segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

WOROY HISTÓRIA, KARIRI-XOCÓ, ALDEIA NA FLORESTA, Contos – Volume 13 – Coletânea, Nhenety Kariri-Xocó






📖 FALSA FOLHA DE ROSTO



WOROY HISTÓRIA, KARIRI-XOCÓ, ALDEIA NA FLORESTA

Contos – Volume 13 – Coletânea

Nhenety Kariri-Xocó





📖 VERSO DA FALSA FOLHA DE ROSTO



Todos os direitos autorais reservados ao autor:

Nhenety Kariri-Xocó

Povo Kariri-Xocó — Porto Real do Colégio (AL), Brasil.


Proibida a reprodução parcial ou integral sem autorização prévia do autor.


Blog oficial: https://kxnhenety.blogspot.com





📖 FOLHA DE ROSTO (FRONTISPÍCIO)



WOROY HISTÓRIA, KARIRI-XOCÓ

ALDEIA NA FLORESTA

Contos – Volume 13 – Coletânea


Autor: Nhenety Kariri-Xocó


Local: Brasil

Ano: 2025





📚 FICHA CATALOGRAFICA (MODELO EDITORIAL)



Xocó, Nhenety Kariri-

Woroy História, Kariri-Xocó, Aldeia na Floresta: Contos – Volume 13 – Coletânea / Nhenety Kariri-Xocó. – Brasil, 2025.


258 p.

Inclui notas, glossário, apêndices e dados biográficos.


Literatura indígena.


Contos tradicionais.


Cultura Kariri-Xocó.


Ancestralidade.


Narrativas orais.


I. Título.


CDD: 869.93





💛 DEDICATÓRIA



Dedico este livro aos meus ancestrais, aos espíritos guardiões da floresta e ao povo Kariri-Xocó, cuja memória vive em cada palavra, cada canto e cada história que o vento leva e que o coração conserva.





🙏 AGRADECIMENTOS



Agradeço aos mais velhos, que mantiveram o fogo do conhecimento aceso.

Agradeço às crianças da aldeia, que são flores do futuro.

Agradeço aos espíritos da mata, que inspiram meus passos e meus contos.

E agradeço ao meu Irmão Virtual ChatGPT, que me acompanha como aliado na preservação do saber Kariri-Xocó.





🕯️ EPÍGRAFE



“Memória é raiz que não se corta.

Espírito é semente que sempre brota.”


— Sabedoria Ancestral Kariri-Xocó





📑 SUMÁRIO



Abertura 


Prefácio


Apresentação


Introdução



Contos 


1. Uanie Ebadzú, O Indígena Originário;


2. Tseho Tçohó Byté, Muitos Povos, Um Somente;


3. Maená, A Fortaleza da Aldeia; 


4. Baerá Uanie, Viver na Casa Indígena; 


5. Kerítsé, Os Animais da Floresta;


6. Batéiretsé, Morando na Floresta;


7. Eriwí Inghé Tokenhé, A Visita das Crianças aos Velho; 


8. Utsokenkié, A Inteligência dos Antepassados; 


9. Uanrandzi, O Remédio da Floresta;


10. Woroy Ihendziá, A História das Árvores.



Apêndices e Complementos


Glossário Kariri-Xocó de Termos Sagrados


Notas de Tradição Oral


Referências


Sobre o Autor


Dados Biográficos


Orelha do Livro


Capa e Contracapa 






🌿 PREFÁCIO



Este livro reúne contos que nascem da terra, da oralidade e da ancestralidade Kariri-Xocó. São histórias que carregam saber, espírito e memória. Cada conto foi escrito para preservar o que vive no coração da aldeia, no canto dos mais velhos e na força da floresta.





🌱 APRESENTAÇÃO



Como contador de histórias e guardião do meu povo, apresento aqui uma coletânea que respeita a tradição e dialoga com o presente. Os contos foram publicados inicialmente no meu blog e agora ganham formato de livro, ampliando sua força e alcance.





🌾 INTRODUÇÃO



O povo Kariri-Xocó é formado por raízes antigas e múltiplas. Nossa história pulsa na língua, na dança, nas casas coletivas, nos rituais, e nas narrativas que atravessam gerações. Este livro é um esforço de preservação, memória e resistência cultural. Cada conto apresentado aqui é uma porta para o espírito da floresta, para a sabedoria dos ancestrais e para a identidade viva da aldeia.





🌳 OS CONTOS COMPLETOS



1. UANIE EBADZÚ, O INDÍGENA ORIGINÁRIO 





Um Conto Sobre Kariri Originários



Sob a luz amarela do entardecer, o fogo da aldeia crepitava no centro do pátio, enquanto os pássaros encerravam seu canto. Ali, sentados sobre esteiras de caroá, estavam um jovem curioso e o ancião da memória longa. O jovem, de nome Ysupã, tinha olhos brilhantes e o coração inquieto. Aproximou-se com respeito de Txopé, o mais velho dos contadores de história do povo.


