🌞 Dedicatória Poética
Aos velhos mestres da aldeia,
Que falam com vento e luar,
Aos seres que a Terra semeia,
E ensinam o homem a escutar.
À memória que o tempo recria,
À voz que insiste em cantar,
Dedico este canto ao enlace
Do mito que sabe ensinar.
À mãe-natureza infinita,
Que fala em brisa e trovão,
Ao peixe, à planta bendita,
Que são da alma extensão.
Aos ancestrais — luz bendita —
Que moram no meu coração,
Entrego em versos de cordel
Minha sagrada gratidão.
🕊️ Índice Poético
Dedicatória Poética – A oferenda aos ancestrais da sabedoria
Abertura – O chamado do canto primordial
Prólogo Poético – O diálogo entre o mito e a ciência
Capítulo I – Os Seres da Origem e a Palavra dos Ancestrais
Capítulo II – A Árvore da Vida e o Saber da Evolução
Capítulo III – O Canto das Águas e o Corpo dos Primeiros Seres
Capítulo IV – O Despertar da Consciência no Tempo da Terra
Encerramento – O reencontro entre mito e razão
Epílogo Poético – A unidade dos mundos visível e invisível
Nota de Fontes – As vozes que sustentam o saber
Ficha Técnica – Detalhes do nascimento da obra
Sobre o Autor – A linhagem e o ofício do poeta Kariri-Xocó
Sobre a Obra – A essência espiritual do “Verdade dos Mitos”
Quarta Capa Poética – A mensagem final ao leitor viajante
🌅 Abertura
(O Chamado do Canto Primordial)
Da bruma do tempo sagrado,
Surge o sopro do Criador,
Trazendo o verbo encantado
Que molda o mundo em cor.
O mito nasce alado,
Do sonho do contador,
E a ciência, em gesto humano,
Traduz o mesmo clamor.
Entre o peixe e a estrela distante,
Há laço, vida e canção,
Pois cada ser é viajante
Da mesma constelação.
E o homem, curioso e pensante,
Busca em versos a razão,
Que une o saber dos antigos
À luz da investigação.
🔱 Prólogo Poético
(O Diálogo Entre o Mito e a Ciência)
No início não havia fronteira
Entre o sonho e a explicação,
Pois toda palavra primeira
Nascia da contemplação.
O índio e a vida inteira
Cantavam em comunhão,
E o rio, no seu murmúrio,
Trazia revelação.
O mito contava em seu traço
O corpo do ser natural,
Mostrando o eterno abraço
Do humano com o elemental.
A ciência, com seu compasso,
Refaz o mesmo ritual —
Desenha o tempo em fósseis
E em genes o ancestral.
O peixe que vira anfíbio,
O réptil que busca o ar,
São versos do livro líbio
Que a Terra veio guardar.
E o índio, em tom sensível,
Já sabia decifrar:
“O homem é filho da mata,
Do rio, do vento, do mar.”
Assim se unem dois cantos —
O antigo e o racional —,
Dançando como encantos
Num círculo universal.
O mito dá asas aos prantos,
A ciência lhes dá sinal,
E ambos, sob o mesmo céu,
Revelam o ser total.
🪶 CAPÍTULO I — Os Seres da Origem e a Palavra dos Ancestrais
Na aurora dos mundos antigos,
Quando o tempo era canção,
Os seres falavam consigo
Na língua do coração.
Do vento vinham os amigos,
Do fogo, a revelação,
E a Terra, mãe da memória,
Guardava a humana missão.
O índio olhava a montanha
E via nela um irmão,
Sentia que a alma tamanha
Se espalha em cada chão.
O peixe que o rio acompanha
É parte da criação,
E o pássaro que o vento guia
Também tem alma e razão.
As árvores tinham memória,
Os rios, sabedoria,
Os bichos contavam história,
A noite era profecia.
E o homem, no sonho e glória,
Ouvia a melodia
Da vida em comunhão santa
Com toda a natureza viva.
Dos montes nasciam pessoas,
Do barro brotava voz,
As estrelas eram coroas
Que o céu punha sobre nós.
Os mitos, luzes tão boas,
Faziam do mundo um algoz
Do ego e da separação —
Eram pontes entre os avós.
O “gente-peixe” dos Desana,
Que veio do mar profundo,
Trazia na pele a chama
Do primeiro ser fecundo.
A serpente cósmica emana
O sopro do amor do mundo,
E ensina que em toda vida
Há um espírito fecundo.
Assim, os antigos diziam
Que o homem veio da flor,
Do pássaro, da maresia,
Do fogo, do trovador.
