terça-feira, 2 de setembro de 2025

O MUNDO DE RESIDENT EVIL: Cenário Global Após o Apocalipse Bio-Orgânico







Introdução


O universo narrativo da franquia Resident Evil (ou Biohazard, no Japão) apresenta um mundo assolado por pandemias causadas por vírus e parasitas criados em laboratórios com fins militares e corporativos. O agente central dessa catástrofe é a Corporação Umbrella, responsável por desenvolver armas biológicas que desencadearam surtos globais, transformando seres humanos em criaturas monstruosas. A saga se desenvolve em torno da luta de sobreviventes, organizações de resistência e sociedades corrompidas pelo poder, em busca da cura e de um futuro possível para a humanidade.


O presente artigo propõe analisar o cenário apocalíptico de Resident Evil, destacando a estrutura de seu mundo, os monstros e territórios de domínio, as corporações envolvidas, bem como as consequências narrativas observadas especialmente em Resident Evil 7 e Resident Evil Village.


O Apocalipse Biológico e a Umbrella Corporation


A Umbrella Corporation foi a maior corporação farmacêutica do mundo e atuava como fachada para o desenvolvimento de armas biológicas (B.O.Ws – Bio-Organic Weapons). A empresa iniciou pesquisas secretas a partir do Vírus Progenitor, posteriormente ramificado no T-vírus e em variantes como G-vírus, Las Plagas e C-Vírus.


O objetivo era a criação de soldados biologicamente aprimorados, imunes a dor e capazes de destruir inimigos em larga escala. Porém, os experimentos escaparam ao controle, causando surtos em cidades inteiras (como em Resident Evil 2 e Resident Evil 3 com Raccoon City) e, progressivamente, em escala global.


Sobreviventes e Resistência


Dentre os sobreviventes que se destacam, estão:


Chris Redfield: membro da S.T.A.R.S. e depois da BSAA, símbolo de resistência contra as armas biológicas.


Jill Valentine: sobrevivente de Raccoon City e combatente direta contra a Umbrella e outras corporações.


Leon S. Kennedy: agente do governo dos EUA, enfrentou tanto vírus quanto parasitas (Las Plagas).


Claire Redfield: atuante em organizações humanitárias de resgate, sempre próxima da luta contra a Umbrella.


Ethan Winters (RE7 e RE Village): sobrevivente comum que se torna protagonista, enfrentando ameaças grotescas em busca de sua família.


Essas figuras representam tanto a resistência armada quanto a sobrevivência humana em meio ao caos.


Estrutura do Mundo Apocalíptico


Após a disseminação dos surtos, o mundo de Resident Evil se caracteriza por:


Cidades devastadas – metrópoles como Raccoon City foram arrasadas, enquanto zonas rurais sofrem com experimentos clandestinos.


Governos fragilizados – muitos Estados perderam controle, terceirizando operações para forças privadas.


Militarização da sobrevivência – grupos como a BSAA (Bioterrorism Security Assessment Alliance) surgem como resistência organizada.


Comunidades isoladas – aldeias e colônias vivem em regime de terror, dominadas por criaturas ou tiranos biológicos.


Monstros, Criaturas e Territórios


Os experimentos biológicos resultaram em diferentes tipos de monstros, geralmente associados a territórios específicos:


Zumbis e mutantes clássicos: domínio urbano, ruínas de cidades e laboratórios abandonados.


Tyrants e Nemesis: armas biológicas avançadas, controladas por corporações para caçar alvos.


Parasitas Las Plagas: aldeias rurais e regiões isoladas (como em Resident Evil 4).


Criaturas moldadas pelo fungo mutagênico (RE7 e Village): ambientes domésticos e rurais, em zonas de isolamento.


Senhores locais (Village): como Lady Dimitrescu, Heisenberg, Moreau e Donna Beneviento, que controlam territórios como feudos apocalípticos.


Essas regiões configuram um mapa global fragmentado em domínios monstruosos e áreas militares de resistência.


Corporações Corruptas


Além da Umbrella, outras corporações atuam como agentes do apocalipse:


Neo-Umbrella: facção remanescente que mantém os experimentos.


Tricell: multinacional que herdou pesquisas da Umbrella, responsável por avanços no uso de parasitas.


The Connections (RE7): grupo envolvido no desenvolvimento do fungo mutagênico que criou Eveline.


Essas entidades reforçam a crítica social presente na franquia: o poder corporativo e científico desvinculado de ética.


Resident Evil 7 e Resident Evil Village


As narrativas de Resident Evil 7 (2017) e Resident Evil Village (2021) marcam uma nova fase da franquia:


Mudança do foco global para o local – em vez de cidades destruídas, o horror ocorre em ambientes rurais e familiares.


O fungo mutagênico – substitui o T-vírus como ameaça principal, criando monstros moldados e figuras dominadoras.


Ethan Winters como herói comum – um sobrevivente não-militar que representa a humanidade vulnerável.


Aldeia como microcosmo do apocalipse – feudos monstruosos que refletem hierarquias de poder no novo mundo.


Esses elementos ampliam o imaginário da série, deslocando o apocalipse de metrópoles para comunidades isoladas.


Consequências e Esperanças


O universo de Resident Evil apresenta consequências devastadoras: sociedades fragmentadas, comunidades destruídas e seres humanos transformados em armas. Porém, há também esperanças:


Busca pela cura – pesquisas conduzidas por organizações de resistência.


Luta das novas gerações – personagens como Rose Winters (filha de Ethan) simbolizam a continuidade da humanidade.


Declínio das corporações – ainda que persistentes, as empresas sofrem derrotas narrativas, mostrando resistência contra a corrupção.


O destino dos inimigos tende a ser a destruição pela própria ambição, enquanto os sobreviventes vislumbram um futuro possível, ainda que marcado pela memória do horror.


Conclusão


O mundo de Resident Evil apresenta uma crítica ao uso irresponsável da biotecnologia e ao poder das corporações sem ética. Em seu cenário global apocalíptico, a humanidade é colocada diante de sua fragilidade frente às criações que deveriam servir ao progresso. Ainda assim, a narrativa insiste em ressaltar a resiliência dos sobreviventes e a esperança de reconstrução.


O universo da franquia, especialmente nas versões mais recentes (Resident Evil 7 e Village), reconfigura o apocalipse em escala mais íntima e simbólica, ao mesmo tempo em que mantém a tensão entre destruição e esperança para as futuras gerações.


Referências


CAPCOM. Resident Evil 7: Biohazard. Osaka: Capcom, 2017.


CAPCOM. Resident Evil Village. Osaka: Capcom, 2021.


MELO, João Ricardo. O Horror Biotecnológico em Resident Evil: Corpo, Vírus e Poder Corporativo. São Paulo: Editora Unesp, 2020.


SOUZA, Felipe. Narrativas do Apocalipse: O Imaginário de Resident Evil e a Cultura Pop. Rio de Janeiro: Zahar, 2019.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 



Nenhum comentário: