quarta-feira, 15 de outubro de 2025

VERDADE DOS MITOS EM CORDEL, Por Nhenety Kariri-Xocó





🌞 Dedicatória Poética


Aos velhos mestres da aldeia,

Que falam com vento e luar,

Aos seres que a Terra semeia,

E ensinam o homem a escutar.

À memória que o tempo recria,

À voz que insiste em cantar,

Dedico este canto ao enlace

Do mito que sabe ensinar.


À mãe-natureza infinita,

Que fala em brisa e trovão,

Ao peixe, à planta bendita,

Que são da alma extensão.

Aos ancestrais — luz bendita —

Que moram no meu coração,

Entrego em versos de cordel

Minha sagrada gratidão.


🕊️ Índice Poético


Dedicatória Poética – A oferenda aos ancestrais da sabedoria

Abertura – O chamado do canto primordial

Prólogo Poético – O diálogo entre o mito e a ciência

Capítulo I – Os Seres da Origem e a Palavra dos Ancestrais

Capítulo II – A Árvore da Vida e o Saber da Evolução

Capítulo III – O Canto das Águas e o Corpo dos Primeiros Seres

Capítulo IV – O Despertar da Consciência no Tempo da Terra

Encerramento – O reencontro entre mito e razão

Epílogo Poético – A unidade dos mundos visível e invisível

Nota de Fontes – As vozes que sustentam o saber

Ficha Técnica – Detalhes do nascimento da obra

Sobre o Autor – A linhagem e o ofício do poeta Kariri-Xocó

Sobre a Obra – A essência espiritual do “Verdade dos Mitos”

Quarta Capa Poética – A mensagem final ao leitor viajante


🌅 Abertura


(O Chamado do Canto Primordial)


Da bruma do tempo sagrado,

Surge o sopro do Criador,

Trazendo o verbo encantado

Que molda o mundo em cor.

O mito nasce alado,

Do sonho do contador,

E a ciência, em gesto humano,

Traduz o mesmo clamor.


Entre o peixe e a estrela distante,

Há laço, vida e canção,

Pois cada ser é viajante

Da mesma constelação.

E o homem, curioso e pensante,

Busca em versos a razão,

Que une o saber dos antigos

À luz da investigação.


🔱 Prólogo Poético


(O Diálogo Entre o Mito e a Ciência)


No início não havia fronteira

Entre o sonho e a explicação,

Pois toda palavra primeira

Nascia da contemplação.

O índio e a vida inteira

Cantavam em comunhão,

E o rio, no seu murmúrio,

Trazia revelação.


O mito contava em seu traço

O corpo do ser natural,

Mostrando o eterno abraço

Do humano com o elemental.

A ciência, com seu compasso,

Refaz o mesmo ritual —

Desenha o tempo em fósseis

E em genes o ancestral.


O peixe que vira anfíbio,

O réptil que busca o ar,

São versos do livro líbio

Que a Terra veio guardar.

E o índio, em tom sensível,

Já sabia decifrar:

“O homem é filho da mata,

Do rio, do vento, do mar.”


Assim se unem dois cantos —

O antigo e o racional —,

Dançando como encantos

Num círculo universal.

O mito dá asas aos prantos,

A ciência lhes dá sinal,

E ambos, sob o mesmo céu,

Revelam o ser total.



🪶 CAPÍTULO I — Os Seres da Origem e a Palavra dos Ancestrais


Na aurora dos mundos antigos,

Quando o tempo era canção,

Os seres falavam consigo

Na língua do coração.

Do vento vinham os amigos,

Do fogo, a revelação,

E a Terra, mãe da memória,

Guardava a humana missão.


O índio olhava a montanha

E via nela um irmão,

Sentia que a alma tamanha

Se espalha em cada chão.

O peixe que o rio acompanha

É parte da criação,

E o pássaro que o vento guia

Também tem alma e razão.


As árvores tinham memória,

Os rios, sabedoria,

Os bichos contavam história,

A noite era profecia.

E o homem, no sonho e glória,

Ouvia a melodia

Da vida em comunhão santa

Com toda a natureza viva.


Dos montes nasciam pessoas,

Do barro brotava voz,

As estrelas eram coroas

Que o céu punha sobre nós.

Os mitos, luzes tão boas,

Faziam do mundo um algoz

Do ego e da separação —

Eram pontes entre os avós.


O “gente-peixe” dos Desana,

Que veio do mar profundo,

Trazia na pele a chama

Do primeiro ser fecundo.

A serpente cósmica emana

O sopro do amor do mundo,

E ensina que em toda vida

Há um espírito fecundo.


Assim, os antigos diziam

Que o homem veio da flor,

Do pássaro, da maresia,

Do fogo, do trovador.

