Aldeias Fortificadas do Norte de Portugal
Resumo
Este artigo analisa a influência das aldeias fortificadas conhecidas como castros, especialmente na região do noroeste da Península Ibérica, e seu papel na formação cultural e histórica do norte de Portugal. Aborda-se a origem e a localização dos castros, com destaque para o Castro de Santa Trega, e as conexões entre essas estruturas e a toponímia portuguesa, como o nome “Portugal”, derivado de “Portus Cale”. O estudo também apresenta uma breve análise dos povos celtas, galaicos e lusitanos, discutindo a herança castreja no território português.
Palavras-chave: castros; cultura castreja; celtas; Portus Cale; norte de Portugal.
1. Introdução
As origens da identidade cultural portuguesa estão profundamente enraizadas nos antigos povos que habitaram a Península Ibérica antes da chegada dos romanos. Dentre essas populações, destacam-se os celtas e os galaicos, que construíram aldeias fortificadas conhecidas como castros, especialmente nas regiões montanhosas do noroeste da península. Tais estruturas não apenas serviam como habitações e pontos de defesa, mas também simbolizam uma organização social e cultural sofisticada. Este artigo busca investigar a influência dessas aldeias fortificadas na formação cultural do norte de Portugal, destacando o papel dos castros na construção da identidade territorial e toponímica portuguesa.
2. Desenvolvimento
2.1. Os castros e a cultura castreja
Os castros eram povoados fortificados, normalmente situados no topo de colinas, característicos da Idade do Ferro e da fase de romanização no noroeste da Península Ibérica. Faziam parte da chamada cultura castreja, cujas comunidades tinham um modelo social tribal, com estruturas defensivas de pedra e planta circular. Estes assentamentos foram ocupados por povos celtas e pré-romanos, como os Callaeci (ou galaicos), estabelecidos na atual Galiza, norte de Portugal, Astúrias e Leão (GARCÍA QUINTELA, 2001).
2.2. O Castro de Santa Trega
Um dos exemplos mais emblemáticos da cultura castreja é o Castro de Santa Trega, localizado em A Guarda, na província de Pontevedra, Galícia (Espanha). Este sítio arqueológico encontra-se a apenas 3 km da fronteira com Portugal, no distrito de Viana do Castelo. A proximidade do castro com o território português revela fortes vínculos culturais entre as populações galaicas e as do norte de Portugal, evidenciando a extensão da cultura castreja para além das fronteiras políticas modernas (REIMERS, 2004).
2.3. A origem do nome “Portugal” e o castro de Cale
A origem do nome “Portugal” remonta à antiga cidade de Portus Cale, localizada na foz do rio Douro, onde hoje se encontram o Porto e Vila Nova de Gaia. Acredita-se que Cale tenha sido um castro situado na margem sul do rio Douro, habitado por povos galaicos (MATTOSO, 1997). O termo Portus foi adicionado durante a ocupação romana, designando o porto de Cale (Portus Cale), que com o tempo evoluiu para Portucale, e posteriormente Portugal. Embora a teoria de que Cale tenha origem celta seja amplamente aceita, ainda há debates entre historiadores e linguistas sobre a exata etimologia do termo.
2.4. Celtas, lusitanos e galaicos
Os celtas chegaram à Península Ibérica por volta do século IX a.C., misturando-se com os povos ibéricos e originando os chamados celtiberos. No noroeste da península, formaram-se os galaicos, um grupo celta ou celtizado. Os lusitanos, povo celta de forte influência ibérica, habitaram a região central do atual território português e são considerados antepassados diretos dos portugueses. Todos esses povos contribuíram para a construção da identidade cultural de Portugal, cujas raízes se encontram entrelaçadas com a cultura castreja (SILVA, 2011).
3. Considerações Finais
A presença de castros em regiões próximas ao atual território português, como o Castro de Santa Trega, demonstra que a cultura castreja exerceu forte influência no norte de Portugal. Além do aspecto material, representado pelas construções fortificadas, há também um legado cultural, social e simbólico que perdura na identidade portuguesa. A cidade de Portus Cale, possível herança de um castro celta, não só originou o nome do país, como evidencia a profunda conexão entre a cultura castreja e o nascimento de Portugal. Portanto, compreender os castros é essencial para entender as bases históricas e culturais do país.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GARCÍA QUINTELA, Marco V. La cultura castreña: el mundo de los castros galaicos. Madrid: Síntesis, 2001.
MATTOSO, José. História de Portugal: A formação da nacionalidade (vol. 1). Lisboa: Editorial Estampa, 1997.
REIMERS, E. Santa Trega: arqueología y cultura castreña. Vigo: Ediciones Xerais, 2004.
SILVA, Armando Coelho Ferreira da. Povos Pré-Romanos de Portugal. Lisboa: Editorial Presença, 2011.
Autor: Nhenety KX
Consultado por meio da ferramenta ChatGPT (OpenAI), inteligência artificial como apoio para elaboração do trabalho, em 15 de março de 2025.
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