Hoje, segunda feira 16 de Abril de 2012 iniciamos nossos trabalhos de
sensibilizar à sociedade Ilheense na Bahia sobre as questões indígenas. Das 8:20
as 9:45 tivemos a presencia do IME com 50 crianças… Iniciamos o dia com o
ritual do PORANCIM enquanto os parceiros chegavam… Selma da APPI,
Jornalistas e muitos indígenas Tupinambá… E logo das 9:00 as 10:00, 40
jovens do Princesa Isabel…. E das 10:20 as 11:20 uma nova turma (7D) do
IME onde os diálogos rolaram mais ou menos assim:
Nhenety Kariri-Xocó: -Sou Nhenety vindo de Alagoas para conversar com todos vocês.
Cada etnia tem sua historia, sua cultura, seu povo, sua terra. No Brasil
somos 250 etnias e 180 línguas. Uma das característica mais forte de
nossas culturas é que somos coletivos… Por exemplo; Fazemos nossas casas
em multirão… Caçamos e pescamos em equipe… Para viver como índios,
viver coletivamente, precisamos de ter a nossas terras… Pegar nossos
alimentos… O índio vai na mata como vocês vão nos supermercados… Da mata
tira tudo o que precisa. A Floresta é o melhor supermercado do mundo.
Os Xingu que só tem 50 anos de contato tem mais cabelos lisos que os Tupinambá que tem 512 anos de contatos.
Se não fosse por esse entrecruzamento de negros, brancos e índios, não
existiria o Brasil. É essa diversidade que faz a nossa riqueza. Um pais
rico; Com muita cultura; Maracatu, Toré. Os sinais no corpo tem haver
com o grau de contato.
Uma moça perguntou em LIBRAS (participavam conosco 04 alunos surdos) A lei pode ajudar aos índios?
Sim. Por exemplo, o Art 341 da Constituição garante nossas Terras.
Inclusive existe também o direito para os POSSEIROS receber sua
indemnização.
Obrigado Maria Pankararu… Ela é Doutora… Hoje há índios universitários…
Hoje muitos índios usamos o computador conectado como um ARCO DIGITAL…
Buscamos projetos, enviamos projetos para os Ministérios. Fazemos nossa
caçada, nossa sobrevivência também através da internet. Uns estudam
biologia, outra agronomia….e assim… Todos juntos pensamos no nosso
futuro e vamos atrás do que queremos para nós e par o planeta.
Quando se destrói uma floresta é um impacto muito grande… Perdas
biologicas… São sacrifícios. Que acabam com nossas matérias primas. Em
nossa cultura para fazermos uma casa… Fazemo-nos a casa em multirão… em
um dia… Nos não passamos a vida inteira estudando… e depois outra vida
buscando trabalho… e depois outra vida pagando as prestações do
departamento… Fazemo-nos pela Natureza… Seguir os exemplos da Natureza
nos ensina a viver melhor… Fazer a casa em um dia… Comemo-nos tudo
natural. Hoje na cidade vemos muitas doenças exclusivas… Quando se
destrói uma floresta… Os vírus vão para as cidades… Porque bichinhos que
vivam tranquilos na floresta… na hora que a destrói… vão para as
cidades e provocam doenças… Destruindo as florestas vai diminuir a
qualidade do ar que respiramos.
Professora: Com que material são feitos os Arcos e as Flechas?
Nhenety: Na minha comunidade são de Jenipapo e Pau da Arco. Que são madeiras flexíveis.
Professora: Existem semelhanças entre a cultura indígena e a africana?
Nhenety: Adorar os fenômenos da Natureza… Cantar e dançar para celebrar
a vida são semelhanças. Para a cultura afro: Yemanja; para nos
Kariri-Xocó: YARA.
O português chama: “Sol”; O Tupinambá já diz: “Guaraci”; Cada cultura,
com sua língua chama ele diferente, mas é o mesmo Sol. O mesmo acontece
com Deus. Tupa , Jehová.
Um círculo pode significar uma estrela… um ciclo… Se for desenhado em
vermelho significa energia… se desenhado em amarelo significa
conhecimento… Se o desenho é muito ondular significa emoções….Quando ve o
desenho com muita muitas formas de flecha, significa ação…A forma tipo
lua significa lar… Algo escuro significa segredo, inicio… Em cada
cultura tudo é diferente.
Um rapaz então pergunta: – E os jovens na aldeia fazem o que?
Nhenety: Os jovens gostam de novidades e nas aldeias indígenas não é
diferente. Tudo mundo tem interesse pelo novo… Existe muito discurso que
quer desvalorizar o tradicional… Mas a gente ve que podemos ter um BOM
EQUILIBRIO entre o tradicional e o novo… Podemos usar tudo o que há de
novo sem deixar de ser índio.
Potyra: Nas comunidades indígenas… Temos, por exemplo, a OCA DIGITAl… A
gente usa a ARTE e a TECNOLOGIA para interagir com o mundo moderno e ao
mesmo tempo fortalecer nossa cultura. Nas comunidades a gente escuta
musica indígena mas escuta também arroja, reggea, mpb.
Nhenety Kariri-Xocó
http://ocadigital.art.br/terra-e-paz-1-dia-cobertura-colaborativa/
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
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