A palavra Maxakli para 'não-indígena', comparo aqui com o aijo do Masakará _*agkuschuo aijo*_ 'indígena'
A palavra para 'não-indígena' do Botocudo (Krenak), comparo com _*agkuschuo*_ do Masakará
No documento de Loukotka (1932, p. 508), ele compara esse composto Masakará com a palavra Maxakalí idkuxen 'Botocudo'
Perceba que id-kuxen pode ser comparado com o Botocudo kujo ra 'não Botocudo', indicando que o significado dessa palavra era, mais aproximadamente, algo como 'estrangeiro, indígena de tribo estrangeira', que logo foi se especializando dependendo do contexto e da língua.
Esse caso de um povo ser chamado de 'estrangeiro' em outras línguas, mas usar essa mesma palavra 'estrangeiro' para se definirem aconteceu várias vezes no Brasil. Posso citar de cor:
1) Os Akuwẽ, cujo a palavra no Jê Setentrional (kubẽ, kupẽ, kuwẽ) significa 'estrangeiro, branco'.
2) Os Guarayo, cujo a palavra no Xavante (waradzu) e no Boróro (barae) significa 'não-indígena'.
3) Os Arayó do Maranhão, parentes dos Tremembé e Puri-Coroado, estes últimos que usam a palavra arayó para 'homem branco'
4) Os Tobajara, cujo o nome se confunde entre tobaîara 'inimigo', t-oba îara 'senhor da face' e taba îara 'senhor da aldeia', o primeiro significado sendo atestado em documentos coloniais como um caso de exônimo por parte dos Tupinambás, cujo os Tobajara também chamavam de tobaîara 'inimigo', ficando os dois se chamando por esse nome.
5) O exemplo que demonstro aqui para vocês do Masakará
Autor da matéria: Ari Llusan
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