Durante o período colonial, o Brasil recebeu um grande número de africanos trazidos à força pelo tráfico transatlântico de escravizados. Esses grupos eram diversos e pertenciam a diferentes regiões da África, cada um com sua cultura, língua e tradições próprias. Na Capitania de Pernambuco, uma das principais regiões econômicas do Brasil colonial devido à produção açucareira, o tráfico de escravizados foi intenso, trazendo grupos específicos.
Principais grupos étnicos africanos no Brasil Colonial
Os povos africanos escravizados vieram principalmente de três grandes regiões:
1. Região da Costa da Mina (África Ocidental - Golfo da Guiné)
Jejes (Ewes e Fons) – provenientes do atual Benim e Togo, trouxeram influências religiosas importantes para o Candomblé (nação Jeje).
Akan (Ashanti, Fanti, Akwamu, etc.) – vieram da atual Gana e Costa do Marfim, com influência cultural forte em práticas religiosas e resistência.
2. Região da Costa dos Escravos e Nigéria (África Ocidental)
Iorubás (Nago, Ketu, Oyo, Ifé, etc.) – da atual Nigéria e Benim, formaram uma base cultural forte no Candomblé (nação Nagô) e em tradições musicais e linguísticas.
Hauçás e Malês – muçulmanos vindos da região do Sudão Ocidental (atual Nigéria e Níger), participaram de revoltas escravas como a Revolta dos Malês (1835).
3. Região da África Central (Congo e Angola)
Bantos (Congos, Ambundos, Ovimbundos, Quicongos, etc.) – da atual Angola, República do Congo e Moçambique, foram a maioria dos africanos escravizados em Pernambuco e no Brasil. Eram agricultores e especialistas em metalurgia, e sua cultura influenciou fortemente a língua, a música e as religiões afro-brasileiras (Umbanda e Candomblé Bantu).
Grupos africanos na Capitania de Pernambuco
Pernambuco foi um dos maiores receptores de africanos escravizados no Brasil devido à sua economia açucareira. Os principais grupos que chegaram à região foram:
Bantos (Angolas, Congos e Moçambiques) – vieram em grande número e influenciaram práticas religiosas (Jurema, Candomblé Bantu), o vocabulário do português falado no Brasil e ritmos como o maracatu e a capoeira.
Nagôs (Iorubás e Jejes) – responsáveis pela forte tradição do Candomblé na região, especialmente em Recife e no interior.
Hauçás e Malês – muçulmanos africanos que, mesmo em menor número, participaram de revoltas e influenciaram ritos e costumes.
Influências culturais dos africanos em Pernambuco
A presença desses grupos moldou profundamente a cultura pernambucana e brasileira. Entre as principais contribuições estão:
A música (maracatu, coco, capoeira, afoxé).
A religião (Candomblé, Jurema, cultos afro-indígenas).
O vocabulário (palavras de origem banto e iorubá no português).
A gastronomia (uso do dendê, acarajé, mungunzá).
A diversidade africana no Brasil Colonial mostra que a escravidão não apagou as identidades desses povos, mas sim contribuiu para a formação da cultura afro-brasileira.
REFERÊNCIAS:
Livros e artigos acadêmicos:
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O Trato dos Viventes: Formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
REIS, João José. Ganhadores: A Greve Negra de 1857 na Bahia. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
VERGER, Pierre. Fluxo e Refluxo: O tráfico de escravos entre o Golfo do Benim e a Bahia de Todos os Santos, dos séculos XVII a XIX. São Paulo: Corrupio, 1987.
SOUZA, Marina de Mello e. Os Negros na História do Brasil. São Paulo: Contexto, 2007.
CARVALHO, Marcus J. M. A Formação das Classes Trabalhadoras e o Escravismo no Nordeste do Brasil: Século XIX. Recife: Editora Universitária UFPE, 2003.
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