quarta-feira, 12 de março de 2025

DIGLOSSIA DO TEREJÊ

 


Recentemente falei sobre uma teoria sobre a palavra pikwa 'homem', significando 'aqueles que vieram' e a palavra para 'mulher' sendo cognata dessa palavra circulada do Cayapó do Sul:


C. do Sul insipiá vs Xokó: aspikiá


Percebo que a língua faz uma distinção na fala entre homem e mulher, como os Karajá fazem, onde as mulheres preservaram a língua e sua gramática, de origem do Cayapó do Sul e os homens preservaram o léxico Arawak. 


Isso explica porque temos a palavra ati'a 'fogo' e xaki-xa/atsá 'fogo' do Baure jaki- 'fogo, lenha', as palavras estavam sendo faladas por gêneros diferentes, isso também explicaria o porquê de termos a documentação no Wakonã de três pronomes de origem Arawak diferentes: w- 'nós' (w-ako-nan), j- 'ele' (j-ako-nan) e (i)n- 'eles' (n-ako-nan, in-aka-nan), mas ao mesmo tempo tendo um pronome que não corresponde com esses, que é do Cayapó do Sul, que é preservado em a-ti-'a como ti- 'ele(a)', que forma verbos no Cayapó.


Assim concluo que as línguas Xokó e Natú possuíam diglossia com base no gênero, assim como o Garifuna moderno e o Karajá possuem, e o Sumério possuía.





Autor da matéria: Suan Kariri



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