terça-feira, 3 de junho de 2025

SUÍRA, O Jovem Pajé









Na beira serena do rio São Francisco, onde as árvores antigas sussurram segredos aos ventos de Alagoas, ergue-se a Aldeia de Colégio. Ali, entre cantos e memórias, pulsa forte a tradição do Ouricuri, ritual sagrado que atravessa o tempo, guiando gerações dos Kariri-Xocó.


Por muitas luas e sóis, a condução desse ritual permaneceu nas mãos de uma mesma família: os Suíra. Foi Luvico quem primeiro recebeu o chamado espiritual, passando adiante a missão a Manoel Baltazar. Depois, as palavras do sagrado foram guardadas por Manoel Paulo, que as transmitiu a seu neto, Manoel Joaquim de Santana, conhecido por todos como Dunga.


Mas como o rio, a vida também faz curvas inesperadas. Dunga, em meio a um desentendimento com Gravié, outro importante líder da aldeia, interrompeu o ritual do Ouricuri. Três longos anos se passaram, e o silêncio parecia ter calado as vozes dos ancestrais.


Porém, a tradição não podia morrer.


O Conselho Tribal reuniu-se em círculo, sob a sombra acolhedora dos juazeiros. Depois de muitos diálogos e olhares para o passado e o futuro, escolheram um novo guardião para o ritual: Francisco Suíra, outro neto de Manoel Paulo. Ele era apenas um jovem de dezesseis anos, mas já carregava no olhar a força dos antigos. Entre os seus, era chamado carinhosamente de Francisquinho.


Assim, com a responsabilidade que só os grandes líderes conhecem, Francisco Suíra tornou-se o novo pajé. Conduziu novamente o Ouricuri, devolvendo vida ao que parecia adormecido.


Ao longo de sua trajetória, Suíra deixou marcas profundas: fundou, em 1944, o Posto Indígena na Aldeia de Colégio, durante os tempos do Serviço de Proteção aos Índios (SPI). Décadas depois, ao lado do cacique Cícero Irêcê, lutou bravamente pela retomada da Fazenda Modelo, conquista emblemática de 1978.


Francisco Suíra — ou simplesmente Pajé Suíra — partiu em 1994, aos 82 anos. Mas sua presença permanece viva: na memória do seu povo, no fortalecimento da cultura Kariri-Xocó e no nome que batiza a Escola Estadual Indígena Pajé Francisco Queiroz Suíra, onde novas gerações aprendem, crescem e sonham.


E assim, como os ciclos eternos da natureza, a história de Suíra continua a ecoar, inspirando os que seguem pelo caminho da tradição.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




Consultado por meio da ferramenta ChatGPT (OpenAI), inteligência artificial como apoio para elaboração do trabalho da capa no dia 3 de junho de 2025.





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