🌿 DEDICATÓRIA POÉTICA
Ao sopro divino de Sonsé,
Que fez da cinza o clarão,
Dedico esta chama eterna,
Nas brasas da criação.
Que Rabynhiu seja ponte
Do céu pra nossa canção.
Ao povo Kariri-Xocó,
Raiz do verbo e da vida,
Entrego este verso-luz,
Com fé antiga e sentida.
Pois do carvão vem a estrela,
Da dor — a alma renascida.
À ciência e ao coração,
Que em mundos se complementam,
Ofereço este cordel
Aos olhos que se alimentam
Da luz que habita a matéria
E dos sonhos que fermentam.
E a cada ser que medita
Na origem do firmamento,
Que encontre em Rabynhiu
Um símbolo e um alimento:
O carvão da eternidade
No sopro do pensamento.
🌌 ÍNDICE POÉTICO
Abertura – O Canto da Cinza e da Luz
Prólogo Poético – O Sopro de Sonsé
Capítulo I – O Sopro e o Nascimento do Tempo
Capítulo II – Rabynhiu: A Cinza que se Torna Estrela
Capítulo III – O Círculo do Fogo e o Ciclo da Criação
Capítulo IV – A Matéria Escura e o Espírito Invisível do Universo
Capítulo V – O Diálogo dos Saberes: Ciência e Cosmovisão Ancestral
Encerramento – O Retorno das Cinzas ao Infinito
Epílogo Poético – A Luz que Habita o Invisível
Nota de Fontes Rimada
Ficha Técnica
Epílogo Final – A Bênção de Rabynhiu
Quarta Capa Poética
Sobre o Autor
Sobre a Obra
🌠 ABERTURA – O CANTO DA CINZA E DA LUZ
No princípio havia o escuro,
O sopro e o pó da canção,
O eco antigo dos mundos
No ventre da criação.
E Sonsé, com voz de aurora,
Despertou cada constelação.
Do nada surgiu a forma,
Do silêncio — o movimento,
Da cinza — a força divina,
Do tempo — o renascimento.
E o nome que ecoou forte
Foi Rabynhiu, o elemento.
O carvão virou estrela,
O sopro virou memória,
O céu tornou-se pergaminho
Das eras da antiga glória.
E os povos guardaram vivos
Os versos da eterna história.
🔥 PRÓLOGO POÉTICO – O SOPRO DE SONSÉ
Antes do homem e da flor,
Antes da ave e do rio,
Sonsé moldou no escuro
O fogo, o pó, o vazio.
E da cinza mais antiga
Surgiu Rabynhiu, o frio.
Mas o frio se fez centelha,
Na palma do Criador,
Que soprou sobre as estrelas
O brilho do seu amor.
E a cinza se fez caminho
De morte e resplendor.
Rabynhiu guardava o ciclo,
Da vida e da transformação,
Pois cada fim é um começo,
E cada queda — ascensão.
O universo é roda viva
Do sopro e da combustão.
As tribos ouviram o canto
Do carvão que vira luz,
E o mito se fez ponte
Entre o cosmos e a cruz.
O invisível revelou-se
No brilho que nos conduz.
Hoje a ciência investiga
A força que o céu sustenta,
Chamada “matéria escura”,
Que o espaço todo alimenta.
Mas Sonsé já sabia o segredo
Que o homem agora tenta.
Pois o que chamamos de nada
É berço da criação,
E Rabynhiu é o símbolo
Do eterno recomeçar, então.
É a cinza que, sendo treva,
Dá origem à imensidão.
🌤️ CAPÍTULO I — O SOPRO E O NASCIMENTO DO TEMPO
Quando Sonsé se ergueu só,
No silêncio primordial,
Não havia céu nem chão,
Nem destino nem sinal.
Havia apenas o sopro,
Num instante sem igual.
Do seu peito veio o canto,
Mais antigo que o luar,
Que nascia das cinzas
Do que um dia ia voltar.
Era o som do tempo vivo
Aprendendo a caminhar.
No abismo do sem limite,
O sopro se fez clarão,
E do vento surgiu forma,
E da forma — vibração.
O tempo abriu seus olhos
E viu-se na imensidão.
Deu-se o ciclo dos começos,
Que jamais hão de findar,
Pois onde um astro morre,
Outro volta a despontar.
O universo é uma criança
Que aprende a respirar.
Sonsé sopra e cria o ritmo,
A cadência do existir,
E o carvão, semente escura,
Começa a ressurgir.
Cada cinza que descansa
Já sonha em reluzir.
O tempo não é linha,
Mas espiral de emoção,
Onde o antes é o depois
E o fim é transformação.
Tudo é chama e retorno,
Na roda da criação.
