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segunda-feira, 26 de maio de 2025

EPOPEIA DO ALFERES KARIRI, O Guardião de Colégio







Ouçam, filhos da floresta e do rio, ouçam o cântico que atravessa os séculos e dança com o vento nas folhas do Ouricuri! Pois nesta terra sagrada, onde o Xocó e o Kariri entrelaçaram suas raízes, ergueu-se um guerreiro cujo nome jamais será silenciado: Firmino José dos Santos, o Alferes de Colégio!


Na era dos homens de farda e coroa, quando o Império do Brasil enviou seus filhos à guerra, o chão tremeu, e os céus cerraram-se em tempestade. De 1864 a 1870, o sangue regou a terra na Guerra do Paraguai, e até das aldeias do grande rio São Francisco, os espíritos dos guerreiros foram chamados para o combate.


Dos rituais ancestrais, das rodas de dança e do sopro das flautas, ergueu-se Firmino, com olhos de onça e peito de pedra, respondendo ao chamado da Pátria, mas levando consigo a alma de seu povo. Partiu com os "Voluntários da Pátria", cruzando matas e rios, enfrentando a fúria dos canhões, a lâmina dos inimigos e as sombras da morte.


Mas os encantados o protegeram! Os velhos pajés, em suas rezas, enviaram-lhe a força da jurema e a visão da jandaia. E Firmino voltou, não como homem comum, mas como herói, com a patente de Alferes brilhando como estrela nas noites de Colégio.


Os ciclos giraram, como gira o maracá na mão do pajé. As aldeias tornaram-se vilas pelo decreto dos homens da cidade, e no dia 7 de julho de 1876, Porto Real do Colégio ergueu-se com novos nomes e novos títulos.


Por um tempo, um homem branco, Francisco Xavier Ourives, governou a vila — como manda a tradição dos que desenham linhas sobre a terra e escrevem leis que não ouvem o canto dos pássaros.


Mas os espíritos haviam traçado outro destino! E em 1880, como o trovão que rasga o céu, Firmino foi nomeado intendente. Um indígena! Um filho da terra governando sua própria aldeia transformada em vila!


Contam os anciãos, à beira do fogo, que Firmino nunca renegou sua essência. Montado em seu cavalo, com a farda do Império e a espada reluzente, atravessava as veredas rumo ao sagrado Ouricuri, onde o povo se reunia para celebrar os mistérios da criação, os ciclos da vida e da morte, o sopro do Grande Espírito.


Ali, entre folhas e raízes, o Alferes vestia o orgulho de sua farda, mas nunca deixava de ser Kariri. Sua espada não feria: protegia. Seu cavalo não invadia: guiava. Sua presença não impunha: honrava.


E assim, Firmino tornou-se mais que homem: virou mito, virou canto, virou eternidade. Quando as estrelas se acendem sobre as águas do São Francisco e o som do maracá ecoa na mata, é sua memória que cavalga, altiva, como relâmpago entre as árvores.


Ó, jovens de hoje, que escutam este cântico! Lembrai-vos do Alferes Kariri, aquele que cruzou os mundos, que lutou com espada, mas viveu com alma de raiz. Guardião eterno de Colégio, sua epopeia vive, como vive o vento, como vive a terra, como vive o povo que jamais será esquecido!


E assim se canta. E assim se guarda. E assim se honra.





Autor: Nhenety Kariri-Xocó 





Consultado por meio da ferramenta ChatGPT (OpenAI), inteligência artificial como apoio para elaboração do trabalho da capa no dia 26 de maio de 2025.




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