Há um tempo atrás discuti sobre os nominalizadores do Katuandí que estavam espalhados entre as três línguas constituíntes, não irei repetir o mesmo, apenas irei adicionar mais informações sobre o sufixo -çá do Wakonã. No texto anterior, eu disse que -çá tinha uma função limitada mais parecida com o -ador/-ante do português, isto é, uma função agentiva, mas vejo agora que isso não era o caso e que -çá poderia ser utilizado de forma mais abrangente, criando vários tipos de substantivos, digo isso pois encontrei evidências de sua presença tanto no Kipeá quanto no Dzubukuá, na forma dos sufixos -dzá/-dze/-dzõ/-dzã.
Esses sufixos formam alguns substantivos bem básicos do Kariri:
mari-dzá 'guerra', cujo é formado por um verbo Terejê mari 'matar', cognato do Xavante pãrĩ 'matar' + -dzá 'nominalizador', assim criando mari-dzá 'coisa, ocasião ou instrumento de matar', nesse caso sendo a 'ocasião de matar' > 'guerra, batalha'
wari-dzá/woli-dze 'boca', talvez seja formado por um cognato do Xocó avêl'a 'língua' e do Wakonã bêlêtsiê 'falar', devo ressaltar que em algum momento da história Terejê, as línguas dessa família transformaram o som de /ɛ/ em /a/ através de um processo de abaixamento vocálico (ex.: o verbo ta em quetalique 'vamos', descendente do Proto-Cerratense *tẽ 'ir'), mas pelo que se pode ver, tal processo ocorreu depois da adoção da palavra por parte dos Kariri, portanto formando wari-dzá 'coisa, ocasião ou instrumento de falar' > 'boca'
bi-dze/bi-dzõ/bi-dzã 'rosto', essa palavra é fácil de deduzir, o verbo que a forma foi preservado tanto no Kipeá quanto no Dzubukuá como ubí/ubbi 'ver, ouvir, perceber', portanto forma-se bi-dzá 'coisa, ocasião ou instrumento de ver' > 'rosto'.
Autor da matéria: Suã Ari Llusan
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