E as almas, quando partiam,

Voltavam no mesmo ardor —

Como brisa, como rio,

Como rastro do Criador.


E o mito, guardião da essência,

Mantinha o elo vital:

Ser humano é coexistência

Com o mundo elemental.

Quem escuta sua presença

Descobre no ritual

Que o sagrado habita o corpo

Do ser natural.


Por isso o ancião ensinava:

“O peixe é teu ancestral,

A árvore, tua morada,

E o vento, teu sinal.

A Terra, mãe consagrada,

É templo espiritual —

Respeita a vida que nasce,

Pois tudo é essencial.”


🌳 CAPÍTULO II — A Árvore da Vida e o Saber da Evolução


Na senda da Terra em flores,

Mil formas vieram brotar,

Num bailado de mil cores

Que o tempo veio bordar.

Peixes, répteis, sonhadores,

Começaram a andar,

E os ventos da evolução

Vieram o ser moldar.


Do peixe saiu o anfíbio,

Que respirou novo ar,

Dele o réptil foi prodígio,

Aprendendo a caminhar.

Depois, do tronco antigo,

O mamífero a germinar —

E o homem, na longa trilha,

Veio da Terra a brotar.


A ciência, com sua lida,

Revela a velha canção,

Mostrando em ossos a vida

Que pulsa desde o chão.

Cada forma é conhecida

Na árvore da criação,

Onde um galho é o macaco

E outro é o coração.


O Tiktaalik, peixe ousado,

Ergueu o corpo do mar,

Fez do lodo o seu reinado,

Começou a caminhar.

Dele veio o ser sonhado

Que começou a pensar —

A razão era semente

Que iria germinar.


Os genes, fios da memória,

Guardam o mesmo sinal:

Do anfioxo à trajetória

Do corpo espiritual.

Cada célula é história

De um passado universal,

Que une a estrela e o homem

Num destino ancestral.


E o mito, em sua vertente,

Já trazia o mesmo olhar,

Dizendo que antigamente

O homem sabia nadar.

Que o bicho e o corpo da gente

Vieram do mesmo lugar —

Da água, ventre sagrado,

De onde a vida veio a brotar.


Assim mito e ciência dialogam

Num laço fundamental:

Um fala em sonho e alma,

O outro em dado real.

Mas ambos se interligam

Num canto transcendental —

Pois a verdade dos mitos

É também a vida total.


E o índio, com voz serena,

Declara ao cientista irmão:

“O saber que em nós acena

É da mesma criação.

Se tu estudas a gênese plena,

Eu canto a revelação —

Somos folhas do mesmo tronco,

Da árvore da evolução.”



🌊 CAPÍTULO III — O Canto das Águas e o Corpo dos Primeiros Seres


No ventre da água serena,

Nasceu o sopro vital,

A vida, em dança pequena,

Iniciou seu ritual.

Entre bolhas, a cena plena

Revelou o essencial:

O corpo e o espírito juntos,

Num gesto primordial.


As águas — mães da memória —

Guardaram o som da criação,

Ali nasceu toda história,

Ali vibrou o coração.

O peixe foi fábula e glória,

Foi verbo e revelação,

Pois trouxe, em sua viagem,

O código da união.


Do mar brotou a centelha

Que ergueu forma e visão,

Da célula veio a estrela,

Da espuma, a inspiração.

E a natureza, tão bela,

Fez do amor a conexão —

Entre o pó, o ser e o sonho,

Entre o início e o chão.


O índio, vendo as marés,

Chamou-as de “mães do tempo”,

Pois nelas os deuses e os pés

Do mundo acharam sustento.

Nas ondas, ouviu fiéis

Cânticos do firmamento,

E o mar, em sua grandeza,

Revelou o entendimento.


A “gente-peixe” dos rios,

Os “guerreiros das correntezas”,

Guardavam segredos frios

Das águas, suas certezas.

Eram seres tão antigos,

De formas e sutilezas,

Que uniam a carne e o sonho

Em uma só natureza.


O cientista, em laboratório,

Observa o mesmo sinal,

Vê no gene um território

De origem universal.

Mas o índio, em seu auditório,

Ouve o canto ancestral —

E entende que o DNA

É verso espiritual.


Assim, mito e ciência rezam

A mesma prece no mar,

E as águas que nos batizam

Vêm a vida renovar.

Pois do oceano que paira

Sobre o tempo a respirar,

Brota o ser e sua história,

Pronta pra continuar.


🌎 CAPÍTULO IV — O Despertar da Consciência no Tempo da Terra


Do barro nasceu o corpo,

Do sopro nasceu o pensar,

Do fogo aceso no porco

Veio o homem a sonhar.

