
Poucos meses depois da ocupação da Fazenda Sementeira pelos Kariri-Xocó,enfrentamos uma grande enchente em 1979, alagando todo o Baixo São
Francisco, ficamos ilhados, ficava difícil para tudo, trabalhar,
plantar, estudar. Os índios que estudavam no Ginásio São Francisco na
cidade de Porto Real do Colégio, tinham que atravessar nadando ou pegar
uma canoa do Sr. Arnaldo alugada pelo prefeito para transportar os
alunos. Na vida diária agente saia para coletar mangas, pegar preá (
roedor) comestível para saciar a fome. Recebemos doação de alimentos da
Defesa Cívíl, óleo, arroz, café, leite, fubá de ilho e feijão. Quando eu
Nhenety e meus colegar do curso ginasial Djalma, Lenoir, Cesar Giri,
Elizabete, José Cruz, fazia-mos um mingal de maça de milho era gostoso
que só. O peixe era abundante no período da cheia, os homens saiam com
as tarrafas ( artifício de pesca) para lancear na captura do pescado,
pegavam em grande quantidade, assim as coisas foi melhorando na
alimentação. Neste mesmo ano da enchente do rio morreram o índio João
Aniceto e Benedita de Souza mãe do cacique Cícero Santiago, mas foi por
velhice mesmo. Tivemos também vacinação contra a Febre Amarela, as
crianças tinha medo da picada da agulha, mas os adultos encorajavam,
porque era para nossa saúde.Na Vázea do Itiúba projeto de irrigação de plantação de arroz foi todo alagado pelas águas do Rio São Francisco, nesta área tinha cerca de 40 parceleiros ( proprietários de lotes ) que eram índios Kariri-Xocó, que perderam suas colheitas, ficando em situação difícil para pagar as dívidas assumidas no plantio da safra. Com muita reivindicação junto ao Governo Federal pela FUNAI , a dívida dos índios Kariri-Xocó foi perdoada por causa da enchente e tudo foi ficando melhor a situação da comunidade. Nhenety Kariri-Xocó.
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