quinta-feira, 7 de agosto de 2025

SARIQUÉ CROPOBÓ RADDA, O Camarão Campeão






A Fábula do Camarão Campeão dos Punhos nos Mares


Nas profundezas das águas tropicais e doces do Velho Chico, um burburinho corria entre os peixes, os crustáceos e os seres da correnteza. A sabedoria nadava de boca em boca, de escama em escama, como uma onda de sabedoria.


Foi numa dessas manhãs aquáticas que a lontra Klimi, velha contadora de causos, subiu em uma pedra e anunciou:


— Ouvi dois pescadores na beira do rio falando sobre um tal de Muhammad Ali, o maior boxeador dos tempos humanos!


Os peixes se agitaram. Piau, traíra, tucunaré… todos queriam saber quem era esse tal campeão.


Mas eis que, cortando a correnteza como flecha do mar, surgiu a Curimã, peixe de água e sal, que visita o rio quando quer contar histórias:


— Respeito ao tal Ali, mas vocês precisam conhecer Sariqué Cropobó Radda, o verdadeiro campeão dos mares!


— Sari... quê? — perguntaram os peixinhos.


— Sariqué  — repetiu a Curimã, com as nadadeiras em reverência. — Conhecido também como camarão-mantis, ou camarão-louva-a-deus. Ele é pequeno, mas sua força é de gigante! Tem punhos como martelos, e seu soco é tão rápido que rompe a água como se fosse vidro!


- O nome Sariqué é o nome do Camarão-mantis, Cropobó "Lutador" e Radda "Mundo".


— Ele quebra vidro? — arregalou os olhos uma tilápia.


— Sim! Já quebrou até aquário de laboratório! Seus golpes atingem até 80 quilômetros por hora! Nenhum crustáceo ousa desafiá-lo. É o campeão do mundo submarino!


— E onde ele vive? — quis saber a lontra Klimi, com o queixo já encostando no peito.


— Nas águas tropicais e subtropicais de todo o planeta, inclusive aqui no Brasil! Aparece nos estuários, onde a água doce do rio abraça a salgada do mar. Ele é ágil, forte e veloz. Um verdadeiro guerreiro da natureza!


Todos os animais ficaram em silêncio, respeitosos. E a Curimã finalizou:


— Cada ser da natureza tem uma força, uma virtude, um dom. Na terra dos homens há campeões, sim. Mas no mundo das águas, Sariqué é o rei dos punhos invisíveis. E isso, meus amigos, também é sabedoria do rio.


Moral da Fábula:


O tamanho não define a grandeza. Cada ser, no seu elemento, é campeão à sua maneira.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 



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