E as almas, quando partiam,
Voltavam no mesmo ardor —
Como brisa, como rio,
Como rastro do Criador.
E o mito, guardião da essência,
Mantinha o elo vital:
Ser humano é coexistência
Com o mundo elemental.
Quem escuta sua presença
Descobre no ritual
Que o sagrado habita o corpo
Do ser natural.
Por isso o ancião ensinava:
“O peixe é teu ancestral,
A árvore, tua morada,
E o vento, teu sinal.
A Terra, mãe consagrada,
É templo espiritual —
Respeita a vida que nasce,
Pois tudo é essencial.”
🌳 CAPÍTULO II — A Árvore da Vida e o Saber da Evolução
Na senda da Terra em flores,
Mil formas vieram brotar,
Num bailado de mil cores
Que o tempo veio bordar.
Peixes, répteis, sonhadores,
Começaram a andar,
E os ventos da evolução
Vieram o ser moldar.
Do peixe saiu o anfíbio,
Que respirou novo ar,
Dele o réptil foi prodígio,
Aprendendo a caminhar.
Depois, do tronco antigo,
O mamífero a germinar —
E o homem, na longa trilha,
Veio da Terra a brotar.
A ciência, com sua lida,
Revela a velha canção,
Mostrando em ossos a vida
Que pulsa desde o chão.
Cada forma é conhecida
Na árvore da criação,
Onde um galho é o macaco
E outro é o coração.
O Tiktaalik, peixe ousado,
Ergueu o corpo do mar,
Fez do lodo o seu reinado,
Começou a caminhar.
Dele veio o ser sonhado
Que começou a pensar —
A razão era semente
Que iria germinar.
Os genes, fios da memória,
Guardam o mesmo sinal:
Do anfioxo à trajetória
Do corpo espiritual.
Cada célula é história
De um passado universal,
Que une a estrela e o homem
Num destino ancestral.
E o mito, em sua vertente,
Já trazia o mesmo olhar,
Dizendo que antigamente
O homem sabia nadar.
Que o bicho e o corpo da gente
Vieram do mesmo lugar —
Da água, ventre sagrado,
De onde a vida veio a brotar.
Assim mito e ciência dialogam
Num laço fundamental:
Um fala em sonho e alma,
O outro em dado real.
Mas ambos se interligam
Num canto transcendental —
Pois a verdade dos mitos
É também a vida total.
E o índio, com voz serena,
Declara ao cientista irmão:
“O saber que em nós acena
É da mesma criação.
Se tu estudas a gênese plena,
Eu canto a revelação —
Somos folhas do mesmo tronco,
Da árvore da evolução.”
🌊 CAPÍTULO III — O Canto das Águas e o Corpo dos Primeiros Seres
No ventre da água serena,
Nasceu o sopro vital,
A vida, em dança pequena,
Iniciou seu ritual.
Entre bolhas, a cena plena
Revelou o essencial:
O corpo e o espírito juntos,
Num gesto primordial.
As águas — mães da memória —
Guardaram o som da criação,
Ali nasceu toda história,
Ali vibrou o coração.
O peixe foi fábula e glória,
Foi verbo e revelação,
Pois trouxe, em sua viagem,
O código da união.
Do mar brotou a centelha
Que ergueu forma e visão,
Da célula veio a estrela,
Da espuma, a inspiração.
E a natureza, tão bela,
Fez do amor a conexão —
Entre o pó, o ser e o sonho,
Entre o início e o chão.
O índio, vendo as marés,
Chamou-as de “mães do tempo”,
Pois nelas os deuses e os pés
Do mundo acharam sustento.
Nas ondas, ouviu fiéis
Cânticos do firmamento,
E o mar, em sua grandeza,
Revelou o entendimento.
A “gente-peixe” dos rios,
Os “guerreiros das correntezas”,
Guardavam segredos frios
Das águas, suas certezas.
Eram seres tão antigos,
De formas e sutilezas,
Que uniam a carne e o sonho
Em uma só natureza.
O cientista, em laboratório,
Observa o mesmo sinal,
Vê no gene um território
De origem universal.
Mas o índio, em seu auditório,
Ouve o canto ancestral —
E entende que o DNA
É verso espiritual.
Assim, mito e ciência rezam
A mesma prece no mar,
E as águas que nos batizam
Vêm a vida renovar.
Pois do oceano que paira
Sobre o tempo a respirar,
Brota o ser e sua história,
Pronta pra continuar.
🌎 CAPÍTULO IV — O Despertar da Consciência no Tempo da Terra
Do barro nasceu o corpo,
Do sopro nasceu o pensar,
Do fogo aceso no porco
Veio o homem a sonhar.
