quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

A ETIMOLOGIA DAS PALAVRAS DO CAURON E A PORCENTAGEM DOS COGNATOS


Aquiraz, Baikirás, Agoaki-rá ‘cobra comprida (?) (Albissetti, 1962, p. 185, 893, awagɨ ‘cobra’, rai ‘comprimento’)


Awa ‘altibaixos’ (Carvalho, 1987, p. 9, agûá ‘altibaixos’)


Away 'chocalho, maracá' (Courtz, 2008, p. 293, karawasi, kawai, awai 'chocalho, espécie de Thevetia')


Awamamune, Aguamamune, Awamamene, Aquamamune, Camamune, Aquemamune (Lachnit, 1986, 36, 69; Carvalho, 1987, p. 9, (a)gûá ‘altibaixos’ do Tupi Antigo + mame ‘onde’ + -ne ‘semelhante’ > agûa-mame-ne > awa-mame-ne ‘3-altibaixo-onde-semelhante’)


Acuma (possivelmente c = ç, visto o s nas outras variantes), Asuceme, Asumame, Asumeme ‘povo, gente (?) (Compare o nome dos Acimi na Ibiapaba, também Loukotka, 1937, p. 198, cemim, cumema ‘gente’)


-be 'com, contendo, sufixo comitativo' (Compare Courtz, 2008, 341, -pe 'com, contendo'; Loukotka, 1937, p. 200, mnim-pe ‘úmido’, lit.: ‘água-com’)


Bon, bum ‘ilha’ (Pompeu Sobrinho, 1951, p. 265; Curubon, Curubum ‘nome de uma ilha’, compare a ilha de Upaon-Açu, lit.: ‘ilha-grande’; Courtz, 2008, p. 341, pawu ‘ilha’)


Aracati  'muito rápido' (variante posterior de Orecatu, compare Courtz, 2008, p. 239, orekan, arekan, erekan ‘rapidez, velocidade’)


Cauron 'variante antiga do nome do rio Curu' (Courtz, 2008, p. 295, Kauru 'rio Courou (rio da Guiana Francesa)')


Conoribo, Coronibo ‘rio turvo’ (Compare com Albissetti, 1962, p. 766, kuru ‘líquido’, Courtz, 2008, p. 295, Kauru 'rio Courou (rio da Guiana Francesa)' e Loukotka, 1937, p. 207, marim ponam ‘escuro’ > mripon/mnipon > Cono-ribo/Coro-nibo)


Coruy ‘água (abundante), rio’ (Compare com Albissetti, 1962, p. 766, kuru ‘líquido’ e Courtz, 2008, p. 295, Kauru 'rio Courou (rio da Guiana Francesa)')


Coruybe ‘com água (abundante)’ (Compare com Albissetti, 1962, p. 766, kuru ‘líquido’ e Courtz, 2008, p. 295, Kauru 'rio Courou (rio da Guiana Francesa)'  + -pe ‘com’)


Curu ‘água (abundante), rio’ (Compare com Albissetti, 1962, p. 766, kuru ‘líquido’ e Courtz, 2008, p. 295, Kauru 'rio Courou (rio da Guiana Francesa)')


Curubon ‘nome de uma ilha (Ilhas de Chaval-CE ?) (Compare com Albissetti, 1962, p. 766, kuru ‘líquido’ e Courtz, 2008, p. 295, Kauru 'rio Courou (rio da Guiana Francesa)'  + pawu ‘ilha’)


Curubu ‘Rio Trairí’ (Compare com Albissetti, 1962, p. 766, kuru ‘líquido’ e Courtz, 2008, p. 295, Kauru 'rio Courou (rio da Guiana Francesa)'  + pun-ka ‘remover a carne’, tradução do Tupi taraíra)


Curujune ‘rio turvo’ (Compare com Albissetti, 1962, p. 766, kuru ‘líquido’, Courtz, 2008, p. 295, Kauru 'rio Courou (rio da Guiana Francesa)' e Lachnitt, 1987, p. 28, dzu ‘turvo, escuro’ + -ne ‘agentivo’, assim, curu-ju-ne ‘água-turvo-AG’ ou ‘que é água de aspecto escuro’)