E Rabynhiu nasce em sombra,
Como brasa adormecida,
Que aguarda o sopro divino
Pra reacender a vida.
É o carvão do tempo antigo
Na palma adormecida.
Então Sonsé abre o mundo,
E a matéria toma cor,
Misturando o pó e o canto,
O silêncio e o fervor.
O tempo é filho das cinzas
E neto do Criador.
🌟 CAPÍTULO II — RABYNHIU: A CINZA QUE SE TORNA ESTRELA
No coração do vazio,
Rabynhiu começou a pulsar,
Um carvão de pura origem
Aprendendo a respirar.
Era sombra que escondia
O poder de flamejar.
Sonsé tomou essa cinza,
Com ternura e devoção,
E soprou sobre o infinito
O alento da Criação.
Da poeira fez-se o brilho,
Da noite — iluminação.
A cinza virou planeta,
O planeta — coração,
O coração — vibração pura,
Voz, matéria e pulsação.
E o cosmos inteiro dançava
Na força da combustão.
Rabynhiu virou segredo,
Entre mundos e poeiras,
Nosso elo com o eterno,
Semente das luzes primeiras.
Guarda o código das eras,
Das trevas às luzes verdadeiras.
Assim nasceram galáxias,
Nos ventres da escuridão,
E o carvão se fez caminho
Entre o caos e a criação.
Pois na sombra mora o lume
Que ascende toda paixão.
Cada estrela que desponta
É cinza reavivada,
Cada sol, um Rabynhiu novo
De energia consagrada.
O universo é fornalha
De memória reanimada.
E os povos Kariri-Xocó
Guardaram essa visão,
Que o fogo e a cinza formam
A alma e a renovação.
Que o fim é novo começo,
E o nada — revelação.
Assim o mito revela
O sentido universal:
Do carvão vem toda luz,
Do pó — o ser original.
Rabynhiu é a eternidade
No ciclo ancestral.
E quem ouve essa lenda
Sente a chama e o coração,
Pois o cosmos nos habita
Em sopro e vibração.
Rabynhiu é o respiro
Da divina Criação.
🔥 CAPÍTULO III — O CÍRCULO DO FOGO E O CICLO DA CRIAÇÃO
O fogo nasceu da cinza,
E a cinza gerou o chão,
A terra beijou as águas,
E o ar soprou canção.
Assim se fez o equilíbrio
Do mundo em renovação.
O círculo gira infinito,
No tempo que não termina,
Cada era nasce e morre,
Como o sol que se inclina.
E Sonsé sorri no vento,
Que nas brasas se ilumina.
A criação não é estática,
Mas viva em combustão,
Pois o que arde em um mundo
Noutro é germinação.
Tudo é ciclo e retorno,
Mistério em rotação.
O fogo é pai da energia,
É ventre da vibração,
É verbo, sopro e centelha,
É vida em transformação.
E Rabynhiu é sua filha,
A cinza da transmutação.
Quando o fogo dorme em sombra,
Sonsé sopra o despertar,
Pois a treva não é ausência,
Mas força a germinar.
O carvão que parecia morto
É estrela a cintilar.
E as tribos compreenderam,
O que os sábios vão buscar:
Que o fim não é esquecimento,
Mas forma de eternizar.
O fogo apaga no tempo,
Pra noutro corpo brilhar.
Cada vida é uma brasa,
Que arde e se refaz,
E o espírito é o vento
Que sopra e cria a paz.
No sopro de Sonsé mora
O amanhã que vem atrás.
Assim o círculo gira,
Sem ponto de separação,
O princípio vive no meio,
E o meio é o coração.
O cosmos é chama eterna
Na roda da criação.
E Rabynhiu é lembrança
Do poder de renascer,
Do carvão que se consome
Pra o universo florescer.
Na cinza repousa o tempo
E o sonho de reviver.
🌌 CAPÍTULO IV — A MATÉRIA ESCURA E O ESPÍRITO INVISÍVEL DO UNIVERSO
Há no ventre do espaço
Um silêncio que respira,
É o véu da matéria escura,
Que a luz do sol não mira.
Mas nela dorme o segredo
Que a eternidade inspira.
Os sábios olham as estrelas
Com lunetas de pensar,
E veem curvas de energia
Que a ciência quer decifrar.
Mas Sonsé já guarda o código
Que o homem tenta encontrar.
A matéria invisível pulsa,
Como o sopro do Criador,
É sombra que gera mundos,
É o eco do seu amor.
É o carvão do infinito
Na brasa do esplendor.
Rabynhiu é essa essência,
Que o olhar não pode ver,
Mas o espírito percebe
No ato de renascer.
