Parte I
Boa tarde à todos!
Há um tempo Ari Loussant esteve com dúvidas sobre uma possível origem do número um e como se relacionava aos números 4 e 5 registrados no vocabulário de Martius. nesta dúvida foi respondida por Ari e hoje ele explicará o porquê disso. Decidindo separar em três partes pois os numerais ocuparão muito espaço desse texto.
Ao checar o vocabulário de Martius, se separando com os números dos dialetos que ele registrou (ele não especifica qual, porém eles se encontram na lista Cayriri, onde temos mais termos derivados do Pedra Branca do que o Sabuyá que se encontra logo abaixo):
*Numeri* : 1 liauigäboh.
2 liaui-thikanihüh.
3 liaui-thikani hühke.
4 ibichó.
5 ibichó.
Mamiani und Hervas (Idea dell Universo XX. p. 237) geben folgende Zahlen:
1 bihè.
2 wachani.
3 wachani-dikié.
4 sumarã-oróbae
5 my bihe misã sai (eine Hand)
misa = manus
6 myrepri bubihé misã sai (eins über die Hand)
7 myrepri wachani misã sai (2 u. d. Hand.)
8 myrepri wachanidikie misã sai (3 u. d. Hand.)
9 myrepri sumarã.
10 mycribae misa sai (alle Hände).
20 mycribae misa ideho iby sai (beide Hände und Füsse.)
tcoho oder buyo: multi.
cribae, cribune, wohoye --- omnes.
Aproveitando o que Ari estar discutindo estes números e já concluímos a gramática, creio que todos tenham memorizado alguns aspectos da criação de frases, portanto ele terá a oportunidade de explicar como funcionam os números da língua Kipeá, porém comecemos pelo Kamurú.
1) Liauigäboh: Como podemos ver, o número um é diferente do primeiro número dos dialetos Kariris do Norte como o Dzubukuá e o Kipeá: (liuai)gäboh. Iniciemos pela pronúncia deste número, o a com trema *ä* representa o mesmo que o nosso e aberto *é*, portanto Ari escreverá por conveniência *géboh*, o g é oclusivo como um *guerra*, o Kariri não possui o mesmo g que temos em *gente*, portanto continuarei escrevendo géboh, mas deve ser interpretado sempre como *guéboh*, a última sílaba *boh* é indeterminável no momento, não temos dados suficientes para chegar a uma conclusão sobre essa palavra, quais morfemas compõe ela e seu significado real, só posso afirmar que a sílaba tônica cai nessa sílaba por conta do -h final e que o *o* pode representar um o fechado (ô), um o aberto (ó) ou um schwa (ə).
2) Liauithikanihüh e Liauithikanihühke: Ari descreverá os dois, pois uma coisa interessante é notável neles. Superficialmente não se parecem, mas eles estão conectados aos números do dialetos nortenhos: witané e wachani. Como ? Notem que a única distinção entre eles é a sílaba -ke, a mesma que distingue o dois e o três no Kipeá e Dzubukuá: wachani vs wachanidikie e witané vs witanédike. O que os distingue dos outros são a palavra *liaui* que também aparece no início do número um (seu significado não é perceptível ainda, logo Ari publicará na sua hipótese), a sílaba *thi* e a sílaba *hüh*, vamos discutí-los:
a) HÜH: O mais fácil de quebrar é o -hüh, o mesmo sufixo epistêmico que surge no Kipeá (-hy) e no Dzubukuá (-hi), a descrição dada para ele no vocabulário de Rodrigues é de que é uma partícula que "se usa muito nas respostas, posta no fim da palavra, quando se responde com uma palavra só", comprovando que isto é uma locução como os números de 4 à 20 no Kipeá.
b) LIAUI: O mais difícil sendo Liaui, como Ari mencionou anteriormente haverá uma descrição mais detalhada quando eu descobrir quais são as palavras que estão dentro dela, porém prestem atenção no ui final, ele será importante para o argumento.
c) THI: Percebam que essa sílaba não surge no começo de *wachani* e *witane*, no entanto uma sílaba similar surge na penúltima sílaba do número três: witane*di*ke e wachani*di*kie (cujo também não surge no final dos números do Pedra Branca, apenas no começo), se esta é uma frase descrevendo algo para simbolizar quantidade, então di e thi podem ser a mesma partícula conjugando algo (sufixo -di do futuro), negando algo (-di/-dy de negação) ou talvez outra sílaba com um significado que ainda não foi identificada.
Com estes argumentos, nos sobram algumas sílabas importantes para manter nossa atenção: lia *ui* thi *kani* hüh *ke*, juntemos elas e teremos uikani(ke), se as línguas nortenhas tiverem sofrido algum processo de redução dos números ou as línguas do sul tiverem sofrido extensão na descrição dessa frase, isso explicaria a diferença superficial entre estes números, a reconstrução mais apropriada no momento seria *wɨ(di/tʰi)canV.
Autor da matéria: Ari Loussant
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