Dequeamamene ‘que é local de altibaixos’ (Lachnit, 1986, 36, 69; Carvalho, 1987, p. 9; de- ‘3ª pessoa’ + (a)gûá ‘altibaixos’ do Tupi Antigo + mame ‘onde’ + -ne ‘semelhante’ > de-gûa-mame-ne > de-quea-mame-ne ‘3-altibaixo-onde-semelhante’)


Estaju 'ser escaldante' (Courtz, 2008, aset- 'reflexivo/reciprocativo' + aju 'escaldar')


Jemame (Gemame, 1666) ‘que é local de altibaixos’ (Evolução de deceamamene)


Deli ‘nome registrado pelos holandeses das Serras do Ceará’


Josari ‘cacho(s) (de)’ (Tradução do afluente do Rio Timonha, Ubatuba ‘abundante em ubás’, Albissetti, 1962, p. 998, enari ‘cacho’))


Munaseri ‘(lugar) novo de pegar tubérculos’ (Courtz, 2008, muna ‘pegar tubérculos’; asery ‘novo’)


Orecatu 'coisa rápida' (Courtz, 2008, p. 239, orekan, arekan, erekan ‘rapidez, velocidade’ + -tu ‘nominalizador (?)’')


Pesen (Pecém) 'linha de fronteira horizontal' (Courtz, 2008, pe, peje 'linha de fronteira horizontal')


Po-noné 'Serra de Ibiapaba’ (Albissetti, 1962, p. 278, 812, bo ‘rachadura’ + no, né ‘ponta’, semelhante ao yby-apab-a ‘terra fendida (fendida de fenda, rachadura)’)


Ribo, nibo (Loukotka, 1937, p. 207, marim ponam ‘escuro’ > mripon/mnipon > ribo/nibo)


Seara, Siara ‘Rio Ceará’ (Albissetti, 1962, p. 594, 892, ia ‘boca, abertura’, ra ‘descida’) 


Siebeba, Siebba ‘sem frutos’ (Courtz, 2008, p. 264, j-epe-pa ‘sem frutos’)


Siupe, Siope ‘(ele é/tem) fruto, fruta’ (Courtz, 2008, p. 330, j-ope ‘fruto, fruta’)


Sosara ‘cacho(s) (de)’ (Tradução do afluente do Rio Timonha, Ubatuba ‘abundante em ubás’, Albissetti, 1962, p. 998 enari ‘cacho’)


Temona ‘escuro’ (Loukotka, 1937, p. 206, tamariponam, por meio de: tamriponam > tam(r)ponam > tamona > temona (forma antiga do nome atual de Timonha, cujo possui a variante Tamonha registrada))


Wasapuyna, Waspuyna ‘feito pelos Wase’ ( wase ‘indígena, mata, floresta’, cognato do Kariri wanye ‘floresta, mata, indígena’, do Pankararú main-ê ‘mata’, do Boróro boe ‘coisa, indígena Boróro’ e do Puri-Coroado mae de maekü ‘milho’ (< Nikulin, 2020, p. 8, *bõ-cy ‘mato-semente’); A segunda palavra é puy ‘fazer’ + -na ‘predicativo’, cognato do Puri-Coroado puy de guara puy ‘construir (casa fazer)’ e do sufixo -na ‘predicativo’, assim puy-na ‘feito, construído’)



Existem ao todo cerca de 36 morfemas diferentes documentados da língua dos Topônimos da Costa Cearense, cerca de 8 morfemas com cognatos no Boróro (sendo que dois ainda precisam de uma reanálise: ia e ra > sia-ra ‘Ceará’), cerca de 16 cognatos com o Kaliña (tronco Caribe) e cerca de 8 cognatos do Puri-Coroado e 4 cognatos do Akuwẽ (Jê Cerratense), isso nos indica que temos:


44% de vocábulos com cognatos Kaliña (Caribe)

22% de vocábulos com cognatos Boróro

22% de vocábulos com cognatos Puri-Coroado

11% de vocábulos com cognatos Akuwẽ (Macro-Jê > Jê Cerratense) 






Autor da matéria: Ari Llusan 


Nenhum comentário: