quinta-feira, 11 de setembro de 2025

TAMANDUÁ-AÇU E O JAGUARUNDI, Os Campeões do Cheiro e do Salto






A Fábula do Tamanduá-açu e o Jaguarundi 


Certa vez, na imensidão da floresta, reuniu-se o Conselho dos Animais para decidir quem seriam os verdadeiros campeões da natureza.


O Tamanduá-açu, de andar sereno e focinho comprido, foi o primeiro a se apresentar.

— Não corro como o veado, nem salto como o felino, mas meu faro é guia certeiro. Com ele encontro até o menor cupim escondido na terra. Meu olfato é tão apurado que sinto a floresta respirar.


Todos se admiraram. A Coruja, juíza da reunião, balançou a cabeça em aprovação:

— De fato, Tamanduá, teu nariz é uma bússola viva. És o Campeão do Cheiro.


Logo depois chegaram os felinos: o ágil Jaguarundi, de corpo alongado, e a imponente Suçuarana, de olhar de fogo.

O Jaguarundi falou:

— Eu sou pequeno, mas veloz como o vento. Corro pelos campos e subo nas árvores com destreza.


A Suçuarana então ergueu-se e, com um salto imenso, atravessou um tronco caído como se fosse apenas um galho seco.

— Eu salto tão longe quanto doze homens enfileirados — disse com orgulho.


Os animais aplaudiram o feito.

A Coruja, então, declarou:

— Vocês dois são os Campeões do Salto, donos da distância que desafia o ar.


E assim ficou decidido: o Tamanduá-açu reinaria como o mestre do olfato, enquanto Jaguarundi e Suçuarana seriam lembrados como os saltadores da floresta.


A partir daquele dia, os bichos aprenderam que cada ser carrega sua grandeza — uns sentem o invisível, outros voam sem asas, todos são campeões no que a natureza lhes concedeu.


Moral da fábula:

Na vida, não é preciso ser campeão em tudo. A verdadeira grandeza está em reconhecer e valorizar o dom que nos torna únicos.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




TAMANDUÁ-AÇU E O JAGUARUNDI, Os Campeões do Cheiro e do Salto

( Versão Cordel Sextilhas )



Na mata grande e sagrada,

Reuniu-se a criação,

Cada bicho apresentava

Seu dom, seu dom de irmão.

E a Coruja presidia,

Com justiça e atenção.


O Tamanduá chegou lento,

Seu focinho a se alongar,

— Meu faro é tão poderoso,

Nada pode se ocultar.

Cupim, formiga, na terra,

Consigo logo encontrar.


A Coruja então falou:

— És mestre do bom olfato,

Campeão da natureza,

Teu dom é puro e exato,

Tens o faro mais sensível,

Tão certeiro e tão barato.


Logo o Jaguarundi veio,

Ágil como o vento a correr,

Pequeno, mas destemido,

Sempre pronto a surpreender.

Disse: — Meu salto é ligeiro,

Ninguém pode me deter.


Chegou também a Suçuarana,

De olhar firme, reluzente,

Com um salto atravessou

Um tronco imponente.

Doze metros horizontais,

Seu poder é surpreendente.


A Coruja então julgou:

— Cada qual tem seu talento,

O Tamanduá no cheiro,

Os felinos no movimento.

Na floresta, cada dom

É motivo de contento.


Moral da fábula:

Cada ser tem seu valor,

Na corrida ou no faro,

Na coragem ou no vigor.

Grande é quem reconhece

Seu dom como um favor.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 






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