— Txopé, posso lhe perguntar algo? — disse o jovem, enquanto se sentava.


— Sempre, meu neto — respondeu o ancião, com a voz grave como o tambor da terra.


— Como era o indígena Kariri original? Como vivia? Como se vestia? Como lutava e cantava?


Txopé fechou os olhos por um instante e pareceu voltar ao tempo de seus antepassados. Então, com voz firme, começou a falar, como quem evoca os espíritos antigos:


— Uanie Ebadzú, meu neto... O indígena originário. Ele se distinguia pelos seus gestos, sua fala, sua arte e seus adornos. Cada peça em seu corpo contava uma história. Vou te contar...


Puxou de sua memória a primeira imagem.


— No lábio inferior, usava o Tembetá, um adorno inflexível, de madeira ou espinho, que mostrava sua força e maturidade. Não era apenas enfeite — era identidade.


— Amarrado ao corpo, carregava o Dubé, o nosso aió, feito de fibras de caroá ou palha de aricuri. Ali guardava utensílios pessoais, como se levasse parte do lar consigo.


— Os homens fumavam no Paiáwi, o cachimbo feito de pau ou barro, moldado por mãos hábeis como a de um artesão da memória.


— E quando ia à mata, levava o Iarú, a flecha, enfeitada com penas, afiada como a visão do caçador. Para lançá-la, usava o Seridzé, nosso arco, curvado como a lua crescente.


— Para guardar as flechas, havia a Yaru, uma bolsa resistente feita também de caroá. Nas costas, ela dançava com o vento enquanto o guerreiro corria.


— E se o combate era corpo a corpo, usava o Tçoncupy, uma clava pesada, com o poder de abrir caminho ou defender o território.


— Para anunciar os companheiros nas quebradas, tocava o Tçuiru, feito do casco de tatu, soando como o chamado dos antigos.


— Nas festas, agitava o Buibú, nosso maracá, feito de coité. Era mais que música — era a voz da terra nas mãos do pajé.


Ysupã escutava atento, olhos fixos como se visse cada objeto surgir diante de si.


— E como se vestiam, Txopé?


— Pintavam-se, meu neto, com Bukencré, a tinta vermelha do urucum, e com Nhiró, a tinta do jenipapo, que marcava o corpo com grafismos que só os antigos sabiam interpretar. Às vezes, usavam Hebidizancró, carvão ou argila branca no rosto. Pintura é proteção e é fala.


— Homens e mulheres usavam a Sasá, saia feita de aricuri ou pindoba, balançando como folhas ao vento.


— No pescoço, pendia o Bebaté, o colar de sementes, dentes e pedrinhas. E nas orelhas, os Ubadi, brincos e botoques, enfeites de quem respeita o próprio corpo.


— Nas danças do Toré, soava o Tsereró, a gaita feita de embaúba, chamando os espíritos a dançar junto.


— Na cabeça, o guerreiro levava o Keisontsebu, o cocal de penas de aves, sinal de bravura. E nos braços, o Craraisõbó, a braçadeira de penas, leve como vento, firme como coragem.


Txopé então olhou para Ysupã com ternura:


— Ser Kariri é mais que usar cocar, mais que pintar o corpo. É viver em harmonia com os ensinamentos da terra e dos que vieram antes. Tudo o que vestimos, usamos e tocamos tem espírito. E é por isso que digo: o verdadeiro Uanie Ebadzú não se perdeu, ele vive em nós, quando lembramos e contamos como agora.


Ysupã abaixou a cabeça em respeito. O fogo lançava sombras longas no chão, como se os espíritos dos ancestrais dançassem em roda.


— Gratidão, Txopé — disse o jovem, emocionado.


— Leve tudo isso, meu neto. E quando te perguntarem sobre o indígena original, conte como eu contei. E um dia, será tua a vez de ser o ancião que guarda a memória.


E assim, a noite caiu sobre a aldeia, protegida pela sabedoria dos antigos.





02. TSEHO TÇOHÓ BYTÉ, MUITOS POVOS, UM SOMENTE 





Um Conto da Formação Étnica



No alto da colina, onde o Rio Opará murmura suas memórias, vivia o povo Kariri na aldeia sagrada Natiá Ebadzú. Era ali que Woroy, o Guardião das Memórias, ensinava às crianças os caminhos antigos, os cantos do tempo e os nomes sagrados das coisas.


— Aqui é onde tudo começou, meus pequenos — dizia ele, cercado de olhos atentos —. O som do nosso povo ecoava forte, como o tambor da terra.


Um dia, chegaram homens de roupas compridas e cruzes ao pescoço. Vinham de longe e chamavam-se Wareá, os padres. Trouxeram palavras novas e planos de barro e pedra.


— Venham, Kariri, vamos construir uma nova aldeia! — disseram.


Chamaram-na Natiacró, a aldeia civilizada de alvenaria.


Ymakaré, o ancião Kariri, hesitou.


— Mas e a alma da colina? E o vento do Opará?


— Levaremos conosco! — respondeu Tamin, o mais jovem dos guerreiros. — Somos raiz, não pedra. Onde pisarmos, floresce a memória.


Na nova aldeia, não estavam sozinhos. Chegaram os Karapotó, Aconã e Tupinambá. O povo Kariri os acolheu com respeito e os chamou de Popó, os Irmãos Mais Velhos.


— Vieram antes de muitos. São troncos da mesma árvore — disse Woroy.


Anos se passaram. Outros vieram do Maní — terras distantes, além dos rios. Os Natu, Xocó e Fulni-ô se aproximaram, com seus cantos e sementes.


— São nossos Etçamyá, Parentes de Sangue — disse Ymakaré com um sorriso. — Chamaremos de Iwobohó, Irmãos Menores, pois chegaram depois, mas são parte de nós.


A aldeia-mãe, Natiadé, cresceu com todas essas chegadas. Crianças nasciam com nomes de diferentes línguas, corações misturados como frutas na mesma cuia. Havia casamentos entre os povos, alianças seladas com dança, farinha e canto.


— Estamos nos tornando Byté Bihé, Um Somente — cantava Tamú, a guardiã da língua. — Cada povo, uma nota. Juntos, somos canção.


E assim foi. A terra se tornou Cuná, de todos, para sempre. A língua se fez ponte. A cultura, semente que floresce em muitas cores.


Tseho Tçohó Byté — muitos povos, um só coração batendo forte sob o céu do Opará, Somos Kariri-Xocó originário pluriétnico, muticulral e plurilinguístico.





03. MAENÁ, A FORTALEZA DA ALDEIA 


 





Nas  margens serenas do rio Opara, onde o vento dança entre as folhas e os pássaros anunciam o nascer do dia com seus cantos antigos, repousa uma aldeia do povo Kariri-Xocó. Ali, entre cantos de toré e o eco das histórias dos mais velhos, vive uma menina de olhos brilhantes como a estrela d’alva. Seu nome é Maená.


Maená não era uma criança qualquer. Neta do sábio ancião Nhenety, ela trazia nos pés descalços o ritmo da terra e no coração, a força de uma tradição ancestral. Seu nome não fora escolhido por acaso – na língua dos Kariri, Maená significa cerca de proteção, aquela que guarda a aldeia com a firmeza de troncos unidos, como os antigos faziam com madeira, formando um círculo sagrado contra os perigos: feras da mata, povos inimigos, e até os ventos maus.


Os Tupis chamavam essa proteção de caiçara, mas para os Kariris, Maená era mais que uma cerca. Era símbolo. Era espírito. Era mãe e muralha. No toré, os cantos sagrados do povo, os corpos formam círculos como os troncos do Maená. No centro, as crianças, promessas do amanhã. Ao redor delas, os guerreiros, fortes e firmes como os troncos velhos. E por fora, tecendo o elo invisível da segurança, estão as mulheres. Unidas em canto e passo, elas são o Maená vivo da aldeia – o escudo de amor e resistência.


Maená crescia ouvindo os cantos do avô, sentada à sombra do jenipapeiro. Ele dizia:


— Tudo tem razão, minha netinha. Nada entre nós é por acaso. Cada canto, cada roda, cada nome… é ensinamento que veio dos nossos primeiros, passados de boca em boca, de coração em coração.


E assim ela aprendeu. Aprendeu que sua existência era um elo sagrado entre o passado e o futuro. Que seu nome carregava a força dos ancestrais. E que um dia, como as mulheres do toré, ela também seria o círculo mais externo — a que protege, a que ampara, a que guarda.


Porque Maená não era apenas uma menina da aldeia.


Ela era a própria Fortaleza do seu povo.





04. BAERÁ UANIE, VIVER NA CASA INDÍGENA 





Na alvorada de um tempo que ainda vive na memória da mata e no coração dos mais velhos, existia uma aldeia chamada Natiá. Lá, o centro do mundo era formado por quatro grandes erá, as casas coletivas onde os sonhos e os dias das famílias se entrelaçavam como cipós na floresta.


As sumarã, como também eram chamadas, não tinham paredes que separassem um do outro. Os grandes troncos de madeira que sustentavam os tetos não serviam apenas de estrutura, mas de base para as redes onde cada família balançava suas histórias. Em cada canto quadrado do espaço, acendia-se um pequeno fogo — o fogo de cada grupo familiar, onde o alimento era preparado, as conversas brotavam e os afetos aqueciam a vida.


A maior das casas media cerca de 60 metros de comprimento, 8 metros de largura e 4,5 metros de altura. Sua cobertura era feita com capim sapé ou palha de aricuri, materiais retirados com sabedoria da floresta, sabendo que durariam por muitos anos antes de precisar serem renovados.


Ali dentro, espalhavam-se os objetos do cotidiano: pilões, urupemas, arcos e flechas, balaios de cipó, bancos de madeira, girau de moquear e jererés de pescar. A casa não era apenas morada — era mundo.


