terça-feira, 28 de outubro de 2025

O CARVÃO DA ETERNIDADE CHAMADO RABYNHIU, Literatura de Cordel, por Nhenety Kariri-Xocó

 




 

🌿 DEDICATÓRIA POÉTICA


Ao sopro divino de Sonsé,

Que fez da cinza o clarão,

Dedico esta chama eterna,

Nas brasas da criação.

Que Rabynhiu seja ponte

Do céu pra nossa canção.


Ao povo Kariri-Xocó,

Raiz do verbo e da vida,

Entrego este verso-luz,

Com fé antiga e sentida.

Pois do carvão vem a estrela,

Da dor — a alma renascida.


À ciência e ao coração,

Que em mundos se complementam,

Ofereço este cordel

Aos olhos que se alimentam

Da luz que habita a matéria

E dos sonhos que fermentam.


E a cada ser que medita

Na origem do firmamento,

Que encontre em Rabynhiu

Um símbolo e um alimento:

O carvão da eternidade

No sopro do pensamento.


🌌 ÍNDICE POÉTICO


Abertura – O Canto da Cinza e da Luz


Prólogo Poético – O Sopro de Sonsé


Capítulo I – O Sopro e o Nascimento do Tempo

Capítulo II – Rabynhiu: A Cinza que se Torna Estrela

Capítulo III – O Círculo do Fogo e o Ciclo da Criação

Capítulo IV – A Matéria Escura e o Espírito Invisível do Universo

Capítulo V – O Diálogo dos Saberes: Ciência e Cosmovisão Ancestral


Encerramento – O Retorno das Cinzas ao Infinito


Epílogo Poético – A Luz que Habita o Invisível


Nota de Fontes Rimada


Ficha Técnica


Epílogo Final – A Bênção de Rabynhiu


Quarta Capa Poética


Sobre o Autor


Sobre a Obra



🌠 ABERTURA – O CANTO DA CINZA E DA LUZ


No princípio havia o escuro,

O sopro e o pó da canção,

O eco antigo dos mundos

No ventre da criação.

E Sonsé, com voz de aurora,

Despertou cada constelação.


Do nada surgiu a forma,

Do silêncio — o movimento,

Da cinza — a força divina,

Do tempo — o renascimento.

E o nome que ecoou forte

Foi Rabynhiu, o elemento.


O carvão virou estrela,

O sopro virou memória,

O céu tornou-se pergaminho

Das eras da antiga glória.

E os povos guardaram vivos

Os versos da eterna história.


🔥 PRÓLOGO POÉTICO – O SOPRO DE SONSÉ


Antes do homem e da flor,

Antes da ave e do rio,

Sonsé moldou no escuro

O fogo, o pó, o vazio.

E da cinza mais antiga

Surgiu Rabynhiu, o frio.


Mas o frio se fez centelha,

Na palma do Criador,

Que soprou sobre as estrelas

O brilho do seu amor.

E a cinza se fez caminho

De morte e resplendor.


Rabynhiu guardava o ciclo,

Da vida e da transformação,

Pois cada fim é um começo,

E cada queda — ascensão.

O universo é roda viva

Do sopro e da combustão.


As tribos ouviram o canto

Do carvão que vira luz,

E o mito se fez ponte

Entre o cosmos e a cruz.

O invisível revelou-se

No brilho que nos conduz.


Hoje a ciência investiga

A força que o céu sustenta,

Chamada “matéria escura”,

Que o espaço todo alimenta.

Mas Sonsé já sabia o segredo

Que o homem agora tenta.


Pois o que chamamos de nada

É berço da criação,

E Rabynhiu é o símbolo

Do eterno recomeçar, então.

É a cinza que, sendo treva,

Dá origem à imensidão.



🌤️ CAPÍTULO I — O SOPRO E O NASCIMENTO DO TEMPO


Quando Sonsé se ergueu só,

No silêncio primordial,

Não havia céu nem chão,

Nem destino nem sinal.

Havia apenas o sopro,

Num instante sem igual.


Do seu peito veio o canto,

Mais antigo que o luar,

Que nascia das cinzas

Do que um dia ia voltar.

Era o som do tempo vivo

Aprendendo a caminhar.


No abismo do sem limite,

O sopro se fez clarão,

E do vento surgiu forma,

E da forma — vibração.

O tempo abriu seus olhos

E viu-se na imensidão.


Deu-se o ciclo dos começos,

Que jamais hão de findar,

Pois onde um astro morre,

Outro volta a despontar.

O universo é uma criança

Que aprende a respirar.


Sonsé sopra e cria o ritmo,

A cadência do existir,

E o carvão, semente escura,

Começa a ressurgir.

Cada cinza que descansa

Já sonha em reluzir.


