quinta-feira, 28 de agosto de 2025

TUCURA E Y-APUÃ, O Gafanhotão e a Sopradora-d’Água






A Fábula do Gafanhotão e a Libélula


Nas terras onde a floresta encontra o rio, vivia Tucura, o gafanhotão.

Suas asas eram fortes como folhas secas ao vento,

e seu apetite não tinha fim: devorava folhas verdes, brotos, até mesmo plantas dos roçados dos homens.


Tucura se orgulhava da sua força e dizia:

— Eu sou o dono da terra! Sem mim, a mata não conhece quem manda.


Um dia, pousou perto dele uma pequena criatura de asas brilhantes,

que refletiam a luz como se fossem cristais verdes.

Era Y-apuã, a sopradora-d’água,

que voava leve sobre as lagoas e riachos, tocando a superfície com o sopro de suas asas.


Tucura riu alto:

— Que podes tu, pequena e frágil? Eu sou grande, salto alto e como o que quero. Tu não passas de um brinquedo do vento!


Mas Y-apuã não se irritou.

Com a calma de quem conhece o tempo e a água, respondeu:

— Grande és no corpo, Tucura, mas pequeno és na visão.

Tu vives da terra, mas não vês o rio.

Tu comes as folhas, mas não sabes que sem a água que protejo, nada verde brotaria.


Tucura se enfureceu:

— Quem és tu para me desafiar?


Então Y-apuã voou baixo, sobre o espelho do rio.

Ali, mostrou a dança de sua espécie:

devorava mosquitos, limpava o ar, protegia as águas.

— Vês? Eu sou guardiã do que corre e do que nasce.

Sem mim, o ar seria cheio de pragas, e o rio, doente.

Tu comes por viver, mas eu caço para equilibrar.


O gafanhotão ficou em silêncio.

Nunca havia pensado que seres pequenos também guardavam grande poder.


No fim do dia, Tucura disse com humildade:

— Y-apuã, aprendi contigo que cada ser tem sua força,

e que não é no tamanho que se mede a importância.

A terra precisa de mim, mas também da água e do ar que tu proteges.


E desde então, a floresta passou a ouvir dois cantos:

o estrondo das asas de Tucura saltando pelos campos,

e o sopro suave de Y-apuã dançando sobre os rios.


✨ Moral da fábula


Na natureza, ninguém é dono de tudo.

O grande precisa do pequeno, assim como a terra precisa da água e do ar.

Cada ser tem seu lugar no equilíbrio do mundo.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




🌿 TUCURA E Y-APUÃ, O Gafanhotão e a Sopradora-d’Água


Cordel em sextilhas – Por Nhenety Kariri-Xocó


Na beira da mata densa,

Onde a água faz morada,

Saltava o grande Tucura,

De asas sempre alongadas.

Dizia ser dono do chão,

Da folha verde e da estrada.


Num sopro leve do vento

Surgia Y-apuã,

Libélula verde e bela,

Que brilhava como a manhã.

Dançava sobre as lagoas,

Guardiã do rio e da rã.


Tucura riu e falou:

— “És pequena e sem valor!

Eu como tudo que vejo,

Sou da mata o protetor.

Tua asa frágil não serve,

Eu sou mais forte e maior!”


Y-apuã respondeu calma:

— “Tu és da terra, eu do ar.

Sem mim, os rios adoecem,

Não terás o que mastigar.

Pois o verde só floresce

Com a água a circular.”


Mostrou caçando insetinhos,

Mantendo o espaço limpo,

Deixava o ar respirável,

Protegia todo o pinto.

Enquanto Tucura pensava:

“Pequena, mas és distinto.”


No fim, o gafanhotão

Reconheceu sua lição:

— “Não é no tamanho do corpo

Que mora a grande razão.

A mata vive em equilíbrio,

E cada um tem sua função.”


🌟 Moral em versos


Grande e pequeno se unem

Na harmonia da criação,

Pois só com todos juntos

Se sustenta a tradição.

Na água, no ar e na terra

Vive a força da união.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 






Nenhum comentário: