quinta-feira, 31 de julho de 2025

IEENDE-CRÚ-UNÁ E O GROU DE COROA DOURADA






Uma Fábula Sobre a Andorinha e o Grou de Coroa Dourada


Era uma vez uma ave de cauda repartida, chamada Ieende-crú-uná, a Andorinha-do-mar-ártica, que cruzava os céus com leveza e sabedoria. Conhecida como ave viajante, ela era respeitada pelos que habitavam os ventos, pois carregava histórias dos quatro cantos do mundo.


Certo dia, em sua longa jornada, Ieende-crú-uná pousou sobre a savana árida da África. O sol dourava a terra seca, e dali ela avistou uma figura majestosa: era o Grou-coroado-cinzento, com uma coroa de penas douradas a brilhar sob o céu.


— Olá, ave elegante de coroa dourada! Moras nestas terras quentes e secas? — perguntou a andorinha com respeito.


— Sim, nobre viajante dos ares — respondeu o Grou com voz tranquila. — Meu povo vive entre o leste do Congo e Uganda, somos conhecidos também em Angola e por toda a África Austral.


A Andorinha olhou com encanto:


— És uma das aves mais belas que já vi. Teu corpo cinza reluz sob o sol, tuas asas brancas dançam com o vento, e tens penas pretas e marrons como se fosses pintado pela natureza. Teu rosto é claro como nuvem, e essa bolsa vermelha em tua garganta te faz ainda mais singular.


O Grou sorriu e, com generosidade, ofereceu pequenos peixes colhidos de uma das poucas águas que restavam na savana.


— Obrigado, Ieende-crú-uná. Tua visita alegra este solo seco. Aqui, mesmo com tão pouca água, aprendemos a viver com o que temos e a dividir com os que passam.


A Andorinha agradeceu com reverência, e antes de partir disse:


— Levo contigo uma lição: mesmo em terras áridas, há beleza, gentileza e partilha.


E alçou voo, sumindo no horizonte, levando consigo mais uma história a ser contada.


Moral da fábula: Quem viaja pelo mundo aprende que a verdadeira riqueza está em saber acolher e partilhar, mesmo com pouco.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 





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