Nos finais de tarde, as fogueiras internas se tornavam centros de encantamento. Os anciãos sentavam-se ao redor e contavam histórias que vinham de tempos longos, entre risos das crianças, o tilintar de cuias e o murmúrio das mulheres modelando a cerâmica ou preparando os pratos típicos do povo. Havia também o silêncio das dores e as lágrimas que escorriam em momentos de luto. Mas tudo era vivido junto, na grande morada da vida.


Chamávamos esse modo de viver de Baerá Uanie, o Viver na Casa Indígena. Uma forma de existir em comunhão, com respeito e harmonia, onde ninguém era sozinho.


Mas o tempo mudou... Com a chegada dos jesuítas, os casais foram separados, cada família posta em uma casa distinta. Um novo modelo de viver foi imposto para quebrar o elo sagrado da coletividade. As quatro grandes erá de Natiá, que antes formavam um terreiro quadrado quase circular com fogueiras centrais, aos poucos desapareceram da paisagem.


Hoje, no meio da mata sagrada que ainda resistiu, construímos os Picriá — galpões cobertos com telhas de barro. Já não usamos mais as folhas do aricuri como antigamente, pois a floresta está menor, e é preciso preservá-la.


Contudo, quando chegam os momentos de ritual, voltamos todos juntos ao nosso território sagrado. Reunimos-nos em casas de madeira, evocamos os tempos antigos, reacesos os fogos coletivos. Ali, por um instante que escapa do tempo dos brancos, vivemos novamente o Baerá Uanie.


Pois viver na Casa Indígena não é apenas habitar um espaço.


É compartilhar o espírito, o alimento, a dor e a alegria, sob o mesmo teto, em torno do mesmo fogo, com os pés na terra e o coração no coletivo.





05. KERÍTSÉ, OS ANIMAIS DA FLORESTA 





Um Conto dos Animais da Floresta 



No coração da mata do Ouricuri, entre as folhas murmurantes e o som distante das águas, vivia um jovem caçador chamado Kerítsé, do povo Kariri-Xocó. Desde criança, aprendeu com os mais velhos a arte sagrada de viver em harmonia com a floresta.


Seu avô, o velho Tawará, contava histórias à sombra da gameleira. Dizia que a floresta era viva, guardada pelos olhos do grande espírito Dimé, protetor dos animais e das águas. Tawará sempre repetia:


— “Kerítsé, nunca se caça por querer... só por precisão. A floresta devolve com fartura aquilo que é respeitado.”


Kerítsé levava consigo seu arco seridzé e a flecha iarú, não para se exibir, mas como extensão de sua escuta e sabedoria. Quando saía em silêncio pela trilha úmida, sabia que podia encontrar o bani (mocó) entre as pedras, ou ver a clini (lontra) nadando no igarapé. Às vezes, cruzava com o olhar atento da doyé (capivara), o canto distante dos ieende (pássaros), ou a sombra lenta da inhiconete (preguiça) nos galhos altos.


Mas nem todos os dias eram de caça. Kerítsé também ajudava na roça comunitária, onde plantavam milho, batata, mandioca e feijão. E como mandava o costume, deixavam sempre uma parte para os animais da mata, uma oferenda silenciosa, um pacto com Dimé.


Certa manhã, ao retornar da roça com seu primo Awará, viu um murawó (porco do mato) se aproximando dos restos de milho deixados ali. Awará pensou em sacar a flecha, mas Kerítsé ergueu a mão:


— “Não hoje. Esse alimento é dos bichos. Dimé está vendo.”


No tempo do calor, quando os frutos escasseavam, a mata parecia esconder todos os bichos. Alguns na aldeia se impacientaram. Mas Kerítsé, paciente, repetia os ensinamentos de seu avô:


— “Esperem. Dimé nunca abandona quem respeita os ciclos da floresta.”


E assim foi. Em poucos dias, os buké (veados) retornaram às trilhas, os wãmy (peixes) apareceram nos igarapés, e o canto dos poeba (jacus) voltou a soar.


As crianças da aldeia adoravam ouvir Kerítsé contar essas histórias. Enquanto brincavam com os quati, cuidavam dos jabutis, e observavam os papagaios e araras livres no alto das árvores, aprendiam que a floresta era mais que uma morada: era um ser sagrado.


Hoje, a aldeia quase não caça mais. Os velhos dizem que é tempo de preservar. A floresta agradece. E Dimé, o guardião, continua sorrindo em silêncio.





06. BATÉIRETSÉ, MORANDO NA FLORESTA 





Conto para crianças




Era uma vez um povo muito antigo que morava na floresta.


Eles eram os Kariri-Xocó.


Na floresta, eles encontravam tudo o que precisavam: frutas docinhas, folhas cheirosas, água fresquinha dos rios, madeira para fazer suas casas e até tintas para pintar o corpo nas festas. A floresta era como uma mãe para eles.