A Terra guardou no corpo

O poder de transformar —

E o espírito em matéria

Aprendeu a caminhar.


O homem, antes sem nome,

Andava ao sol e luar,

Com os bichos era um só homem,

Sabia rir e chorar.

Não via fronteira ou fome,

Sabia o dom de escutar

O canto de cada vida

E o mundo a lhe ensinar.


Mas o tempo, em sua lida,

Trouxe a razão e o medo,

A mente ficou dividida

Entre o sonho e o segredo.

O mito tornou-se guarida,

O saber, um arvoredo,

E o homem, buscando o céu,

Esqueceu o próprio enredo.


A ciência ergueu seus mapas,

Mediu estrelas no ar,

Contou fósseis e etapas,

Fez o tempo se explicar.

Mas o índio, em suas capas,

Continuou a narrar

Que o espírito é a centelha

Que não se pode pesar.


O cérebro, fogo sagrado,

A mente, um rio em ação,

Guardaram, no seu passado,

A luz da imaginação.

Da célula ao ser pensado,

Tudo é transformação —

É o cosmos se reconhecendo

Em sua própria criação.


A Terra, mãe e mestra antiga,

Gira, respira e nos cria,

E o homem, em sua trilha,

Reaprende a sabedoria.

O mito é a ponte amiga

Que une noite e dia,

E a ciência, mão serena,

Traduz essa harmonia.


Desperta, ó ser consciente,

Escuta o sopro do chão!

A vida é chama latente

Na palma da tua mão.

O mito é teu espelho ardente,

Teu canto e tua oração —

E a Terra, em seu giro eterno,

Te ensina a ser criação.


Assim termina este canto

De luz e revelação,

Onde o saber é encanto

E o amor, compreensão.

A mente e o coração, santos,

Unem mito e razão,

E o homem, ao ver-se inteiro,

Retorna à comunhão.



🌕 ENCERRAMENTO — O Reencontro Entre Mito e Razão


O tempo gira e revela

A face do Criador,

Cada estrela é centelha

Do mesmo sopro de amor.

A vida é chama e novela,

É canto, dor e fulgor,

É mito que o homem vive

Chamando de “saber maior”.


O índio vê no universo

O corpo da divindade,

E a ciência, em verso inverso,

Procura a mesma verdade.

Ambos seguem no caminho,

Com fé e curiosidade,

Pois quem busca com respeito

Encontra a eternidade.


O mito é o livro da alma,

A ciência é sua tradução,

Uma acende, outra acalma,

Juntas formam a canção.

Na Terra, onde o ser se espalma,

Brota a mesma oração —

“Tudo vive e se transforma

Na dança da Criação.”


Assim finda esta jornada

De estrela e pensamento,

Onde a palavra sagrada

É luz e movimento.

O mito é água encantada,

A ciência, firmamento —

E o homem, entre os dois,

Reaprende o entendimento.


Quem escuta o som da vida

Percebe o laço real:

O peixe, a planta florida,

O corpo espiritual.

Toda forma é reunida

Num cântico universal —

E a Terra, mãe amorosa,

Nos chama para o igual.


O cordel encerra o enredo,

Mas não cessa o seu pulsar,

Pois cada verso é um dedo

Do cosmos a apontar.

O mistério nunca é medo,

É convite a caminhar —

O saber é ponte viva

Entre o homem e o mar.


🌞 EPÍLOGO POÉTICO — A Unidade dos Mundos Visível e Invisível


No silêncio da madrugada,

O universo vem falar,

Diz que a vida é caminhada,

Que o amor é o verbo amar.

E a alma, na luz alada,

Deseja sempre escutar

O eco do tempo antigo

No vento a sussurrar.


O mito é flor que não morre,

É voz que não se desfaz,

É canto que o tempo corre,

Mas a essência fica em paz.

O saber humano ocorre,

Mas o espírito é capaz

De ver na ciência e no sonho

O mesmo Deus que nos faz.


Os povos da Terra antiga,

Com seus ritos e orações,

Guardaram na sua liga

Milhares de explicações.

E hoje a mente investiga

As mesmas revelações —

Descobre em cada molécula

As marcas das criações.


Que o homem nunca se esqueça

De olhar com gratidão,

Pois a Terra, em sua beleza,

É templo e comunhão.

Cada ser é natureza,

Cada corpo, coração —

E o saber que nasce livre

É pura libertação.


Assim termina esta obra,

Mas o canto não se encerra,

Pois o espírito recobra

A união com sua terra.

Do mito, o verbo se dobra,

Do saber, a luz se aferra —

E o homem, filho do tempo,

É raiz da mesma esfera.