A Terra guardou no corpo
O poder de transformar —
E o espírito em matéria
Aprendeu a caminhar.
O homem, antes sem nome,
Andava ao sol e luar,
Com os bichos era um só homem,
Sabia rir e chorar.
Não via fronteira ou fome,
Sabia o dom de escutar
O canto de cada vida
E o mundo a lhe ensinar.
Mas o tempo, em sua lida,
Trouxe a razão e o medo,
A mente ficou dividida
Entre o sonho e o segredo.
O mito tornou-se guarida,
O saber, um arvoredo,
E o homem, buscando o céu,
Esqueceu o próprio enredo.
A ciência ergueu seus mapas,
Mediu estrelas no ar,
Contou fósseis e etapas,
Fez o tempo se explicar.
Mas o índio, em suas capas,
Continuou a narrar
Que o espírito é a centelha
Que não se pode pesar.
O cérebro, fogo sagrado,
A mente, um rio em ação,
Guardaram, no seu passado,
A luz da imaginação.
Da célula ao ser pensado,
Tudo é transformação —
É o cosmos se reconhecendo
Em sua própria criação.
A Terra, mãe e mestra antiga,
Gira, respira e nos cria,
E o homem, em sua trilha,
Reaprende a sabedoria.
O mito é a ponte amiga
Que une noite e dia,
E a ciência, mão serena,
Traduz essa harmonia.
Desperta, ó ser consciente,
Escuta o sopro do chão!
A vida é chama latente
Na palma da tua mão.
O mito é teu espelho ardente,
Teu canto e tua oração —
E a Terra, em seu giro eterno,
Te ensina a ser criação.
Assim termina este canto
De luz e revelação,
Onde o saber é encanto
E o amor, compreensão.
A mente e o coração, santos,
Unem mito e razão,
E o homem, ao ver-se inteiro,
Retorna à comunhão.
🌕 ENCERRAMENTO — O Reencontro Entre Mito e Razão
O tempo gira e revela
A face do Criador,
Cada estrela é centelha
Do mesmo sopro de amor.
A vida é chama e novela,
É canto, dor e fulgor,
É mito que o homem vive
Chamando de “saber maior”.
O índio vê no universo
O corpo da divindade,
E a ciência, em verso inverso,
Procura a mesma verdade.
Ambos seguem no caminho,
Com fé e curiosidade,
Pois quem busca com respeito
Encontra a eternidade.
O mito é o livro da alma,
A ciência é sua tradução,
Uma acende, outra acalma,
Juntas formam a canção.
Na Terra, onde o ser se espalma,
Brota a mesma oração —
“Tudo vive e se transforma
Na dança da Criação.”
Assim finda esta jornada
De estrela e pensamento,
Onde a palavra sagrada
É luz e movimento.
O mito é água encantada,
A ciência, firmamento —
E o homem, entre os dois,
Reaprende o entendimento.
Quem escuta o som da vida
Percebe o laço real:
O peixe, a planta florida,
O corpo espiritual.
Toda forma é reunida
Num cântico universal —
E a Terra, mãe amorosa,
Nos chama para o igual.
O cordel encerra o enredo,
Mas não cessa o seu pulsar,
Pois cada verso é um dedo
Do cosmos a apontar.
O mistério nunca é medo,
É convite a caminhar —
O saber é ponte viva
Entre o homem e o mar.
🌞 EPÍLOGO POÉTICO — A Unidade dos Mundos Visível e Invisível
No silêncio da madrugada,
O universo vem falar,
Diz que a vida é caminhada,
Que o amor é o verbo amar.
E a alma, na luz alada,
Deseja sempre escutar
O eco do tempo antigo
No vento a sussurrar.
O mito é flor que não morre,
É voz que não se desfaz,
É canto que o tempo corre,
Mas a essência fica em paz.
O saber humano ocorre,
Mas o espírito é capaz
De ver na ciência e no sonho
O mesmo Deus que nos faz.
Os povos da Terra antiga,
Com seus ritos e orações,
Guardaram na sua liga
Milhares de explicações.
E hoje a mente investiga
As mesmas revelações —
Descobre em cada molécula
As marcas das criações.
Que o homem nunca se esqueça
De olhar com gratidão,
Pois a Terra, em sua beleza,
É templo e comunhão.
Cada ser é natureza,
Cada corpo, coração —
E o saber que nasce livre
É pura libertação.
Assim termina esta obra,
Mas o canto não se encerra,
Pois o espírito recobra
A união com sua terra.
Do mito, o verbo se dobra,
Do saber, a luz se aferra —
E o homem, filho do tempo,
É raiz da mesma esfera.