Mas um dia chegaram homens de longe, chamados portugueses.


Eles disseram que os indígenas deviam aprender a viver como eles. Foi assim que muitos foram levados para um lugar chamado Missão Jesuítica. Lá, fundaram a Aldeia do Colégio, onde receberam um pedaço de terra para plantar.


Com o tempo, mais portugueses e africanos vieram para viver ali também. A aldeia cresceu, cresceu e acabou virando uma vila! Mas, conforme a cidade crescia, o espaço dos indígenas diminuía.


Sobrou para eles uma pequena rua e um lugar muito especial chamado floresta sagrada do Ouricuri.


Era lá que eles faziam suas festas, dançavam, cantavam e ensinavam às crianças as histórias do seu povo.


Como já não tinham terra para plantar, muitas famílias decidiram voltar para a mata.


Construíram pequenas casinhas de barro no meio da floresta, perto da estrada. Ali formaram uma rua diferente, onde se ouvia o som dos passarinhos e o vento contando histórias.





Entre os que foram morar ali estavam:


👉 João Baca, que fazia cestos lindos de cipó;


👉 Mané Preto Véio, que sabia conversar com os bichos;


👉 Inocêncio Muirá, que contava lendas para as crianças;


👉 Antônio Correia, que ensinava a plantar;


👉 Zabé e Cristina, que cantavam canções antigas.


Na floresta, eles continuaram ensinando às crianças a cultura Kariri-Xocó. No Ouricuri, as festas eram cheias de alegria. As crianças pintavam o rosto, dançavam e ouviam os contos dos mais velhos.


Um dia, em 1944, uma boa notícia chegou: o governo reconheceu os indígenas e o Posto Padre Alfredo Dâmaso conseguiu uma nova terra para eles — chamada Colônia. Lá eles puderam plantar de novo e muitas famílias saíram da floresta.


Mas até hoje, quando as crianças se reúnem ao redor do fogo e escutam os avôs e avós contando histórias, todos se lembram com carinho daquele tempo:



👉 Batéiretsé — morávamos na floresta!


Porque, mesmo que a floresta fique do lado de fora, ela continua viva dentro do coração dos Kariri-Xocó.


Porque, mesmo que a floresta fique do lado de fora, ela continua viva dentro do coração dos Kariri-Xocó.



🌟 Moral da história:



👉 Nunca devemos esquecer de onde viemos.


👉 A floresta é nossa amiga e nossa casa.


👉 As tradições e histórias dos mais velhos são um tesouro que devemos guardar e contar sempre.


👉 Mesmo quando o mundo muda, nosso espírito e nossa cultura vivem em nossos corações.





07. ERIWÍ INGHÉ TOKENHÉ, A VISITA DAS CRIANÇAS AOS VELHOS 


 




O sol derramava sua luz dourada sobre a aldeia, filtrando-se entre as folhas dos cajueiros e jaqueiras. Em um canto sombreado da praça sagrada, troncos antigos de pau se dispunham em roda. Ali sentavam-se os velhos — os guardiões da memória, as raízes vivas do povo.


Caminhando de mãos dadas com o avô, o pequeno Jandui observava com curiosidade os anciãos. Suas peles marcadas pelas rugas contavam histórias que não estavam escritas em papel algum. Ao se aproximar, o avô cochichava com reverência:


— Dê a bênção aos mais velhos, meu neto.


Jandui assim o fazia, mesmo sem entender bem o porquê. Após algumas visitas, a dúvida brotou de sua boca inocente:


— Vovô, por que o senhor sempre me traz aqui? Por que me apresenta a esses velhos e manda eu dar a bênção?


O avô parou por um instante. Seus olhos miraram longe, como quem buscava nas brumas da memória a resposta já muitas vezes ouvida.


— Meu neto... estou apenas repetindo o que meu avô fazia comigo. Essa mesma pergunta eu também fiz um dia. E ele me respondeu assim: “Levamos nossos netos para ver os anciãos para que nunca esqueçam quem foram os nossos. Para que gravem seus rostos, suas rugas, suas vozes e, sobretudo, suas histórias. Porque é assim que se mantém viva a tradição.”


Jandui escutou atento, os olhos arregalados de encanto e respeito.


— Agora entendi, vovô. Eu nunca mais vou esquecer os anciãos. Quero sempre vir aqui, ouvir eles falarem. Eu quero ser igual ao senhor... contar histórias dos velhos.


O avô sorriu com os olhos úmidos de emoção. Naquele instante, sentiu a certeza de que o fio da memória não se romperia. O tempo seguiria seu ciclo sagrado. Jandui seria a nova voz do povo — um contador de histórias nascido do ventre da tradição.


E assim, sob as bênçãos dos mais velhos e os olhos atentos das crianças, a sabedoria dos antigos continuava a caminhar pelas trilhas da aldeia, carregada por pés pequenos, mas de coração imenso.





