Literatura de Cordel
Autor: Nhenety
Parte 6
Da notícia sobre as terras
Seriam loteada e vendidas
O João Baca Ferreira falou
Autoridades reconhecidas
Assinaturas da comunidade
Não seriam assim atendidas .
Firmo de Castro ano 1915
O Intendente não gostava
Alerta caboclo João Baca
Dessa maneira como tava
Deixe de organizar o povo
Portanto ele aconselhava .
S.P.I. o órgão dos índios
Atuando no Brasil inteiro
Fundou postos indígenas
livrando nativo do grileiro
Encravados nos territórios
Até disfarçado de rendeiro.
Os Carnijós de Águas Belas
índios primeiros conhecidos
No estado de Pernambuco
depois de serem padecidos
A partir da década de 1920
Pelo Governo reconhecidos .
No dia 21 de abril de 1923
Criado Serviço de Algodão
Em Porto Real do Colégio
Para agricultores da região
Tomar a posse das terras
O começo da expropriação .
Criação do Centro Agrícola
Dando origem a Sementeira
Dia 22 de outubro ano 1924
Assim ocupa a terra inteira
Fazenda Federal no Colégio
Sendo ela empresa leiloeira .
Na antiga terra indígena
Inalienáveis as loteadas
Cerca de 6.000 hectares
Por colonos arrematadas
Foi nesse Centro Agrícola
Onde fazia as papeladas .
No próprio Centro Agrícola
Conhecida por Sementeira
Ficando com 495 hectares
Terras férteis para sequeira
As lagoas e muitos riachos
Inclusive uma mata inteira .
Para indígenas de Colégio
Restando sua rua e o ritual
Muitos saíram da periferia
Habitando floresta original
Fazendo as casas na roça
Mas o território tradicional .
Outros na Rua dos Índios
Conhecida na São Vicente
Apesar deste o sofrimento
Índio ficava mais contente
Porque existindo o Ouricuri
Que saciava fome da gente .
O Francisco Queiroz Suíra
Na origem muita vocação
Ano 1928 pajé aos 16 anos
Assume chefia da tradição
Dirigindo o Ouricuri Sagrado
Com sua grande convicção .
Com choupanas de palhas
Na beira do São Francisco
Juntos a Rua dos Caboclos
Os índios estavam em risco
Foi um período conturbado
Eles teriam que ficar arisco .
Neste espaço vivenciado
Não poderemos esquecer
Que morou Inocêncio Pires
Aqui ancião chegou falecer
A rua de Gabriel e Matildes
Lugar vamos nos enobrecer .
As terras que foram suas
Índios estava de alugado
Trabalha aos fazendeiros
As migalhas o seu bocado
Muitos foram explorados
Por este homem civilizado .
No dia 4 de abril de 1935
Mudando toda a situação
O cientista Carlos Estevão
Fazendo uma identificação
Encontra índios em Colégio
Tão logo sua catalogação .
Segundo Carlos Estevão
Investigações realizadas
Identifica as etnias na rua
Maria Tomázia indicadas
Estavam num aldeamento
Logo teria ele registradas .
Há Padre Alfredo Damaso
Vigário num Bom Concelho
Defende os índios e pobres
Temos nele nosso espelho
Mas seria por Águas Belas
Livrando caboclos do relho .
Mas os Kariris de Colégio
Sairam de um isolamento
O Francisco Queiroz Suíra
Buscando seu acolhimento
Falou com Basílio e Sarapó
Carnijós no consentimento .
Numa Rua dos Caboclos
Existiu um antigo juazeiro
Perto do chalé de Gabriel
Índio rico e muito dinheiro
Atendia todos os parentes
Era um amigo camaradeiro .
Com a morte de Gabriel
No terreno seria ocupado
Capitão Zezé fez Fábrica
De Arroz bem despolpado
Essa rua estava mudando
Com indígena preocupado .
Para livrar as amarguras
Vamos gente desparecer
Com índios desta cidade
A cultura para enriquecer
Participavam das festas
Vai até no dia amanhecer .
De Porto Real do Colégio
Na manifestação cultural
Chegança com indígenas
O personagem caricatural
Cacique Jonas um mestre
A Expressão multicultural .
Continua
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