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Porto de Colégio do outro lado Propriá-SE |
Pedia-lhe a benção e ela me abençoava. Vestia a roupa, calçava as congas azuis com uma meia branca. Papai me dava moeda para comprar pipoca. Meu primo César Girir chegava lá em casa com os meus colegas de classe: Lenoir, Djalma, Vilma... Alguns iam acanhados por terem uma roupinha fraca com relação aos brancos da cidade, sempre bem vestidos e calçados.
Nossa família nunca perdeu uma procissão; muitos índios também faziam o cortejo, junto com o pessoal da cidade, a começar na Semana Santa: na participação nas Estações, Senhor dos Passos eu ia junto com meu pai e a outra procissão seguia outras ruas com as mulheres acompanhando Nossa Senhora das Dores; minha mãe ia nesse grupo, com algumas índias, junto à imagem.
No mês de agosto, dia 16, era a procissão de São Roque, o padroeiro da cidade desde 1911, quando teve uma cólera na região de Colégio, o padre fez uma promessa e a epidemia acabou. Desde essa época São Roque ficou como padroeiro pela graça alcançada. Houve muitas vítimas e entre elas os índios.
No dia 29 de novembro começava a primeira noite de novena, festa da padroeira da cidade, organizada por cada classe social e com direito a uma noite. Esse período era aguardado com muita ansiedade pela sociedade colegiense. Todo mundo do município fazia economia para comprar boas roupas e ter dinheiro no bolso para gastar na festa. A procissão era no dia 8 de dezembro, às três horas da tarde, e a noite era dedicada aos índios.
Na praça Rosita de Góes Monteiro ficava o parque de diversões; meu pai sempre nos levava para andar nos aviões, patinhos e roda gigante, além de comprar baganas após o encerramento da procissão.
Nhenety Kariri-Xoco
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