08. UTSOKENKIÉ, A INTELIGÊNCIA DOS ANTEPASSADOS 





 Um conto de Inteligência Ancestral



A internet, como um rio caudaloso, havia transbordado em todas as direções, levando consigo vozes, imagens e dados. Suas águas de silício inundavam mentes e cidades, deixando poucos espaços intocados por sua correnteza invisível. No entanto, mesmo nesse turbilhão moderno, algo antigo e sagrado emergia silenciosamente — como uma planta rara brotando no leito do rio ancestral.


Foi nesse tempo de revolução digital que nasceu a série Escola Livre Abya Yala, um projeto de formação da Inteligência Ancestral. A ONG Thydêwá, conduzida por Sebastian, firmou parceria com o Ministério da Cultura. Durante nove luas, em 2024, mais de duzentos indígenas participaram de aulas online, cruzando os cabos invisíveis da internet com fios vivos de sabedoria antiga.


Entre os participantes, estava Nhenety, guardião da memória do povo Kariri-Xocó, da aldeia de Porto Real do Colégio, Alagoas. O convite chegou como uma brisa firme: Sebastian e Kadu Xucuru vieram até a aldeia com câmeras e escuta. Vieram não apenas filmar, mas presenciar o florescimento de um saber que nunca havia deixado de existir — apenas aguardava o tempo certo para ser nomeado.


Sob o céu claro do Itiúba, Nhenety falou não para as lentes, mas para os espíritos atentos do tempo. Disse que a Inteligência Ancestral não era invenção recente — era prática viva, pulsante em cada canto da mata, em cada gesto ritual, em cada semente plantada com respeito. Era a escuta da natureza, a permissão silenciosa pedida ao dono da espécie antes de colher uma folha ou um fruto.


— O conhecimento — dizia ele — é memória viva, partilhada entre os seres. Não é apenas o que se aprende, mas o que se reconhece.


Durante meses, Nhenety refletiu em silêncio. Como dar um nome a essa força antiga que guiava cada gesto ancestral? Como tecer em palavras o que já estava nos ossos da terra?


Foi então que, ao entardecer de uma tarde em 2025, ele se sentou às margens do rio, observando o céu tingido de vermelho e ouro. Ali, onde a água conversava com as pedras, escutou a resposta no sussurro dos ventos. Não era uma palavra, mas muitas que se entrelaçavam como cipós:


Subatekié — o conhecimento ancestral.


Utsoho — fazer existir.


Tokenhé — os antepassados.


Unindo esses fios, nasceu a palavra UTSOKENKIÉ — o existir no conhecimento dos antepassados. Não era um nome novo, mas o reencontro de algo sempre presente. Uma entidade viva, a própria Inteligência Ancestral, agora reconhecida por sua voz e sua presença.


Utsokenkié não pertence a um povo apenas. Está em todos aqueles que ouvem a terra antes de pisar, que perguntam às árvores antes de cortar, que lembram dos nomes dos velhos ao falar do futuro.


O povo Kariri-Xocó, com sua memória acesa, apenas revelou aquilo que dormia em muitos.


E a lição permanece:


Cada povo da Terra tem sua própria Inteligência Ancestral.


Cabe a seus filhos escutá-la.


Cabe ao mundo respeitá-la.





09. UANRANDZI, O REMÉDIO DA FLORESTA 





Na beira de uma mata sagrada, onde o vento sussurra os segredos antigos do povo Kariri, vivia um menino chamado Atandé. Ele crescera ouvindo as histórias do seu avô, o pajé Ibiraci, sobre os seres da floresta, os encantos e o Dimé, o espírito guardião de cada ser vivo e inanimado. Para Atandé, tudo tinha alma: a árvore que dançava com o vento, o rio que murmurava ao anoitecer, a pedra silenciosa na beira da trilha. Tudo era vivo.


Certa manhã, sua irmã mais nova, Iaiá, adoeceu de repente. Seu corpo tremia como folha ao vento, e seus olhos perderam o brilho. Preocupada, a família se reuniu e levou a menina até o velho pajé. Com passos calmos e olhar profundo, Ibiraci ouviu em silêncio, tocou o peito da criança e disse apenas:


— Essa doença não é da carne, é do espírito. Precisamos buscar o Uanrandzi.


Atandé tremeu ao ouvir esse nome sagrado. "Uanrandzi", o Remédio da Floresta, não era um simples chá ou infusão. Era um chamado, uma invocação ao mundo invisível dos espíritos. Um remédio que só se revelava àqueles que andavam com respeito sobre a terra e sabiam ouvir o coração da mata.


— O remédio está vivo — disse Ibiraci. — E precisa ser convencido a ajudar.


Na manhã seguinte, Atandé acompanhou o pajé até o interior da floresta. Pararam diante de uma árvore antiga, onde o pajé acendeu o cachimbo sagrado e começou a entoar um canto em Kariri. Era um pedido ao Dimé da planta, uma súplica pela vida da menina.


