terça-feira, 1 de abril de 2025

AS CAPITANIAS DO NORDESTE ORIENTAL 1534 a 1822


A Capitania de Pernambuco, criada em 1534, abrangia originalmente os atuais estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas e o Oeste da Bahia. Com o passar do tempo, algumas dessas áreas foram desmembradas e se tornaram capitanias independentes. Veja as datas de criação das capitanias que se tornaram independentes entre 1535 e 1822:

1. Capitania da Paraíba – Criada em 1574 e efetivamente implantada em 1585.

2. Capitania do Rio Grande (atual Rio Grande do Norte) – Criada em 1597 e estabelecida em 1633.

3. Capitania do Ceará – Criada em 1680, mas efetivamente implantada em 1799.

4. Capitania de Alagoas – Criada em 1817, separando-se de Pernambuco.

O Oeste da Bahia permaneceu parte da Capitania da Bahia, e Pernambuco permaneceu como unidade principal até a independência do Brasil, em 1822.

Esses estados que fizeram parte da Capitania de Pernambuco compartilham diversas semelhanças culturais devido ao passado comum. Esse vínculo histórico influenciou tradições, expressões artísticas, culinária, festas populares e até mesmo aspectos do modo de falar. Algumas dessas influências incluem:

1. Língua e Expressões – O sotaque nordestino tem traços em comum, especialmente entre Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Alagoas. Muitas expressões típicas foram preservadas e adaptadas regionalmente.

2. Culinária – Pratos como a carne de sol, o bolo de rolo, a tapioca, o cuscuz e a feijoada nordestina são consumidos em todas essas regiões, com variações locais.

3. Festas Populares – O São João é um dos exemplos mais fortes dessa herança compartilhada, sendo celebrado com intensidade nesses estados. O maracatu, o frevo e o forró são manifestações culturais que, apesar de mais fortes em algumas áreas, têm raízes comuns.

4. Influência Indígena, Africana e Europeia – A miscigenação desses povos na época colonial moldou a cultura local. A presença de quilombos, a musicalidade e até mesmo as crenças populares refletem essa mistura.

5. Economia e Agricultura – O cultivo da cana-de-açúcar foi uma atividade central na Capitania de Pernambuco e influenciou a economia dos territórios que dela se desmembraram.

6. Aspectos Históricos e Políticos – Movimentos como a Revolução Pernambucana de 1817 e a Confederação do Equador de 1824 refletiram ideais que se espalharam por esses estados, mostrando que o sentimento de unidade persistiu por muito tempo.

Mesmo com o passar dos séculos e o desenvolvimento de identidades regionais mais específicas, essas conexões históricas ainda são perceptíveis na cultura popular e na identidade nordestina como um todo.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 


Livros


1. ANDRADE, Manuel Correia de. A Terra e o Homem no Nordeste. São Paulo: Editora Atlas, 1986. – Aborda a formação geográfica e histórica da região, incluindo a influência das capitanias.

2. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Capítulos de História Colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. – Explora o período colonial, incluindo a organização das capitanias hereditárias.

3. GILBERTO FREYRE. Casa-Grande & Senzala. 48ª edição. São Paulo: Global, 2006. – Analisa a influência da cultura indígena, africana e europeia na formação social e cultural do Nordeste.

4. MELLO, Evaldo Cabral de. O Norte Agrário e o Império (1871-1889). São Paulo: Editora 34, 2003. – Discute a organização econômica e política do Nordeste após o período colonial.


Artigos e Teses


5. FERNANDES, Fábio. A Capitania de Pernambuco e seus desmembramentos: aspectos históricos e administrativos. Revista Brasileira de História, v. 35, n. 69, 2015. – Analisa a evolução administrativa das capitanias.

6. SANTOS, Maria Izabel. As Capitanias do Nordeste e o Processo de Independência do Brasil. História e Cultura, v. 10, n. 2, 2018. – Explora as ligações entre os estados nordestinos no contexto da independência.



Nenhum comentário: