quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

ENCHENTE DO RIO

    Poucos meses depois da ocupação da Fazenda  Sementeira pelos Kariri-Xocó,enfrentamos uma grande enchente em 1979, alagando todo o Baixo São Francisco, ficamos ilhados, ficava difícil para tudo, trabalhar, plantar, estudar. Os índios que estudavam no Ginásio São Francisco na cidade de Porto Real do Colégio, tinham que atravessar nadando ou pegar uma canoa do Sr. Arnaldo alugada pelo prefeito para transportar os alunos. Na vida diária agente saia para coletar mangas, pegar preá ( roedor) comestível para saciar a fome. Recebemos doação de alimentos da Defesa Cívíl, óleo, arroz, café, leite, fubá de ilho e feijão. Quando eu Nhenety e meus colegar do curso ginasial Djalma, Lenoir, Cesar Giri, Elizabete, José Cruz, fazia-mos um mingal de maça de milho era gostoso que só. O peixe era abundante no período da cheia, os homens saiam com as tarrafas ( artifício de pesca) para lancear na captura do pescado, pegavam em grande quantidade, assim as coisas foi melhorando na alimentação. Neste mesmo ano da enchente do rio morreram o índio  João Aniceto e Benedita de Souza mãe do cacique Cícero Santiago, mas foi por velhice mesmo. Tivemos também vacinação contra a Febre Amarela, as crianças tinha medo da picada da agulha, mas os adultos encorajavam, porque era para nossa saúde.Na Vázea do Itiúba projeto de irrigação de plantação de arroz  foi todo alagado pelas águas do Rio São Francisco, nesta área tinha cerca de 40 parceleiros ( proprietários de lotes ) que eram índios Kariri-Xocó, que perderam suas colheitas, ficando em situação difícil para pagar as dívidas assumidas no plantio da safra. Com muita reivindicação junto ao Governo Federal pela FUNAI , a dívida dos índios Kariri-Xocó foi perdoada por causa da enchente e tudo foi ficando melhor a situação da comunidade. Nhenety Kariri-Xocó.
























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