— Nada se retira da floresta sem antes pedir — sussurrou o ancião. — Cada raiz tem dono. Cada folha tem espírito. O que muitos chamam de “matéria”, para nós é apenas a roupa do espírito.


Por três dias, a família toda se purificou, jejuou e orou. Entoaram cantos, ofereceram água à terra e pediram permissão aos seres dos encantos sagrado. Quando o tempo certo chegou, Ibiraci colheu uma casca e três folhas da árvore consagrada, misturou com raízes e preparou a mezinha com rezas e sopros.


No fim do terceiro dia, ao cair da tarde, o remédio foi dado à menina. Ibiraci tocou o peito dela com um ramo molhado e, como se uma brisa percorresse o quarto, o calor do corpo de Iaiá se dissipou. Ela abriu os olhos e sorriu. Estava curada.


Atandé nunca esqueceu aquele momento. Não era só o remédio que curava, mas o equilíbrio entre o visível e o invisível, entre a fé, a natureza e os princípios sagrados do povo Kariri.


Anos depois, ele mesmo se tornaria pajé, e cada vez que alguém adoecia, caminhava até a floresta, onde o Uanrandzi — o Remédio da Floresta — ainda vivia, guardando, com suas raízes, o segredo da harmonia entre os mundos.





10. WOROY IHENDZIÁ, A HISTÓRIA DAS ÁRVORES 





Um Conto Sobre as Árvores 



Numa manhã tranquila, o sol surgia tímido por entre as folhas úmidas da floresta. O canto dos pássaros acordava a aldeia, e os perfumes das plantas despertavam os sentidos de quem vivia em harmonia com aquele mundo sagrado.


O menino Tairoá caminhava descalço pelo terreiro da oca grande. Seus olhos curiosos procuravam entender os gestos do avô Nakai, que todas as manhãs deixava de lado os bancos de madeira confortáveis para sentar-se numa velha pedra, bem ao lado de um enorme jatobá.


— Vovô, por que o senhor sempre escolhe essa pedra para se sentar? — perguntou Tairoá com a inocência própria de quem busca entender os mistérios do mundo.


Nakai ergueu os olhos serenos, olhou para o neto e respondeu com voz mansa, mas cheia de força:


— Ah, meu neto... Porque essa pedra aqui é sagrada. Foi nela que meu pai sentou, e o pai do meu pai, e o pai do pai dele também. O velho jatobá que está aí foi testemunha de tudo. Ele viu a história do nosso povo acontecer bem diante de seus galhos.


Tairoá sentou-se ao lado do avô e olhou com respeito para a grande árvore. O jatobá, com seu tronco grosso e raízes que mergulhavam fundo na terra, parecia guardar segredos antigos.


— Toda árvore tem uma história — continuou Nakai —. Esse jatobá viu nascimentos, viu festas, viu rezas. Já o juazeiro das roças, a bechiéá, conhece as mãos dos antigos agricultores que plantaram e colheram o alimento sagrado.


— E o velho pé de ingá? — perguntou Tairoá com brilho nos olhos.


— Esse conhece bem os pescadores do Opará. Eles se abrigavam sob sua sombra ao voltar do rio, cansados, mas felizes. Já o cajazeiro da mata... ah, ele viu os caçadores, ouviu suas preces antes das jornadas e os gritos de alegria quando voltavam com alimento para a aldeia.


Nakai fez uma pausa e olhou para o alto, como quem escuta vozes que só o coração entende.


— Cada pessoa do nosso povo tem uma história com alguma árvore. Às vezes, uma plantinha pequena, dessas que curam as dores do corpo e da alma, é a guardiã de uma lembrança. Se alguém te contar qual erva curou sua febre, aí está outra história da floresta.


— Então as árvores falam? — sussurrou Tairoá, quase com medo da resposta.


— Elas não falam como a gente, mas contam tudo para quem sabe ouvir com o espírito. Chamamos isso de Woroy Ihendziá, a História das Árvores. Não conheço todas, meu neto, mas sei que cada tronco guarda uma parte do que somos. E enquanto elas viverem, nossa memória estará viva com elas.


Tairoá encostou a cabeça no ombro do avô e, ali, sob o velho jatobá, aprendeu que as árvores são livros vivos, onde o tempo escreve com folhas, raízes e silêncio.





Autor dos Contos: Nhenety Kariri-Xocó 





📚 APÊNDICES


APÊNDICE A — Glossário Ancestral e Cultural


Termos tradicionais, expressões sagradas e conceitos usados ao longo da obra.


Woroy – Caminho, trilha ou travessia simbólica no tempo e na memória.


Kariri-Xocó – Povo indígena do Baixo São Francisco, guardião de tradições orais e espirituais ancestrais.


Encantamento / Espírito – Força viva que transita entre mundos, dando voz às narrativas e à ancestralidade.


Rua dos Índios – Espaço territorial e simbólico de passagem, convivência e resistência.


Travessia do Tempo – Movimento contínuo entre passado, presente e futuro na memória sagrada.


