A primeira coisa que notei é que hemmummu aparece como substantivo hemmummu-te 'coisa de hemmummu', implicando ser um verbo. Nantes usa o substantivo 'abusão', sendo este sinônimo de 'superstição, ilusão, engano', obviamente uma influencia de sua percepção cristã, como Valdivino falou e eu concordo plenamente, essa palavra muito provavelmente se referia ao conceito da religião nativa do povo Kariri.
Se hemmummu é um verbo, podemos começar a desconstruir ele, vemos que mu-mu se repete e he vem no começo, portanto podemos inferir que é uma 'ação de mu-mu'. Estamos falando na língua Dzubukuá, cujo passou pelo processo fonético de s > h, portanto temos múltiplas raízes que batem com esse morfema:
he 'arriba, acima' caso esse possa ser o verbo 'arribar'
he 'corda' caso esse possa ser o verbo 'amarrar'
he 'transbordar, exceder', cognato de se do Kipeá (sebo, sewi)
he 'escorregar' cujo no Dzubukuá virou ehe 'fugir, escapar' (< *hehe)
he 'luz' caso esse possa ser o verbo 'iluminar'
he 'pintar, ungir'
he 'senhor, amo'
he 'cobertura' caso se de sebe 'cobertura do Kipeá derive de *se-be e não *ce-be e caso ele possa servir como verbo 'cobrir'
Sobre mu-mu, é possível que esse seja uma reduplicação da raiz mu 'raiz', reduplicações nas línguas Kariri normalmente indicam ênfase ou pluralização, portanto podemos inferir que mu-mu seria 'raízes', dos verbos que temos disponíveis, o que mais faz sentido seria he 'pintar, ungir' ou he 'cobertura' caso esse possa ser o verbo 'cobrir', portanto temos:
he-mu-mu 'pintar com as raízes'
he-mu-mu 'cobertura de raízes' > 'cobrir com raízes, religião Kariri'.
Autor da matéria: Suã Ari Llusan
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