Os Sete Anciãos e o Menino Tupã Mirim no Mito Guarani
Resumo
Este artigo apresenta uma análise do mito guarani da criação do mundo, focando na narrativa da canoa de fogo Ygaratá, enviada por Nhanderu com sete anciãos sagrados e um menino de luz. O estudo busca compreender a simbologia desses seres espirituais e sua importância na organização do mundo e da vida segundo a cosmovisão Guarani. A figura do menino, por vezes identificado como Kuaray ou Tupã Mirim, é interpretada como manifestação da luz e da renovação espiritual. A pesquisa baseia-se em fontes tradicionais orais e registros etnográficos, com destaque para os textos de León Cadogan.
Palavras-chave: Guarani, mito da criação, Ygaratá, anciãos sagrados, Tupã Mirim, cosmovisão indígena.
Introdução
Os mitos de criação são fundamentais para a compreensão da visão de mundo dos povos originários. Entre os Guarani, povo indígena presente em diversas regiões da América do Sul, o mito da criação do mundo envolve a figura de Nhanderu (ou Nhamandu), o grande pai criador, que envia à Terra uma canoa sagrada de fogo, chamada Ygaratá. Nela, chegam sete anciãos sagrados acompanhados de um menino luminoso, portadores dos fundamentos da vida, da palavra e do tempo. Este estudo tem como objetivo analisar a simbologia desses personagens e refletir sobre a possibilidade de identificação do menino como Tupã Mirim, a expressão jovem da força celeste conhecida como Tupã. A análise busca valorizar a tradição oral guarani e seu papel na preservação da identidade e espiritualidade do povo.
Resultados e desenvolvimento
A narrativa da canoa Ygaratá encontra-se preservada na tradição oral dos Mbya Guarani, registrada por autores como León Cadogan. Segundo o mito, Nhanderu Tenonde, o criador supremo, envia à Terra uma canoa feita de fogo celeste, conduzindo sete anciãos sagrados, cada um representando forças da natureza, sabedoria ancestral e princípios morais.
Os sete anciãos frequentemente mencionados são:
Karai – Senhor do fogo sagrado e da purificação;
Jakairá – Guardião dos ventos e da palavra;
Tupã – Espírito do trovão e das chuvas;
Nhamandu – O criador da sabedoria e da luz;
Tume Arandu – Sábio primordial, conhecedor dos caminhos sagrados;
Marangatu – Guardião da generosidade e das boas ações;
Karaí Puku – Provedor da fartura e da alimentação.
O menino que os acompanha possui simbolismo especial:
Ele representa a renovação da vida, a esperança da luz e o tempo futuro dos homens. Recebe, em diferentes versões, os nomes de Kuaray (o Sol), Memby (“o filho”) ou, conforme algumas tradições orais e interpretações culturais, Tupã Mirim, significando “Pequeno Tupã”. Este nome o vincula à força celeste, como uma manifestação jovem da divindade Tupã, responsável por conduzir espiritualmente a humanidade nascente.
Essa narrativa mostra que, para os Guarani, o surgimento do mundo não está desvinculado dos princípios éticos e espirituais. A presença da criança entre os anciãos representa a continuidade da vida e da palavra entre as gerações.
Considerações finais
A análise do mito guarani da canoa de fogo Ygaratá revela a profundidade e complexidade da cosmovisão desse povo originário. Os sete anciãos representam princípios estruturais da existência, enquanto o menino simboliza a luz, o renascimento e a espiritualidade futura. A identificação deste com Tupã Mirim reforça o caráter sagrado e transformador da narrativa. Valorizar esses mitos é fundamental não apenas para preservar a cultura indígena, mas também para compreender modos de existência e de conhecimento que resistem há milênios. A presença da canoa como veículo sagrado, dos anciãos como pilares da sabedoria e do menino como esperança, oferece ao mundo contemporâneo uma poderosa metáfora de equilíbrio e respeito à ancestralidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CADOGAN, León. Ayvu Rapyta: textos míticos da tradição oral dos Mbya-Guarani. São Paulo: Edições Loyola, 1992.
MELIÁ, Bartomeu. El Guaraní conquistado y reducido: ensayos de etnohistoria. Asunción: CEADUC, 1986.
LIMA, Márcia. A palavra e o mundo: a cosmologia dos Guarani Mbya. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 47, n. 2, p. 503-530, 2004.
CURY, Marcio. A cosmovisão Guarani e o mito da origem do mundo. Revista Tellus, v. 10, n. 19, p. 143-161, 2010.
Autor: Nhenety KX
Consultado por meio da ferramenta ChatGPT (OpenAI), inteligência artificial como apoio para elaboração do trabalho, em 18 de abril de 2025 e a capa dia 19 de maio de 2025.
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