A Fábula do Tamanduá-açu e o Jaguarundi
Certa vez, na imensidão da floresta, reuniu-se o Conselho dos Animais para decidir quem seriam os verdadeiros campeões da natureza.
O Tamanduá-açu, de andar sereno e focinho comprido, foi o primeiro a se apresentar.
— Não corro como o veado, nem salto como o felino, mas meu faro é guia certeiro. Com ele encontro até o menor cupim escondido na terra. Meu olfato é tão apurado que sinto a floresta respirar.
Todos se admiraram. A Coruja, juíza da reunião, balançou a cabeça em aprovação:
— De fato, Tamanduá, teu nariz é uma bússola viva. És o Campeão do Cheiro.
Logo depois chegaram os felinos: o ágil Jaguarundi, de corpo alongado, e a imponente Suçuarana, de olhar de fogo.
O Jaguarundi falou:
— Eu sou pequeno, mas veloz como o vento. Corro pelos campos e subo nas árvores com destreza.
A Suçuarana então ergueu-se e, com um salto imenso, atravessou um tronco caído como se fosse apenas um galho seco.
— Eu salto tão longe quanto doze homens enfileirados — disse com orgulho.
Os animais aplaudiram o feito.
A Coruja, então, declarou:
— Vocês dois são os Campeões do Salto, donos da distância que desafia o ar.
E assim ficou decidido: o Tamanduá-açu reinaria como o mestre do olfato, enquanto Jaguarundi e Suçuarana seriam lembrados como os saltadores da floresta.
A partir daquele dia, os bichos aprenderam que cada ser carrega sua grandeza — uns sentem o invisível, outros voam sem asas, todos são campeões no que a natureza lhes concedeu.
Moral da fábula:
Na vida, não é preciso ser campeão em tudo. A verdadeira grandeza está em reconhecer e valorizar o dom que nos torna únicos.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
TAMANDUÁ-AÇU E O JAGUARUNDI, Os Campeões do Cheiro e do Salto
( Versão Cordel Sextilhas )
Na mata grande e sagrada,
Reuniu-se a criação,
Cada bicho apresentava
Seu dom, seu dom de irmão.
E a Coruja presidia,
Com justiça e atenção.
O Tamanduá chegou lento,
Seu focinho a se alongar,
— Meu faro é tão poderoso,
Nada pode se ocultar.
Cupim, formiga, na terra,
Consigo logo encontrar.
A Coruja então falou:
— És mestre do bom olfato,
Campeão da natureza,
Teu dom é puro e exato,
Tens o faro mais sensível,
Tão certeiro e tão barato.
Logo o Jaguarundi veio,
Ágil como o vento a correr,
Pequeno, mas destemido,
Sempre pronto a surpreender.
Disse: — Meu salto é ligeiro,
Ninguém pode me deter.
Chegou também a Suçuarana,
De olhar firme, reluzente,
Com um salto atravessou
Um tronco imponente.
Doze metros horizontais,
Seu poder é surpreendente.
A Coruja então julgou:
— Cada qual tem seu talento,
O Tamanduá no cheiro,
Os felinos no movimento.
Na floresta, cada dom
É motivo de contento.
Moral da fábula:
Cada ser tem seu valor,
Na corrida ou no faro,
Na coragem ou no vigor.
Grande é quem reconhece
Seu dom como um favor.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
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