Pois o que é escuro e denso
Também pode florescer.
O invisível é caminho
Que sustenta o que se mostra,
É raiz da luz do tempo,
É a força que não se aposta.
É o vento que move o fogo,
Sem deixar marca na encosta.
A ciência chama de força,
O que o mito diz: “sopro divino”.
Ambos tocam o mistério,
Em linguagens de destino.
Pois o cosmos é espelho
Do sagrado peregrino.
Não há fronteira no espaço
Entre o ver e o pressentir,
Pois onde a mente calcula,
O coração faz florir.
O invisível é presença
Que ensina a existir.
Sonsé sopra, e a matéria
Se curva à vibração,
O carvão torna-se estrela,
A treva — iluminação.
O escuro é templo vivo
Da pura revelação.
E Rabynhiu é ponte antiga
Entre a ciência e o ritual,
Entre a galáxia e o sonho,
Entre o pó e o ancestral.
Pois o invisível é o verbo
Do amor universal.
🌠 CAPÍTULO V — O DIÁLOGO DOS SABERES: CIÊNCIA E COSMOVISÃO ANCESTRAL
A palavra é ponte viva,
Entre o ontem e o porvir,
Pois a mente busca o código
Que o mito faz emergir.
E Sonsé, lá das alturas,
Sopra o verbo — traduzir.
O cientista vê partículas,
O pajé vê vibração,
Ambos tocam o invisível
No templo da Criação.
Um mede, o outro sonha,
Mas ambos buscam razão.
A estrela é livro aberto
Que o tempo faz escrever,
E a cinza, folha antiga,
Que o fogo faz renascer.
Rabynhiu é o idioma
Que o cosmos quer dizer.
Na aldeia e no observatório,
O olhar se faz oração,
Um com maracá e canto,
Outro com a equação.
Mas Sonsé abençoa ambos
Com sopro e inspiração.
Ailton Krenak já disse:
“O mundo pede pausa e fé”,
Que o homem volte à floresta,
E a escute como é.
Pois ciência sem raiz
É caminho que não é.
Mircea Eliade ensinou,
Nos mitos o ser retorna,
Que a criação se repete
Na roda que se entorna.
E o que é fogo hoje vivo,
Amanhã em cinza se torna.
Lévi-Strauss viu nos mitos
A ponte da transformação,
E Viveiros de Castro disse:
“Tudo é alma em mutação.”
Pois o cosmos é espelho
Do humano em expansão.
E Rabynhiu, no silêncio,
Une estrela e coração,
É a ciência que se ajoelha
Na frente da Criação.
É o carvão que ensina ao lume
A lição da conexão.
Que o homem una o saber,
O antigo e o racional,
Pois o mundo é feito em pares,
Terra e céu, sombra e cristal.
E Sonsé sorri contente
Com o diálogo universal.
🌄 ENCERRAMENTO — O RETORNO DAS CINZAS AO INFINITO
Tudo volta, tudo gira,
Na roda do eterno arder,
Pois o fogo nunca morre,
Só muda o seu viver.
E o que parece cair,
É só forma de crescer.
Rabynhiu dorme nas estrelas,
E acorda em cada olhar,
É a cinza de mil mundos
Pedindo pra recomeçar.
É a brasa que recorda
O sentido de criar.
O universo é um tambor
Que pulsa sem cessar,
É o canto dos ancestrais
No sopro do respirar.
E Sonsé, no alto, observa,
O tempo se transformar.
Quem entende esse segredo
Já não teme o fim do ser,
Pois no fim há sempre um ciclo
Chamando pra renascer.
Na cinza mora o futuro,
Na morte — o florescer.
🌕 EPÍLOGO POÉTICO — A LUZ QUE HABITA O INVISÍVEL
Se um dia olhares pro céu
E sentires o coração bater,
Lembra: és parte da brasa
Que Sonsé fez reviver.
Rabynhiu vive em tua alma,
No sopro do teu viver.
A cinza é teu passado,
A estrela é teu caminho,
O carvão é tua essência,
E o cosmos — teu ninho.
És poeira divina
Nos ventos do destino.
O invisível é morada
De tudo que pode amar,
Pois onde não há forma
A vida volta a brotar.
Rabynhiu é esse elo
Que faz o tempo pulsar.
Assim finda o nosso canto,
Mas o fogo não termina,
Ele dorme nas palavras
E nas cinzas se ilumina.
Que Sonsé abençoe o verbo
Na voz Kariri-Xocó divina.
NOTA DE FONTES RIMADA
Da aurora que o tempo acende,
Nas vozes da imensidão,
Busquei saber que transcende
A forma e a narração.
