Na retomada da Fazenda Modelo conhecida por Sementeira em 1978, os
índios Kariri-Xocó ocuparam as residências disponíveis no local,
funcionários da CODEVASF foram retirados da terra indígena. A população
indígena foi distribuída nos casarões antigos, galpões, báia, curral,
casas , escola outras famílias não tendo onde morar fizeram barracas.
Veja no blog as casas , http://kxnhenety.blogspot.com. br/2013/02/antigas-casas- kariri-xoco.html
, Entre as construções que encontramos no lugar: Casa Grande ,
Casarão Velho, Escola, Galpão da Antiga Fábrica de Arroz, Galpão da
Oficina Mecânica, Baia, Cocheira, Igrejinha, Casas dos Funcionários. Nas
residências ficaram muitas famílias morando , o momento era de mudança
para construção da Nova Aldeia, cada casa ocupada tem sua história para
ser contada pelos seu moradores, estes espaços residenciais tornaram-se
unidades social da comunidade naquele período de luta. A Casa Grande
ficou ocupada por 22 famílias agora mencionadas : Alírio e Maria de
Lourdes, Ivete e Antonio Cruz, Luiza Tenório e Família, Arnaldo e
Chica, Zé Brinquinho e Especília, Helena Tenório e Lucineide, Mané Galo e
Ianí, Antonio Tenório e Landa, Gena e Zeire, Dinalva e Juarez, Zé
Tenório e Givalda, Gergina e Família, Gringo e Antonia, Maria Vermelha e
Miguel, Cacique Cícero e Anália , Zé Gatinho e Eurides, Paulo Nunes e
Maria Véia, Zé Taré e Antonia ,temos ainda pessoas que eram
consideradas como família porque tinham filhos, Zefina, Vera, Roselita
fechando com Euda. Esta casa era bastante animada, os mais velhos
contavam histórias, os adultos saiam para pescar nas lagoas repletas de
peixes, no alpendre nos fundos da residência muitos fogos de lenha
acessos, tudo ali era repartido entre todos. Quando veio a enchente de
1979 ficamos ilhados , os meninos saiam para pegar mangas que tinha em
abundância na margem do Rio São Francisco, chegou alimento mandado pelo
governo amenizou a fome por uns dias. Os Jovens estudavam no Ginásio São
Francisco na cidade, foi alugada uma canoa para atravessar os alunos.
Quando chegamos da aula, nossos colegas Lenoir, Zé Birrinha, Dijalma e
eu Zé Nunes fazemos mingau de milho com leite em pó nosso jantar . Logo
após as águas baixar apareceu uma superpopulação de preás ( pequeno
roedores ) comestíveis nos arredores da Casa Grande, Davi e meu irmão
Antonio fizeram aratacas pegamos bastantes , nossas mães tirava o couro
do bicho era um prato favorito. O alpendre circundava toda a casa, a
noite armava as redes de dormir, outros forrava lençóis no piso,
esteiras, tapetes. Lembro que nos anos de 1980 Jaime trouxe um toca
disco e dançamos os sucessos da música popular brasileira. Na vitória
da conquista da terra foi feito um Toré na Casa Grande, Antonio Tinga
puxou o canto, muito emocionante, ver todas as pessoas das outras casas
chegar para comemorar. Chegou o projeto de construção de 110 casas em
1981, cada família deveria bater 10.000 tijolos, queimar e entrar com a
mão de obra, recebia do governo 10 sacos de cimento, madeira e telha.
As famílias que moraram na Casa Grande no começo foi de 1978 a 1981.
Em 1982 foi concluída a construção das casas,as famílias receberam suas
habitações, a Casa Grande ficou como sede do Posto Indígena Kariri-Xocó
até 2003 quando foi transferido para a cidade de Porto Real do Colégio.
Após a desativação do Posto Indígena na área outras famílias ocupam a
Casa Grande até chegar outro projeto de casas. As famílias que se
encontram morando na Casa Grande atualmente: Esso e Rita, Vânio e Cil ,
Galego e Esposa, Mudinha e Esposa, Zé Van e Esposa, Vânia de Zeire e
Esposo, Ara e filhos. Esta casa sempre acolheu as famílias desamparadas
de nossa aldeia, ainda hoje tem gente morando fazendo novas histórias .
Nhenety Kariri-Xocó.
Nhenety Kariri-Xocó.
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