quarta-feira, 13 de agosto de 2025

KYÎU-AÇU E A JAGUARUNA, O Grilo e a Onça-escura

 






A Fábula do Grilo e a Onça-escura 


Na Ka’a Eté, a grande Mata Atlântica, vivia o Kyîu-açu, o grilo gigante, pequeno aos olhos dos maiores animais, mas dono de uma coragem sem igual.


Um dia, os animais reuniram-se para escolher quem era o mais feroz: lá estavam a jaguaruna (onça-preta), o jacaré, o guaxinim, a ariranha e muitos outros. Depois de muita disputa, a jaguaruna foi declarada a vencedora, erguendo-se com orgulho e soberba.


Quando passava o humilde Kyîu-açu, a jaguaruna zombou:

— Olhem só o mais fraco da floresta!


O grilo, sem se intimidar, respondeu:

— Você é forte, sim. Mas que tal provar isso numa disputa? Amarremos nossas pernas a uma árvore, e veremos quem se solta primeiro.


A jaguaruna riu alto, certa de sua vitória. O guariba foi o árbitro e amarrou os dois. Começou o desafio.


A jaguaruna puxava, rugia e se debatia, mas não conseguia se libertar. Então o grilo deu um salto: deixou para trás uma de suas pernas, e ficou livre.


Os animais ficaram espantados.

— Você ficará defeituoso sem uma pata! — disse a jaguaruna, furiosa.


O grilo respondeu sereno:

— Nada disso! Sou jovem, e logo minha perna crescerá de novo.


Assim, o pequeno Kyîu-açu venceu a grande jaguaruna.


Moral da fábula:

Nunca despreze os pequenos, pois eles podem ter forças e talentos que os grandes desconhecem.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




O KYÎU-AÇU E A JAGUARUNA, O Grilo e a Onça-escura 



Na Ka’a Eté tão vasta,

Mata Atlântica sem fim,

Morava o Kyîu-açu,

Um grilo forte e sutil.

Entre folhas e cipós,

Cantava sempre assim.


Certa vez, na beira-mar,

Bichos foram se juntar:

Jaguaruna, jacaré,

Guaxinim pra espiar,

Ariranha e outros tantos,

Pra ver quem ia ganhar.


Na disputa de coragem

E na fama de feroz,

Jaguaruna foi a eleita,

Levantando a sua voz.

Mas chegou o Kyîu-açu,

Com o canto firme e veloz.


— Veja só! — disse a onça —

O mais fraco está aqui!

Um sopro o leva embora,

Nem coragem eu senti.

O grilo olhou sereno,

E começou a sorrir.


— Se você é tão valente,

Vamos ver quem se liberta:

Amarramos nossas pernas,

Numa árvore bem certa.

Quem sair primeiro vence,

A disputa fica aberta.


O guariba foi chamado,

E amarrou com precisão,

A perna do Kyîu-açu

E a da onça, no cordão.

Deu o grito de partida,

Começou a competição.


Jaguaruna se debatia,

Rugia pra se soltar,

Mas por mais que fizesse força,

Nada pôde conquistar.

O grilo, num salto ágil,

Deixou a perna no lugar.


Os bichos ficaram mudos,

De espanto e admiração.

— Vai ficar sem sua perna! —

Disse a onça, em provocação.

— Logo cresce outra novinha,

Pois sou jovem, meu irmão!


Assim, o pequeno grilo,

Derrotou a campeã,

Mostrando que o tamanho

Não decide a decisão.


Moral:

Não julgue pela aparência,

Nem despreze quem é menor.

O pequeno, quando luta,

Mostra um grande e belo valor.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 





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