sábado, 6 de setembro de 2025

ARACAMBÉ E A MUSSURANA, Os Comedores de Serpentes






A Fábula do Furão e a Cobra-preta


Num certo dia ensolarado, um grupo de furões caminhava pelo campo em busca de alimento. Entre eles, seguia o jovem mais afoito, que corria de um lado para o outro farejando cada rastro.


De repente, seus olhos brilhantes avistaram algo se movendo na relva: uma cobra preta, elegante e forte. Sem pensar, o pequeno furão lançou-se sobre ela e, com rapidez, a agarrou para devorar.


Mas antes que a situação se agravasse, o líder da turma, o sábio Aracambé, ergueu a voz firme:


— Pare já, jovem caçador! Essa não é uma cobra qualquer. Esta é a Mussurana, a guardiã da floresta.


O pequeno furão recuou, confuso, enquanto a cobra permanecia calma, observando.


Aracambé continuou:


— Enquanto nós, furões, caçamos para manter a mata em equilíbrio, a Mussurana cumpre outra missão sagrada. Ela devora cobras venenosas, como jararacas e cascavéis, protegendo a vida dos animais e também dos humanos. Se a devorarmos, quem fará a limpeza do campo?


O jovem furão baixou a cabeça, envergonhado. A Mussurana, tocada pela sabedoria do líder, agradeceu:


— Aracambé, tu és justo e reconheces o meu papel. A partir de hoje, seremos aliados nesta grande tarefa de guardar a floresta.


Desde então, os furões e a Mussurana passaram a se respeitar, caminhando lado a lado no ciclo da vida.


Moral da Fábula


Na natureza, cada ser tem seu papel. O equilíbrio só existe quando há respeito entre aqueles que compartilham a mesma terra.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 



ARACAMBÉ E A MUSSURANA, Os Comedores de Serpentes

( Versão Cordel Sextilhas  )


Na beira de um rio sereno,

Furões andavam ligeiro,

Procurando a boa caça,

Seguindo sempre o roteiro,

Quando um jovem apressado

Avistou cobra primeiro.


Saltou com toda coragem,

Pronto pra fazer o banquete,

Mas o sábio Aracambé

Levantou-se em tom discreto:

— Essa cobra é Mussurana,

Não lhe faças tal desfeita!


Ela é a guardiã da mata,

Que limpa campo e clareira,

Devora cobras venenosas,

Mantendo a vida inteira.

Se a mata perde esse auxílio,

A floresta fica à beira.


O jovem, então, recuou,

Guardando dentro a lição,

Que na vida da floresta

Cada um tem sua função.

E a cobra agradecida

Fez do Aracambé irmão.


Desde esse dia ficaram

Unidos na caminhada,

Furões e Mussurana,

A floresta respeitada.

Pois só com equilíbrio justo

A vida é preservada.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 





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