Uma Fábula do Predador do Mar
Num dia de águas mornas e cristalinas, Tainha-Mugil, conhecida entre os mares como Curimã, nadava tranquila pelo Atlântico. Seu corpo prateado refletia a luz do sol, e cada ondulação de sua cauda era como um poema escrito na superfície do mar.
De repente, ao passar por um recife de coral, ela percebeu que algo estranho acontecia. Peixinhos, crustáceos e até as belas garoupas nadavam apavorados, escondendo-se nas fendas das rochas.
— O que será que está causando tamanha aflição? — pensou a Tainha-Mugil.
Foi então que, entre as sombras coloridas do coral, surgiu uma figura majestosa e ameaçadora: o Peixe-Leão. Suas nadadeiras, como plumas armadas, eram belas, mas cada ponta escondia um ferrão perigoso. Ele se movia lentamente, mas seus ataques eram fulminantes.
A Tainha, curiosa e cautelosa, aproximou-se e conversou com uma garoupa que se escondia.
— Dona Garoupa, quem é este estranho?
A garoupa respondeu, com voz trêmula:
— Esse é o Peixe-Leão. Ouvi dizer que ele não nasceu aqui.
Lembrando-se de histórias antigas que os velhos do mar contavam, a Tainha revelou:
— Sim, ele veio de muito longe, do Indo-Pacífico. Escapou de um aquário na Flórida, quando o furacão Andrew libertou muitos seres do cativeiro. Desde então, viajou por mares e correntes até chegar aqui.
O problema era grave: no Atlântico, o Peixe-Leão não tinha predadores naturais. Comia de tudo — peixes-borboleta, badejos, peixes-donzela — sem dar chance para que o recife se recuperasse.
Preocupada, a Tainha-Mugil nadou velozmente e espalhou a notícia pelos mares. Chamou pescadores, mergulhadores e outros defensores da vida marinha. Todos uniram forças para encontrar uma solução: monitorar, capturar e ensinar os humanos a conhecer e respeitar o equilíbrio do oceano.
Com o tempo, os recifes começaram a respirar novamente, e a Tainha aprendeu uma lição que guardou para sempre:
"No mar, como na vida, quando chega um problema de fora, é preciso conhecê-lo, agir com sabedoria e proteger o que é de todos."
Moral da história: A beleza não garante bondade; conhecer é o primeiro passo para proteger.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó

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