Esta é uma hipótese que Ari Loussant vem trabalhando a pouco tempo, começando produzir ela quando se deparou com duas palavras dentro da família Kariri.
1ª) Kp.: hẽ / Dz.: hem 'madeira, árvore', cognato do Proto-Macro-Jê *pĩm 'madeira, lenha' (o m do Dzubukuá é apenas uma representação do som nasal e não uma preservação da consoante coda -m)
2ª) Katembri: haú 'caititu', cognato do Bakairi pəu 'espécie de porco selvagem'
Essas duas palavras demonstram uma mudança clara dentro do Kariri, onde o *p do Proto-Kariri passou para h nos seus descendentes ou até mesmo f no caso do Kamurú. Essa mudança fonética é bastante importante para podermos compreender o Kariri completamente, pois é extremamente possível que essa mudança tenha sido aplicada em algumas palavras que surgem dentro do Kipeá e do Dzubukuá
Um exemplo disso pode ser DAHI 'estar no chão', sabemos que DA 'chão' está conectado com a segunda sílaba de RADA 'terra', já HI seria seguindo a lógica dessa hipótese um alofone de PI 'estar', portanto derivando do Proto-Kariri *da-pi 'chão-estar' e sendo herdado pelo Kipeá como da-hi.
Outra palavra que muito provavelmente passou pelo mesmo processo foi HO 'fio, linha', vemos essa palavra surgindo no Kamurú como fa em fa-zambu 'cabelo, lit.: fio-cabeça', o que implica que a origem desse som é bilabial e a vogal é um schwa, portanto a palavra do Proto-Kariri seria *pə 'fio, linha', também é possível que ela esteja conectada à palavra POPONGI 'roca de fiar', o que confirmaria a estrutura original da palavra antes da alteração fonética.
Autor da matéria: Ari Loussant
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