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Feira de Porto Real do Colégio |
Moramos na Aldeia Kariri-Xocó, na Fazenda Sementeira 1 km da cidade de
Porto Real do Colégio, para chegar lá atravessamos uma ponte sobre o
Riacho da Lagoa Grande. Na sesta-feira de manhã, os índios vai á feira
no centro comercial, fazer suas compras para passar a semana. Na Praça
Ademário Vieira Dantas, fica cheia de barracas dos camelôs, vende de
tudo um pouco: roupa, farinha, feijão, açúcar, verdura, foice,faca,
lençól, rede, sapato, brinquedo, galinha, bode,ovelha, mel, rapadura,
jaca, cajú, melancia, laranja e bujigangas. Os feirantes vêm do interior
do município e das cidades circunvizinhas Propriá e Cedro de São João.
Chegam com seus produtos do sítios e fazendas da região, outros compram
para revender da Feira de Caruaru de Pernambuco. A Banca do Peixe fica
próximo ao Rio São Francisco, na rampa do quartel, canoas ancoradas no
porto.
Os consumidores compram vários tipos de peixes: Traíra, piranha,
bambá, crumatá, piau, tambaqui, tilápia, corvina e robalo. No meio da
feira estar os índios comprando seus produtos, no Açougue Municipal, tem
carne de boi e bode, carne de porco e ovelha, galinha e miúdo; tripa,
língua, bofe, passarinha e fusura, buchada, toucinho e fígado. Temos
carroças de burro para transportar, temos carros, motos táxi indígenas,
que pegam fretes conoscos. Levamos nossa sesta básica: Café,
açúcar,carne, farinha, óleo, verdura e fumo. Outros índios mais
remunerados, compram roupas,elétro-domésticos, bicicletas, traz muita
coisa na bagagem. Aqueles mais arrastados em condições financeiras, trás
pouca coisa na mão, mochilas de plásticos, bananas, andam á pé pelo
chão. A feira agora, tem produtos industrializados, roupas de nilon,
café empacotado, enlatados, com ingredientes químicos, que ofendem nossa
saúde. Antigamente na feira, os índios vendiam potes panelas de barro,
brinquedos de argila: bonecas de barro, boi, vaca, cama feita pelo velho
Pedro, indígena Xocó. Tinha moringa, balaio de cipó, abano, vassoura de
palha de ouricuri, esteiras de junco. As vezes encontramos na feira,
cantadores de embolada, violeiros desafiando o outro, curadores com
cobras valentes. Ouvimos curandeiros afamados, com banha de teiú, de
baleia, óleo de jaborandi, que cura reumatismos, úcera, dor de cabeça,
encombro e ussura. Esfarrapados mendigos, pedindo a moeda corrente. A
estrada fica cheia de gente, indo e voltando da feira, índios, matutos,
fazendeiros, dos povoados Sampaios e Tibiri, quando chega as 13:00 horas
da tarde, tudo estar terminado. As bancas e barracas, parecem um
deserto, o povo estão em casa, comendo o que comprou na feira. http://www.indiosonline.net/na_feira_da_cidade/ .
Nhenety
Kariri-Xocó.
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