua postura.
Certo dia, o Pavão abriu sua cauda em leque e começou a dançar pelo quintal, exibindo suas penas cintilantes ao sol. O Peru, irritado com tanta exibição, gritou:
— Pare com isso, seu amostrado! Não vê que ninguém quer saber de beleza quando o assunto é fartura? Sou eu o prato preferido nas festas de Natal pelo mundo todo!
O Pavão se virou lentamente e respondeu, com altivez:
— Ah, Peru, não subestime o poder da beleza. Povos da Índia, da China, os gregos e até os persas usaram minhas penas como símbolos de realeza e imortalidade. A deusa Hera me tem como sagrado e até o Rei Salomão se encantou com meu esplendor.
A discussão esquentava quando, de repente, pousou no meio dos dois um pombo branco chamado Tute, conhecido por todos como o mensageiro da paz.
— Irmãos, por que tanta disputa? — disse Tute calmamente. — Cada um de nós tem seu valor e sua missão neste mundo. O Criador nos fez diferentes para que juntos completássemos a harmonia da vida. A beleza do Pavão encanta os olhos e inspira a alma, enquanto o Peru traz o sustento e a celebração. Todos somos necessários.
Os dois ficaram em silêncio. O Pavão abaixou as penas, o Peru soltou um suspiro e ambos perceberam que a razão estava na humildade do pombo.
Daquele dia em diante, seguiram em paz, respeitando as qualidades um do outro, e o terreiro voltou a ser um lugar de convivência e harmonia.
Moral da fábula:
Cada ser da natureza tem seu valor. Uns encantam, outros alimentam, mas todos têm sua importância no grande ciclo da vida.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó

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