domingo, 5 de maio de 2013

ALIMENTO NO TEMPO DA FOME

Mandacarú
 

Velho Pé de Umarí
Em período de crise os Kariri-Xocó, saem a procura do suprimento alimentar, para atendendo apelos da família. As mulheres saem para as lagoas, a procura de caramujo, as crianças sobem nas árvores do mari, tiram os frutos para cozinhar na panela de barro. O prato que irá fazer é “ Bobó de Caramujo “ com mari cozinhado e pisado no pilão. Esse alimento tem gosto amargo, mas mata a fome de quem não tem nada para comer. Outra alternativa é coletar inhame brabo do mato, homens sai para a floresta do ouricuri, encontra a rama tipo cipó, cavam o chão e retira o bulbo tão apreciado pela necessidade de comer. O inhame do mato é levado para casa, lavado , tira a casca, coloca no fogo em panela de barro, com sal, até cozinhar. Pode ser comigo com caças silvestres, teiú, tatu e preiá. O milho torrado no fogo, em caco de pote, pode ser pisado no pilão, formando uma paçoca, substituindo a farinha de mandioca. O mel da abelha substitui o açúcar, quando falta, adoça os alimentos amargos, dar gosto , além de nutrir as crianças frágeis, misturando com frutas, como mari, e jenipapo. Temos frutas pequeninas que encontramos nas margens das lagoas, são a “ mata-fome “, pequenas e vermelhas, comemos sua fruta de maça branca, temos goití de porco, encontrado perto do rio. Os peixes que comemos em tempos de crise é a bruxí ( pequeninos alevinos ), cuíte ( maior que alevinos), tem gosto amargo, estes alimentos aparecem em fevereiro. Além destes alimentos temos o muçu, um tipo de enguia, que encontramos na lagoa, é cozinhada como peixe, pode ser comida na farinha de mandioca, quando dispomos. Essa fase de nossa vida de comer estes alimentos, aconteceu até 1977, mas alguns indígenas utilizam raras vezes, em emergência, foi aparecendo o trabalho na região, e os índios melhoraram as condições de vida. A índia Fulni-o Emília Seferino da Cruz que fora casada com Júlio Fernandes índio Kariri-Xocó, morou 40 anos aqui em nossa aldeia, disse certa vez que a árvore Umarí é a sua " Mãe ", porque muitas vezes saciou a fome de sua família.Era comum as famílias se reunir ao redor de um pé de Umarí para coletar os frutos, levavam para casa e botava para cozinhar, quando estava pronto todo mundo comia. (    http://www.indiosonline.net/alimento_da_fome/   ).

Nhenety Kariri-Xocó.

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