Há muito, muito tempo, quando o mundo ainda era tecido pelos fios invisíveis das histórias, existia, no coração do rio Opará, uma aldeia onde as mulheres moldavam o barro com a força dos seus ancestrais. Elas eram verdadeiras feiticeiras da terra e da água: com as mãos macias e firmes, transformavam simples argila em potes, panelas, moringas e cuias que pareciam ter alma própria!
Essas mulheres eram heroínas silenciosas: Lurdes Poité, que moldava potes tão perfeitos quanto a lua cheia; Luiza Binga, cujas panelas podiam suportar o fogo mais ardente; Júlia Muirá, que fazia pequenas moringas para guardar os segredos do rio; Laudilina Suíra e Maria Soya, que trabalhavam lado a lado, enquanto contavam histórias que faziam o tempo passar mais rápido.
Quando o barro endurecia ao sol e o vento do Opará o acariciava, chegava a vez dos grandes mestres do fogo entrarem em cena. O velho cacique Nidé, de olhos brilhantes como carvões acesos, e Batité, senhor das chamas, preparavam a fogueira sagrada onde as peças eram queimadas até ganharem força e cor. O fogo subia alto, dançava como serpente, e o povo sabia que mais uma missão estava prestes a acontecer.
Então, chegava a hora da grande aventura!
Todas as peças eram cuidadosamente organizadas na canoa gigante, feita de tronco forte e alma leve: Ubacródzu, que, na língua dos Kariri-Xocó, significa “A Canoa do Porto das Pedras”. Ela era mais do que uma embarcação — era um ser vivo, um monstro gentil do rio, com dois panos enormes que pareciam asas de pássaro.
O piloto, Firmino Muirá, o navegador mais valente de todos, erguia o remo como se fosse uma espada e conduzia a Ubacródzu pelas águas misteriosas do São Francisco. As mulheres subiam a bordo com seus cestos cheios de cerâmica e esperança. Partiam então para sua jornada mítica, enfrentando correntezas bravas, ventos teimosos e até a chuva que, às vezes, queria brincar de molhar tudo.
A cada parada nas cidades ribeirinhas, elas trocavam seus tesouros de barro por farinha fofa, galinhas cacarejantes, feijões coloridos, mangas doces como o verão e jacas enormes. O povo as esperava com alegria, pois sabiam que com elas sempre vinham histórias e presentes do outro lado do rio.
Mas a parte mais bonita desta epopeia era sempre o retorno!
Na aldeia, as crianças — pequenas sentinelas de pés descalços — ficavam no alto do barranco, os olhos atentos como os de águias, esperando o momento mais mágico de todos: o instante em que, na curva do rio, surgia, imponente e majestosa, a silhueta da Ubacródzu!
E então o grito ecoava:
— A canoa dos portos chegou! A canoa dos portos!
Era um alvoroço de alegria! As mães corriam, os pais sorriam, os velhos acenavam com seus cajados, e as crianças desciam o barranco correndo, tropeçando e rindo, para ajudar a descarregar a canoa, que agora estava cheia de novos alimentos, novas cores e novas histórias.
E assim, a cada viagem, a Ubacródzu não apenas levava e trazia coisas, mas costurava com suas idas e voltas a memória viva do povo Kariri-Xocó. E dizem — ah, dizem mesmo! — que até hoje, quando o vento sopra forte e o rio canta mais alto, se você prestar muita atenção, pode ouvir lá longe, como um sussurro encantado:
— A canoa dos portos chegou!
E assim termina, ou melhor, continua para sempre, a lenda épica da Ubacródzu, a canoa do porto das pedras, a heroína das águas do Opará!
Autor: Nhenety KX
Consultado por meio da ferramenta ChatGPT (OpenAI), inteligência artificial como apoio para elaboração do trabalho da capa no dia 31 de maio de 2025.
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