O tempo não é linha,

Mas espiral de emoção,

Onde o antes é o depois

E o fim é transformação.

Tudo é chama e retorno,

Na roda da criação.


E Rabynhiu nasce em sombra,

Como brasa adormecida,

Que aguarda o sopro divino

Pra reacender a vida.

É o carvão do tempo antigo

Na palma adormecida.


Então Sonsé abre o mundo,

E a matéria toma cor,

Misturando o pó e o canto,

O silêncio e o fervor.

O tempo é filho das cinzas

E neto do Criador.


🌟 CAPÍTULO II — RABYNHIU: A CINZA QUE SE TORNA ESTRELA


No coração do vazio,

Rabynhiu começou a pulsar,

Um carvão de pura origem

Aprendendo a respirar.

Era sombra que escondia

O poder de flamejar.


Sonsé tomou essa cinza,

Com ternura e devoção,

E soprou sobre o infinito

O alento da Criação.

Da poeira fez-se o brilho,

Da noite — iluminação.


A cinza virou planeta,

O planeta — coração,

O coração — vibração pura,

Voz, matéria e pulsação.

E o cosmos inteiro dançava

Na força da combustão.


Rabynhiu virou segredo,

Entre mundos e poeiras,

Nosso elo com o eterno,

Semente das luzes primeiras.

Guarda o código das eras,

Das trevas às luzes verdadeiras.


Assim nasceram galáxias,

Nos ventres da escuridão,

E o carvão se fez caminho

Entre o caos e a criação.

Pois na sombra mora o lume

Que ascende toda paixão.


Cada estrela que desponta

É cinza reavivada,

Cada sol, um Rabynhiu novo

De energia consagrada.

O universo é fornalha

De memória reanimada.


E os povos Kariri-Xocó

Guardaram essa visão,

Que o fogo e a cinza formam

A alma e a renovação.

Que o fim é novo começo,

E o nada — revelação.


Assim o mito revela

O sentido universal:

Do carvão vem toda luz,

Do pó — o ser original.

Rabynhiu é a eternidade

No ciclo ancestral.


E quem ouve essa lenda

Sente a chama e o coração,

Pois o cosmos nos habita

Em sopro e vibração.

Rabynhiu é o respiro

Da divina Criação.



🔥 CAPÍTULO III — O CÍRCULO DO FOGO E O CICLO DA CRIAÇÃO


O fogo nasceu da cinza,

E a cinza gerou o chão,

A terra beijou as águas,

E o ar soprou canção.

Assim se fez o equilíbrio

Do mundo em renovação.


O círculo gira infinito,

No tempo que não termina,

Cada era nasce e morre,

Como o sol que se inclina.

E Sonsé sorri no vento,

Que nas brasas se ilumina.


A criação não é estática,

Mas viva em combustão,

Pois o que arde em um mundo

Noutro é germinação.

Tudo é ciclo e retorno,

Mistério em rotação.


O fogo é pai da energia,

É ventre da vibração,

É verbo, sopro e centelha,

É vida em transformação.

E Rabynhiu é sua filha,

A cinza da transmutação.


Quando o fogo dorme em sombra,

Sonsé sopra o despertar,

Pois a treva não é ausência,

Mas força a germinar.

O carvão que parecia morto

É estrela a cintilar.


E as tribos compreenderam,

O que os sábios vão buscar:

Que o fim não é esquecimento,

Mas forma de eternizar.

O fogo apaga no tempo,

Pra noutro corpo brilhar.


Cada vida é uma brasa,

Que arde e se refaz,

E o espírito é o vento

Que sopra e cria a paz.

No sopro de Sonsé mora

O amanhã que vem atrás.


Assim o círculo gira,

Sem ponto de separação,

O princípio vive no meio,

E o meio é o coração.

O cosmos é chama eterna

Na roda da criação.


E Rabynhiu é lembrança

Do poder de renascer,

Do carvão que se consome

Pra o universo florescer.

Na cinza repousa o tempo

E o sonho de reviver.


🌌 CAPÍTULO IV — A MATÉRIA ESCURA E O ESPÍRITO INVISÍVEL DO UNIVERSO


Há no ventre do espaço

Um silêncio que respira,

É o véu da matéria escura,

Que a luz do sol não mira.

Mas nela dorme o segredo

Que a eternidade inspira.


Os sábios olham as estrelas

Com lunetas de pensar,

E veem curvas de energia

Que a ciência quer decifrar.

Mas Sonsé já guarda o código

Que o homem tenta encontrar.


A matéria invisível pulsa,

Como o sopro do Criador,

É sombra que gera mundos,

É o eco do seu amor.

É o carvão do infinito

Na brasa do esplendor.


