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Pequenina Canoa feita de mulungú |
Aqui em Kariri-Xocó o tempo é coisa muito importante, como em todo
lugar, mas o que faz a diferença, é como os indígenas relacionam com
este marcador das épocas e eras do mundo. Cada fenômeno cultural, social
ou natural vem numa determinada época ou tempo. Época da maturação do
fruto da ubáia no mês de janeiro, época da Piracema subida dos peixes
para desova em fevereiro, março época da preparação da terra. Mas na
Época dos Ventos, era muito aguardado pelas crianças em setembro a
outubro, porque neste perído os meninos mandavam os pais construírem
pequeninas canoas com velas de retalhos de pano, para brincar na Lagoa
do Cordeiro. Este ambiente lacrustre circulava o fundo dos quintais da
Rua dos Índios, Rua Santa Cruz e Rua Dr.Clementino Dumont. Nas margens
da Lagoa do Cordeiro tem uma grande árvore de marizeiro, mata-cabra,
calumbí e junco. As canoinhas de velas eram feitas de raiz de timbaúba,
madeira leve e branca. Os meninos faziam competições de velas, para ver
qual o barquinho que chegava primeiro na outra margem da lagoa. Aqueles
vencedores ficavam na competição até sair ocampeão. Enquanto durar-se o
tempo dos ventos fortes num período de uma lua, era para se brincar de
canoinhas na lagoa. As canoinhas recebiam os nomes das grandes canoas do
São Francisco, pelo tamanho e fama, Canindé, Goiana, Marialve e assim
por diante. As vezes aves aquáticas atrapalhavam as canoinhas, correndo
atrás como os patos domésticos, que ficavamnadando na lagoa. Muitas
vezes os rapazes com canoinhas maiores brincavam no próprio Rio São
Francisco, alguns perdiam seus brinquedos estimados, o vento levava para
outra margem do rio numa largura de aproximadamente 1500 metros, quase
impossível acompanhar nadando. Atualmente são muitos poucas as canoinhas
de brinquedos, se ver aqui e ali alguma perdida por admirador da arte. http://www.indiosonline.net/canoinhas_da_lagoa/ .
Nhenety Kariri-Xocó.
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