Na fronteira dos sentidos,
Entre o sonho e o real,
Os mundos são reunidos
Num gesto fraternal.
E o índio, com olhos unidos,
Anuncia o final —
“Somos pó, estrela e canto
Num ciclo universal.”
🌿 NOTA DE FONTES POÉTICA
(em versos rimados de reverência e gratidão)
No sopro da antiga lenda, a palavra nasceu cantando,
Das margens do Velho Chico, a memória foi se alçando.
Kariri-Xocó é raiz, é saber que o tempo acalma,
E cada verso que escrevo é espelho da nossa alma.
Busquei no vento das eras o saber das tradições,
Em livros, vozes e cantos, ecoaram revelações.
Dos cronistas e viajantes, retomei a narração,
De Anchieta a Frei Vicente, guardiões da observação.
Nas vozes de Câmara Cascudo, Gilberto Freyre e Rodrigues,
Aprendi sobre o sertão e seus antigos prodígios.
De Darcy Ribeiro veio a chama da etnociência,
Que reacende a origem com doçura e consciência.
Nas fontes do povo antigo, vi a luz dos missioneiros,
As marcas de Pernambuco e seus cantos primeiros.
Li A História Geral do Brasil de Rocha Pitta em devoção,
E nos escritos de Capistrano encontrei revelação.
Segui também pelas sendas de linguistas e anciões,
Que guardam na fala pura as mais belas tradições.
Registrei cada memória com respeito e harmonia,
Pois fonte é como nascente: dá sentido e poesia.
Assim, meu livro é um rio que corre entre fontes vivas,
Com as águas do tempo antigo e as correntes mais cativas.
E cada nome citado é estrela da orientação,
No céu da sabedoria que guia a inspiração.
📜 FICHA TÉCNICA
Título da Obra: O MUNDO DOS KARIRI-XOCÓ: HISTÓRIA, CULTURA E RESISTÊNCIA EM CORDEL
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
Edição Literária e Curadoria Poética: ChatGPT (Assistente Virtual)
Revisão e Diagramação: Edição Digital A5 — Estilo Cordel
Ilustrações e Capas 3D: Criação Digital Realista por ChatGPT
Ano de Edição: 2025
Local: Porto Real do Colégio – Alagoas, Brasil
Idioma: Português
Direitos Autorais: © Nhenety Kariri-Xocó. Todos os direitos reservados.
Design Gráfico: Inspiração ancestral, textura antiga, atmosfera dourada e simbólica.
✍️ SOBRE O AUTOR
Nhenety Kariri-Xocó é contador de histórias oral e escrita, poeta, pesquisador da memória ancestral e guardião da palavra do povo Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio (AL).
Sua obra nasce do encontro entre tradição e arte, onde o cordel se torna um templo poético de resistência e celebração cultural.
Dedica sua escrita à preservação das narrativas indígenas, ao diálogo com o sagrado e ao fortalecimento da identidade dos povos originários do Brasil.
🌾 SOBRE A OBRA
O Mundo dos Kariri-Xocó: História, Cultura e Resistência em Cordel é uma travessia poética entre o mito e a história.
A obra reconstrói, em versos sagrados e simbólicos, os ciclos de origem, evolução e resistência de um povo que transformou a dor em sabedoria e o tempo em canto.
O livro une espiritualidade, memória e pesquisa etno-histórica, compondo uma narrativa que honra os Seres Ancestrais, as Águas Sagradas, a Árvore da Vida e o Despertar da Consciência.
É um cântico à eternidade dos Kariri-Xocó — e um chamado à humanidade para ouvir novamente o som do mundo espiritual que vive dentro de cada um.
🌾 QUARTA CAPA POÉTICA
No sopro do mito antigo,
A vida veio a ensinar,
Que o homem e o ser amigo
Do rio, da terra, do mar,
São partes do mesmo abrigo
Que o universo veio dar.
Neste cordel, a verdade ecoa,
E nos convida a escutar.
O peixe que dança na água,
O pássaro que sobe ao céu,
A serpente que brilha e mágica
Guia o tempo com seu véu,
São símbolos da vida, da mágoa,
Da memória que é do mel.
Cada verso é ponte viva
Entre ancestral e papel.
Leia este canto profundo,
Que une ciência e saber,
Pois cada mito é um mundo
Que insiste em nos convencer:
Que o ser humano é fecundo,
Do universo a aprender,
E que a árvore da vida
Nos convida a renascer.
Neste livro há lembranças,
Há águas, ventos e chão,
Há ancestrais, esperança,
Há do cosmos a canção.
Que cada leitor alcance
O segredo da união,
E perceba que o mito e o saber
São faíscas do mesmo chão.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
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