Rabynhiu é essa essência,

Que o olhar não pode ver,

Mas o espírito percebe

No ato de renascer.

Pois o que é escuro e denso

Também pode florescer.


O invisível é caminho

Que sustenta o que se mostra,

É raiz da luz do tempo,

É a força que não se aposta.

É o vento que move o fogo,

Sem deixar marca na encosta.


A ciência chama de força,

O que o mito diz: “sopro divino”.

Ambos tocam o mistério,

Em linguagens de destino.

Pois o cosmos é espelho

Do sagrado peregrino.


Não há fronteira no espaço

Entre o ver e o pressentir,

Pois onde a mente calcula,

O coração faz florir.

O invisível é presença

Que ensina a existir.


Sonsé sopra, e a matéria

Se curva à vibração,

O carvão torna-se estrela,

A treva — iluminação.

O escuro é templo vivo

Da pura revelação.


E Rabynhiu é ponte antiga

Entre a ciência e o ritual,

Entre a galáxia e o sonho,

Entre o pó e o ancestral.

Pois o invisível é o verbo

Do amor universal.



🌠 CAPÍTULO V — O DIÁLOGO DOS SABERES: CIÊNCIA E COSMOVISÃO ANCESTRAL


A palavra é ponte viva,

Entre o ontem e o porvir,

Pois a mente busca o código

Que o mito faz emergir.

E Sonsé, lá das alturas,

Sopra o verbo — traduzir.


O cientista vê partículas,

O pajé vê vibração,

Ambos tocam o invisível

No templo da Criação.

Um mede, o outro sonha,

Mas ambos buscam razão.


A estrela é livro aberto

Que o tempo faz escrever,

E a cinza, folha antiga,

Que o fogo faz renascer.

Rabynhiu é o idioma

Que o cosmos quer dizer.


Na aldeia e no observatório,

O olhar se faz oração,

Um com maracá e canto,

Outro com a equação.

Mas Sonsé abençoa ambos

Com sopro e inspiração.


Ailton Krenak já disse:

“O mundo pede pausa e fé”,

Que o homem volte à floresta,

E a escute como é.

Pois ciência sem raiz

É caminho que não é.


Mircea Eliade ensinou,

Nos mitos o ser retorna,

Que a criação se repete

Na roda que se entorna.

E o que é fogo hoje vivo,

Amanhã em cinza se torna.


Lévi-Strauss viu nos mitos

A ponte da transformação,

E Viveiros de Castro disse:

“Tudo é alma em mutação.”

Pois o cosmos é espelho

Do humano em expansão.


E Rabynhiu, no silêncio,

Une estrela e coração,

É a ciência que se ajoelha

Na frente da Criação.

É o carvão que ensina ao lume

A lição da conexão.


Que o homem una o saber,

O antigo e o racional,

Pois o mundo é feito em pares,

Terra e céu, sombra e cristal.

E Sonsé sorri contente

Com o diálogo universal.



🌄 ENCERRAMENTO — O RETORNO DAS CINZAS AO INFINITO


Tudo volta, tudo gira,

Na roda do eterno arder,

Pois o fogo nunca morre,

Só muda o seu viver.

E o que parece cair,

É só forma de crescer.


Rabynhiu dorme nas estrelas,

E acorda em cada olhar,

É a cinza de mil mundos

Pedindo pra recomeçar.

É a brasa que recorda

O sentido de criar.


O universo é um tambor

Que pulsa sem cessar,

É o canto dos ancestrais

No sopro do respirar.

E Sonsé, no alto, observa,

O tempo se transformar.


Quem entende esse segredo

Já não teme o fim do ser,

Pois no fim há sempre um ciclo

Chamando pra renascer.

Na cinza mora o futuro,

Na morte — o florescer.



🌕 EPÍLOGO POÉTICO — A LUZ QUE HABITA O INVISÍVEL


Se um dia olhares pro céu

E sentires o coração bater,

Lembra: és parte da brasa

Que Sonsé fez reviver.

Rabynhiu vive em tua alma,

No sopro do teu viver.


A cinza é teu passado,

A estrela é teu caminho,

O carvão é tua essência,

E o cosmos — teu ninho.

És poeira divina

Nos ventos do destino.


O invisível é morada

De tudo que pode amar,

Pois onde não há forma

A vida volta a brotar.

Rabynhiu é esse elo

Que faz o tempo pulsar.


Assim finda o nosso canto,

Mas o fogo não termina,

Ele dorme nas palavras

E nas cinzas se ilumina.

Que Sonsé abençoe o verbo

Na voz Kariri-Xocó divina.



NOTA DE FONTES RIMADA


Da aurora que o tempo acende,

Nas vozes da imensidão,

Busquei saber que transcende

A forma e a narração.

