segunda-feira, 1 de agosto de 2022

IDZENE OU NHEWOÁ

 

Boa tarde pessoal, Ari Loussant estava lendo o livro de Baptista Siqueira sobre os Cariris para descobrir mais sobre essa entidade que ele chama de "Idzene" ele notou um problema nessa entidade que ele diz ser comparável a Satanás da religião cristã.


 De onde ele tirou essa palavra ? Após pesquisar dentro do catecismo de Mamiani em busca da palavra, Ari  encontrou ela na seção dos cantos religiosos, o nome do canto é "Em louvor da Virgem Santissima Mãy de Deos":


Itúitú santuá wohóyẽ                De Maria tiembla al nombre

Idzené                                         Satanás

Banaré                                        Y sagaz

Nhewoá buyẽ                             No tenta al hombre


 Baptista Siqueira partiu da presunção de que cada linha corresponde diretamente à palavra espanhola e que tudo aqui é traduzido diretamente, isso é um problema que Ricky Seabra também me falou sobre, os cantos são difíceis de traduzir por que eles não estão diretamente traduzidos para a língua europeia correspondente, se esse fosse o caso, como se explica a quarta linha "Nhewoá buyẽ" ? Onde está a palavra "hombre" nela ? E "Itúitú santuá wohóyẽ" ? Onde estaria a palavra "Maria" ou a palavra "nome" ? Isso foi um dos vários erros que este autor cometeu em sua obra, além de outros erros grotescos que notei no seu vocabulário da língua "Dzubukuá" como dizer que *aindhe mo dzu" significa "mares". 


 Concluindo portanto que a palavra "Satanás" nesse contexto é apenas "Nhewoá" e que Siqueira inventou essa entidade por causa de sua má interpretação da língua Kipeá. A palavra Idzene também não faz sentido como nome já que é uma partícula conjugada na terceira pessoa do singular que significa literalmente "por medo ou por respeito dele/dela" bastante usada nas frases do Kipeá e bem descrita na obra de Mamiani sobre a gramática dessa língua, portanto Ari Loussant não estará  adicionando essa entidade na lista da religião Kariri que foi criada por um erro do autor. O espírito da morte ainda está no texto, só que apenas com o nome Dakri (Dacri) a partir de agora.



Autor da matéria: Ari Loussant



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