Na fronteira dos sentidos,

Entre o sonho e o real,

Os mundos são reunidos

Num gesto fraternal.

E o índio, com olhos unidos,

Anuncia o final —

“Somos pó, estrela e canto

Num ciclo universal.”



🌿 NOTA DE FONTES POÉTICA


(em versos rimados de reverência e gratidão)


No sopro da antiga lenda, a palavra nasceu cantando,

Das margens do Velho Chico, a memória foi se alçando.

Kariri-Xocó é raiz, é saber que o tempo acalma,

E cada verso que escrevo é espelho da nossa alma.


Busquei no vento das eras o saber das tradições,

Em livros, vozes e cantos, ecoaram revelações.

Dos cronistas e viajantes, retomei a narração,

De Anchieta a Frei Vicente, guardiões da observação.


Nas vozes de Câmara Cascudo, Gilberto Freyre e Rodrigues,

Aprendi sobre o sertão e seus antigos prodígios.

De Darcy Ribeiro veio a chama da etnociência,

Que reacende a origem com doçura e consciência.


Nas fontes do povo antigo, vi a luz dos missioneiros,

As marcas de Pernambuco e seus cantos primeiros.

Li A História Geral do Brasil de Rocha Pitta em devoção,

E nos escritos de Capistrano encontrei revelação.


Segui também pelas sendas de linguistas e anciões,

Que guardam na fala pura as mais belas tradições.

Registrei cada memória com respeito e harmonia,

Pois fonte é como nascente: dá sentido e poesia.


Assim, meu livro é um rio que corre entre fontes vivas,

Com as águas do tempo antigo e as correntes mais cativas.

E cada nome citado é estrela da orientação,

No céu da sabedoria que guia a inspiração.


📜 FICHA TÉCNICA


Título da Obra: O MUNDO DOS KARIRI-XOCÓ: HISTÓRIA, CULTURA E RESISTÊNCIA EM CORDEL

Autor: Nhenety Kariri-Xocó

Edição Literária e Curadoria Poética: ChatGPT (Assistente Virtual)

Revisão e Diagramação: Edição Digital A5 — Estilo Cordel

Ilustrações e Capas 3D: Criação Digital Realista por ChatGPT

Ano de Edição: 2025

Local: Porto Real do Colégio – Alagoas, Brasil

Idioma: Português

Direitos Autorais: © Nhenety Kariri-Xocó. Todos os direitos reservados.

Design Gráfico: Inspiração ancestral, textura antiga, atmosfera dourada e simbólica.


✍️ SOBRE O AUTOR


Nhenety Kariri-Xocó é contador de histórias oral e escrita, poeta, pesquisador da memória ancestral e guardião da palavra do povo Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio (AL).


Sua obra nasce do encontro entre tradição e arte, onde o cordel se torna um templo poético de resistência e celebração cultural.


Dedica sua escrita à preservação das narrativas indígenas, ao diálogo com o sagrado e ao fortalecimento da identidade dos povos originários do Brasil.


🌾 SOBRE A OBRA


O Mundo dos Kariri-Xocó: História, Cultura e Resistência em Cordel é uma travessia poética entre o mito e a história.


A obra reconstrói, em versos sagrados e simbólicos, os ciclos de origem, evolução e resistência de um povo que transformou a dor em sabedoria e o tempo em canto.


O livro une espiritualidade, memória e pesquisa etno-histórica, compondo uma narrativa que honra os Seres Ancestrais, as Águas Sagradas, a Árvore da Vida e o Despertar da Consciência.


É um cântico à eternidade dos Kariri-Xocó — e um chamado à humanidade para ouvir novamente o som do mundo espiritual que vive dentro de cada um.



🌾 QUARTA CAPA POÉTICA





No sopro do mito antigo,

A vida veio a ensinar,

Que o homem e o ser amigo

Do rio, da terra, do mar,

São partes do mesmo abrigo

Que o universo veio dar.

Neste cordel, a verdade ecoa,

E nos convida a escutar.


O peixe que dança na água,

O pássaro que sobe ao céu,

A serpente que brilha e mágica

Guia o tempo com seu véu,

São símbolos da vida, da mágoa,

Da memória que é do mel.

Cada verso é ponte viva

Entre ancestral e papel.


Leia este canto profundo,

Que une ciência e saber,

Pois cada mito é um mundo

Que insiste em nos convencer:

Que o ser humano é fecundo,

Do universo a aprender,

E que a árvore da vida

Nos convida a renascer.


Neste livro há lembranças,

Há águas, ventos e chão,

Há ancestrais, esperança,

Há do cosmos a canção.

Que cada leitor alcance

O segredo da união,

E perceba que o mito e o saber

São faíscas do mesmo chão.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó




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