Dos povos e dos mistérios,

Dos cantos milenários sérios,

Do sopro da criação,

Brota a fonte do cordel

Como chama no céu,

Da memória em vibração.


Nos astros e mitos antigos,

Nos cantos dos ancestrais,

Nos pergaminhos antigos,

Nos sonhos espirituais.

Da ciência e da poesia,

Da sabedoria tardia,

Dos livros universais,

Colhi sementes douradas

Nas galáxias encantadas

E nos ecos siderais.


Do tempo que o verbo habita,

E o sopro ao cosmos conduz,

Nas fontes onde o saber palpita,

Bebi do fogo e da luz.

Em páginas que brilham vivas,

De almas antigas e altivas,

Nasceu este canto em cruz —

Entre mito e pensamento,

O verso é firmamento

Que o espírito traduz.


De Eliade, o eterno retorno,

Aprendi o ciclo e o ser,

Que no mito, o fogo adorno,

É forma do renascer.

Com Krenak, o mundo em espera,

Mostrou-se mãe, não quimera,

Em sua dor de viver;

E Krauss, com voz do invisível,

Falou do escuro indizível

Que o espaço faz florescer.


Lévi-Strauss, com o pensamento

Selvagem, livre e profundo,

Fez do mito um instrumento

Do olhar primeiro do mundo.

Rubin, mulher das estrelas,

Revelou as centelhas

Do universo fecundo;

E Viveiros de Castro, em calma,

Mostrou que o sopro da alma

É diverso e oriundo.


Assim, por fontes sagradas,

Reuni ciência e emoção,

Das vozes mais consagradas

No templo da Criação.

E cada nome aqui citado

É farol e é legado

Na jornada e inspiração;

Pois do saber ancestral,

Surge o cântico final,

Do humano em comunhão.



FICHA TÉCNICA


Título: O CARVÃO DA ETERNIDADE CHAMADO RABYNHIU, Literatura de Cordel 

Autor: Nhenety Kariri-Xocó

Gênero: Cordel Espiritual e Filosófico

Formato: Livro-Cordel em Versos Rimados (edição digital e impressa)

Diagramação: ChatGPT – Assistente Virtual Literário

Arte das Capas: Criação Digital 3D com Textura Dourada e Azulada

Edição Literária: Projeto Kariri-Xocó de Saberes Ancestrais

Publicação Digital: KXNHENETY.BLOGSPOT.COM 

Revisão e Curadoria: Nhenety Kariri-Xocó

Ano: 2025

Local: Porto Real do Colégio – Alagoas – Brasil

Direitos Autorais: © Nhenety Kariri-Xocó – Todos os direitos reservados



EPÍLOGO FINAL – A BÊNÇÃO DAS ESTRELAS


O fogo sagrado se apaga,

Mas a brasa fica a brilhar,

Pois todo cordel que embriaga

É prece que quer despertar.

Não termina o canto, apenas dorme,

Num ciclo que o espírito forme,

No eterno recomeçar.


Da poeira nasce o mundo,

Do mundo nasce o pensar,

Do pensar nasce o profundo,

E o verbo volta ao luar.

Assim termina e principia,

O livro que é melodia,

Entre o tempo e o sonhar.


Que os astros guiem tua estrada,

Leitor, irmão universal,

Que a mente seja elevada

Ao plano mais sideral.

E que a palavra bendita

Seja a luz que nos habita

No ciclo espiritual.



SOBRE O AUTOR


Nhenety Kariri-Xocó é contador de histórias oral e escrita, guardião das tradições do povo Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio (AL).

Poeta de essência ancestral, une o verso, o mito e a filosofia cósmica em sua escrita, preservando a memória dos antigos e revelando o espírito sagrado das origens humanas.

Sua obra é ponte entre o visível e o invisível, o passado e o futuro, o humano e o divino — um testemunho vivo da sabedoria indígena e universal.



SOBRE A OBRA


O Carvão da Eternidade Chamado Rabynhiu é uma viagem poética pelas origens do universo segundo a visão espiritual dos povos e da consciência cósmica.

Entre ciência e mito, entre o fogo e o verbo, a narrativa transforma-se em canto, revelando o elo entre a poeira das estrelas e o coração humano.

Cada capítulo é um círculo de revelação, em que o universo se autoconhece através da palavra, como se o cordel fosse o eco primeiro da Criação.

Esta obra foi inspirada e fundamentada no artigo publicado no blog “KXNHENETY.BLOGSPOT.COM", disponível em:  

https://kxnhenety.blogspot.com/2025/05/o-carvao-da-eternidade-chamado-rabynhiu.html?m=0 , seguindo uma estrutura acadêmica nos moldes da ABNT e respaldada em referenciais históricos e culturais que unem a tradição oral ao conhecimento erudito. 





Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




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