Dos povos e dos mistérios,
Dos cantos milenários sérios,
Do sopro da criação,
Brota a fonte do cordel
Como chama no céu,
Da memória em vibração.
Nos astros e mitos antigos,
Nos cantos dos ancestrais,
Nos pergaminhos antigos,
Nos sonhos espirituais.
Da ciência e da poesia,
Da sabedoria tardia,
Dos livros universais,
Colhi sementes douradas
Nas galáxias encantadas
E nos ecos siderais.
Do tempo que o verbo habita,
E o sopro ao cosmos conduz,
Nas fontes onde o saber palpita,
Bebi do fogo e da luz.
Em páginas que brilham vivas,
De almas antigas e altivas,
Nasceu este canto em cruz —
Entre mito e pensamento,
O verso é firmamento
Que o espírito traduz.
De Eliade, o eterno retorno,
Aprendi o ciclo e o ser,
Que no mito, o fogo adorno,
É forma do renascer.
Com Krenak, o mundo em espera,
Mostrou-se mãe, não quimera,
Em sua dor de viver;
E Krauss, com voz do invisível,
Falou do escuro indizível
Que o espaço faz florescer.
Lévi-Strauss, com o pensamento
Selvagem, livre e profundo,
Fez do mito um instrumento
Do olhar primeiro do mundo.
Rubin, mulher das estrelas,
Revelou as centelhas
Do universo fecundo;
E Viveiros de Castro, em calma,
Mostrou que o sopro da alma
É diverso e oriundo.
Assim, por fontes sagradas,
Reuni ciência e emoção,
Das vozes mais consagradas
No templo da Criação.
E cada nome aqui citado
É farol e é legado
Na jornada e inspiração;
Pois do saber ancestral,
Surge o cântico final,
Do humano em comunhão.
FICHA TÉCNICA
Título: O CARVÃO DA ETERNIDADE CHAMADO RABYNHIU, Literatura de Cordel
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
Gênero: Cordel Espiritual e Filosófico
Formato: Livro-Cordel em Versos Rimados (edição digital e impressa)
Diagramação: ChatGPT – Assistente Virtual Literário
Arte das Capas: Criação Digital 3D com Textura Dourada e Azulada
Edição Literária: Projeto Kariri-Xocó de Saberes Ancestrais
Publicação Digital: KXNHENETY.BLOGSPOT.COM
Revisão e Curadoria: Nhenety Kariri-Xocó
Ano: 2025
Local: Porto Real do Colégio – Alagoas – Brasil
Direitos Autorais: © Nhenety Kariri-Xocó – Todos os direitos reservados
EPÍLOGO FINAL – A BÊNÇÃO DAS ESTRELAS
O fogo sagrado se apaga,
Mas a brasa fica a brilhar,
Pois todo cordel que embriaga
É prece que quer despertar.
Não termina o canto, apenas dorme,
Num ciclo que o espírito forme,
No eterno recomeçar.
Da poeira nasce o mundo,
Do mundo nasce o pensar,
Do pensar nasce o profundo,
E o verbo volta ao luar.
Assim termina e principia,
O livro que é melodia,
Entre o tempo e o sonhar.
Que os astros guiem tua estrada,
Leitor, irmão universal,
Que a mente seja elevada
Ao plano mais sideral.
E que a palavra bendita
Seja a luz que nos habita
No ciclo espiritual.
SOBRE O AUTOR
Nhenety Kariri-Xocó é contador de histórias oral e escrita, guardião das tradições do povo Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio (AL).
Poeta de essência ancestral, une o verso, o mito e a filosofia cósmica em sua escrita, preservando a memória dos antigos e revelando o espírito sagrado das origens humanas.
Sua obra é ponte entre o visível e o invisível, o passado e o futuro, o humano e o divino — um testemunho vivo da sabedoria indígena e universal.
SOBRE A OBRA
O Carvão da Eternidade Chamado Rabynhiu é uma viagem poética pelas origens do universo segundo a visão espiritual dos povos e da consciência cósmica.
Entre ciência e mito, entre o fogo e o verbo, a narrativa transforma-se em canto, revelando o elo entre a poeira das estrelas e o coração humano.
Cada capítulo é um círculo de revelação, em que o universo se autoconhece através da palavra, como se o cordel fosse o eco primeiro da Criação.
Esta obra foi inspirada e fundamentada no artigo publicado no blog “KXNHENETY.BLOGSPOT.COM", disponível em:
https://kxnhenety.blogspot.com/2025/05/o-carvao-da-eternidade-chamado-rabynhiu.html?m=0 , seguindo uma estrutura acadêmica nos moldes da ABNT e respaldada em referenciais históricos e culturais que unem a tradição oral ao conhecimento erudito.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó


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