terça-feira, 20 de maio de 2025

TUPÃMIRIM E KUNHÃ YACY






A Criação da Primeira Tribo no Mito Tupi-Guarani



Resumo



A narrativa de Tupãmirim, um ser alado e luminoso enviado pelos anciãos celestes para concluir a criação do mundo, revela aspectos centrais da cosmovisão Tupi-Guarani. Este mito, passado de geração em geração, traz à tona o profundo vínculo espiritual com a natureza e o papel dos seres invisíveis que habitam a Terra. Tupãmirim aprende com os espíritos da pedra, da palmeira, da onça, da cobra, e com os guardiões da água, das árvores, da terra e das pedras. Ao criar a maraca e cantar, transforma sementes em crianças, dando origem à primeira tribo. Este artigo explora os significados simbólicos dessa tradição oral e seu valor para a cultura indígena e para uma compreensão ecológica do mundo.



Introdução



Os mitos indígenas são portadores de sabedoria ancestral, transmitindo ensinamentos sobre a origem da vida, o papel dos seres humanos na Terra e o respeito pelos elementos naturais. Na tradição Tupi-Guarani, um desses mitos é o de Tupãmirim, um ser divino que desce dos céus para completar a criação do mundo.



Mais do que uma história, trata-se de um conhecimento espiritual sobre como o mundo foi organizado, como os humanos surgiram e como a vida deve ser respeitada. Por meio dessa narrativa, mergulhamos em um universo em que tudo possui espírito, guardiões e significado.



O Caminho de Tupãmirim na Terra



Tupãmirim foi trazido do céu por sete anciãos — figuras que representam os conselheiros celestes. Luminoso, alado e etéreo, ele foi deixado na Terra com uma missão: finalizar a criação do mundo.



Ao chegar, Tupãmirim não dominava ainda os saberes da Terra. Ele aprendeu com os Ijar: os espíritos-mestres da pedra, da palmeira, da onça e da cobra. Cada um desses seres guardava um conhecimento sagrado, um modo de viver em harmonia com o planeta.



Esses seres, conhecidos também como -dja, eram os "donos" dos elementos:



Yvýdja — espírito da Terra



Yvyradja — espírito das árvores



Itadja — espírito das pedras



Yydja — espírito das águas



Ywyra’idja — espíritos auxiliares dos vegetais e animais



Nesse mundo encantado, nada é sem alma. Cada elemento natural é habitado por um espírito com função protetora e educativa. A existência humana depende da relação respeitosa com esses seres.



A Criação da Tribo, do Sol e da Lua



Depois de aprender com os mestres da natureza, Tupãmirim molda seu próprio corpo físico. Com uma cabaça, sementes e um pedaço de pau, ele cria a maraca sagrada. Este instrumento, ao ser agitado com canto ritual, transforma as sementes em crianças. Assim nasce a primeira tribo da humanidade.



A vida surge pelo som, pelo canto sagrado, e não apenas pela matéria. O verbo cria, a música gera, a vibração organiza o mundo.



Do mar, os anciãos fazem surgir uma menina — Kunhã Yacy, a primeira mulher da Terra. Juntos, Tupãmirim e Kunhã Yacy realizam o equilíbrio entre os dois polos da criação. Quando completam sua missão, ele transforma-se no Sol, e ela na Lua. Céu e Terra, masculino e feminino, calor e frescor: tudo encontra sua harmonia no ciclo sagrado do universo.



Considerações Finais



O mito de Tupãmirim e Kunhã Yacy nos mostra que, para os povos Tupi-Guarani, a criação do mundo não se deu por violência, mas por canto, aprendizado e respeito pelos espíritos da Terra. Cada pedra, cada rio, cada árvore tem um espírito que precisa ser honrado.



Em tempos de crise ecológica e desrespeito à Terra, essa sabedoria ancestral nos oferece caminhos de cura e reconexão. Escutar os mitos é escutar a voz da Terra, dos nossos ancestrais, e de nós mesmos.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 



CADOGAN, León. Ayvu Rapyta: Textos míticos, mágicos y otros de los Mbya Guaraní del Guairá. Asunción: CEADUC, 1997.



KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A Queda do Céu: Palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.



NIEMEYER, Véra Penteado. Mitos indígenas brasileiros. São Paulo: Paulus, 2001.



SILVA, Aracy Lopes da. “Os donos da terra: mitos e histórias indígenas”. In: CUNHA, Manuela Carneiro da (Org.). História dos Índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.



LÉVI-STRAUSS, Claude. O Pensamento Selvagem. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1976.




Autor: Nhenety KX




Consultado por meio da ferramenta ChatGPT (OpenAI), inteligência artificial como apoio para elaboração do trabalho, em 18 de abril de 2025 e a capa do artigo dia 20 de maio de 2025.




Nenhum comentário: