Ari Loussant dando continuidade à correção da pronúncia das palavras do Dzubukuá, vemos a palavra manhem, cujo superficialmente parece ser lida como ma-nhem, mas o cognato Kipeá *maehae* implica que a pronúncia na verdade não era para ser assim, também nos indica como as vogais deveriam ser pronunciadas corretamente, sendo portanto /mə̃'ɣə̃/ a pronúncia correta.
Note que Ari também colocou a fricativa velar sonora /ɣ/, já que a única palavra que semanticamente falando concorda com essa palavra é o ho de iho 'muito', cujo já discutiu antes na origem do número um como ela era pronúnciada pelos Kariris, já o mae/man não surge independentemente até onde eu saiba, mas pode ser um cognato distante do sufixo aumentativo do Proto-Caribe *-imô (ô nas reconstruções do PCrb representa o mesmo que o som schwa /ə/, portanto existe uma possibilidade grandes de ambos serem cognatos).
Vemos que para Nantes, o uso de consoantes para representar sons nasais das vogais era uma estratégia do qual ele estava muito mais acostumado, isso lança dúvidas sobre como deveríamos interpretar a ortografia dele, já que não podemos confiar no encontro consonantal nh, pois ele pode muito bem ser apenas uma representação nasal da vogal anterior + um h da próxima sílaba e não o som *nh* que conhecemos no Português, mas também pode ajudar a encontrar cognatos e pode explicar o porquê de Nantes escreve nhiV (V = qualquer vogal) onde verdadeiramente há o som nh do Português (ex.: nhia 'morrer' cujo Mamiani escreve apenas como nhà ou nunhie onde Mamiani só escreve nunhè).
Voltando aos cognatos, vejam um exemplo, a palavra *nanhe* significa "chefe, cacique" dentro da língua Dzubukuá, se a nova interpretação se aplicar aqui também, podemos separar as sílabas como nã-he, a primeira sílaba ainda é um mistério, mas a segunda pode ser o cognato da palavra Kipeá se 'senhor, amo' que Ari Loussant estava procurando há bastante tempo, além de não ter encontrando em nenhum lugar uma variante *nanhie* que confirmasse que o nh era o som do n palatalizado.
Autor da matéria: Ari Loussant
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