sábado, 22 de dezembro de 2012

VÁRZEA DO ITIÚBA E AS LAGOAS

Vázea do Itiúba vista de longe
   Ao Sul de nosso território tradicional, tínhamos uma área de inundação natural, um ecossistema, do tipo pantanal de aproximadamente 1125 hectares, denominado ” Várzea do Itiúba”. Esse ecossistema é alimentado pelo rios Itiúba e São Francisco, antes das desapropriações em 1975, pela CODEVASF – Companhia do Vale do São Francisco, era um rico habitat de animais e vegetais das terras inundáveis. Pela diversidade da época , o ambiente propício para aves, peixes , mamíferos, anfíbios, répteis e plantas aquáticas. Entre as espécies encontradas tínhamos: Nas AVES: Socó, maçarico, urubu-rei, carão, marreco, pato selvagem,pata-choca, chupa, gaviões, garça, galo d água, paturí. Nos MAMÍFEROS:capivara, lontra,guaxinim, furão, paca, cutia, rato-de-arroz, punaré, onças. Nos ANFÍBIOS: gia-caçote, gia-de-padre,sapos, pererecas. Os RÉPTEIS: iguana(camaleão), cágados, Cobra-d água,jacaré-de-papo-amarelo, jaracuçú-de-papo-amarelo,jaracuçú-de-papo-verde, giricuá,jaracuçú-tinga, jaracuçú-maia-de-sapo, jibóia. PEIXES: surubins, mandins, traíras,piabas, lambiá, sarapó, guida, caboge, piranha, capadinho, crumatá, pacõmõn, niquim, jundiá,etc. Neste ambiente cerca de 2000 famílias da região tiravam seu sustento, da pesca e da caça. As pessoas mais pobres de Porto Real do Colégio, de lá recorriam para buscar o alimento, inclusive os índios Kariri-Xocó. Principalmente os indígenas que moravam na Colônia, porque ficava mais perto do lugar. Quando os rios Itiúba e São Francisco enchiam, saiam á noite para pescar aragú, e peixes miúdos para saciar a fome. Quando a CODEVASF chegou tudo mudou, as terras alagadas, foram transformadas em lotes irrigados de plantação de arroz, no chamado Projeto de Irrigação do Itiúba. Com o desenvolvimento a área foi dividida em cerca de 300 lotes para famílias de parceleiros. A natureza por si só sustentava 2000 famílias, com seu diversidade, e riquezas, de tudo tinha um pouco, nunca faltava alimento na indústria ambiental. As ceramistas da aldeia Kariri-Xocó, conhecem os tipos da terra, boa para a cerâmica, procuram com antecedência a qualidade da argila. O barro de pote é uma argila mais escura, macia, sem areia, o” barreiro fonte da argila”, fica sempre localizado nas margens das lagoas. O Tauá argila amarela, a fonte está na beira do Rio São Francisco, serve para banhar o pote no alisamento com mucunã. Barro de panela é uma argila vermelha, arenosa, muito forte, já estar dizendo serve para panela, frigideira, aguenta muito fogo, sua fonte está no caminho da roça de Zé Taré e de Nê. O tauá branco, serve para pintar, só tem na Serra da Maraba, serve para tingir os objetos cerâmicos. Os barreiros são bem cuidados pelas ceramistas, deixam limpos sem matos, para não misturar, nem alterar a qualidade da argila. O barro serve para a cerâmica utilitária quanto para à Olaria de tijolos e telhas. As mulheres Kariri-Xocó, transportam a argila dos barreiros para sua casas, em balaios de cipós, as meninas carregam em cestas pequenas e o barro em torrões.Nhenety Kariri-Xocó.

 http://www.thydewa.org/livros/memoria/kariri-xoco/



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