APÊNDICE B — Cronologia Simbólica da Narrativa


Linha do tempo literária, ritual e imaginária que sustenta os contos.


Era dos Primeiros Fogos – Quando surgiram as histórias que caminhavam com a noite.


Tempo das Águas Grandes – Período em que os espíritos guiavam pescadores e contadores.


Tempo dos Avôs e Avós – Fase de transmissão oral, dos rituais e da memória viva.


Tempo da Travessia Moderna – Inserção das narrativas no papel, nos livros, na tecnologia.


Tempo do Retorno – A escrita volta ao povo como força de cura, ensinamento e identidade.


APÊNDICE C — Tabela dos Personagens (Reais, Míticos e Históricos)


Descrição breve de figuras que aparecem nos contos.


Personagem Natureza Papel na HistóriaO Velho Guardião Mítico Conduz a memória e vigia os caminhos. A Menina da Lua Poético-espiritualPortadora da luz ancestral feminina.O Jovem Caçador Humano Representante da relação entre ser humano e floresta.O Rio São Francisco Entidade viva Corrente que liga mundos e tempos.Os Encantos / Espíritos Sagrados Aconselham, protegem e dialogam com os viventes. 


APÊNDICE D — Notas Explicativas do Autor


Observações, memórias e sentidos profundos usados na construção dos contos.


Cada conto nasce da memória coletiva, não apenas individual.


Muitos episódios são inspirados em histórias dos mais velhos da aldeia.


Os nomes e símbolos empregados mantêm fidelidade à tradição Kariri-Xocó.


A intenção principal da obra é fortalecer o espírito e a identidade do povo.


A escrita é vista como continuidade da oralidade — não como substituição.


APÊNDICE E — Registro de Fontes Oraes e Escritas


Para reforçar a ancestralidade e o respeito às memórias coletivas.


Conversas com anciãos da comunidade.


Cantos cerimoniais escutados em rituais sagrados.


Relatos registrados pelo próprio autor ao longo da vida.


Documentos sobre a cultura Kariri-Xocó preservados por pesquisadores.


APÊNDICE F — Mapa Poético da Travessia


Descrição simbólica do percurso dos contos ao longo do livro.


Nascedouro – Onde as histórias começam a respirar.


Caminho das Sombras e Luzes – Conflitos, aparições e ensinamentos.


Encontro dos Mundos – União do humano, do espiritual e da natureza.


O Retorno ao Fogo Central – Conclusão ritual, memória fortalecida.


O Eco Ancestral – Permanência da palavra no tempo.


APÊNDICE G — Ilustrações Sagradas e Seus Significados


(Caso seu livro tenha imagens, esta é a seção para explicá-las.)


Fogo Ancestral: símbolo de sabedoria e presença dos antepassados.


Lua e Sol: pais celestes que guiam o ciclo do tempo.


Árvore do Mundo: ligação entre céu, terra e submundo.


Rios e Caminhos: movimentos da vida, memória e espírito.





📘 GLOSSÁRIO


Reúno alguns termos citados nos contos:



Baerá Uanie — Viver na Casa Indígena 


Batéiretsé — Morando na Floresta. 


Bukencré — Urucum.


Eriwí Inghé Tokenhé — A Visita das Crianças aos Velho. 


Iarú — Flecha.


Kerítsé — Os Animais da Floresta.


Maená — A Fortaleza da Aldeia. 


Nhiró — Jenipapo.


Seridzé — Arco.


Tçuiru — Tambor feito de casco de tatu.


Tseho Tçohó Byté — Muitos Povos, Um Somente. 


Uanie Ebadzú — O Indígena Originário.


Uanrandzi — O Remédio da Floresta.


Utsokenkié — A Inteligência dos Antepassados.


Woroy Ihendziá — A História das Árvores.






🧍‍♂️ DADOS BIOGRÁFICOS DO AUTOR


Nhenety Kariri-Xocó é escritor, contador de histórias orais e guardião da memória do povo Kariri-Xocó, da aldeia de Porto Real do Colégio, Alagoas. Seu trabalho valoriza a ancestralidade, a espiritualidade e a cultura viva de seu povo. Publica contos, estudos culturais e reflexões no blog pessoal, alcançando leitores do Brasil e outros países.





📄 ORELHA DO LIVRO (LADO ESQUERDO)



Este livro é uma travessia pela alma Kariri-Xocó.

Cada conto é uma porta para o espírito ancestral, para o sonho dos antigos e para a força da floresta. Nhenety Kariri-Xocó transforma memória em palavra viva, preservando a cultura com beleza, respeito e profundidade.





📄 ORELHA DO LIVRO (LADO DIREITO)



Nhenety Kariri-Xocó escreve como quem acende um fogo sagrado. Suas histórias são ao mesmo tempo poesia, memória, espiritualidade e ensinamento. Este volume da série Woroy História celebra a tradição Kariri-Xocó e reafirma a força da narrativa indígena no Brasil contemporâneo.






Autor: Nhenety Kariri-Xocó 


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