Sabe-se que os três povos conhecidos do ramo étnico Terejê são: Xocó, Natú e Wakonã, também sabe-se que seus nomes dividiam-se baseados no paretensco, onde os Natú eram os considerados ancestrais, eu não discordo dessa etimologia, mas venho de volta para esse tópico para esclarecer um achado.
Agora que as evidências foram demonstradas da conexão Terejê-Akuwẽ no âmbito genético (linguisticamente falando) e na conexão Terejê-Kariri no âmbito diplomático, pode-se aos poucos traçar os parâmetros de sua revitalização de uma forma adequada, mas para isso, é necessário checar tudo, para entender quais eram as relações destes povos com aqueles ao seu redor, quase nenhum povo do planeta Terra vive em absoluto isolamento, portanto os Natú sem dúvidas teriam interagido com mais de uma etnia.
Nesse caso, argumento graças a ajuda de Nhenety, que me informou sobre a miscigenação Natu-Tupi que ocorrera no passado, tal mistura talvez tenha trazido consigo alguns empréstimos Tupi. Agora, peço ao leitor que entenda, eu não estou me referindo necessariamente aos Tupinambás nesse caso, pelo menos, não SÓ eles, não temos registros totais das interações que os Terejê tiveram ao longo de sua jornada, em algum momento, eles parecem ter vivido no cerrado junto com os Akuwẽ, talvez mais ao norte onde poderiam interagir de forma bem breve e antecendente às migrações Tupi para o litoral do Tupi.
Veja que a palavra Proto-Tupi-Guarani (ancestral direto do Tupinambá) para grande é *wacu (watxú), que resultou no Tupi Antigo -gûaçu ~ -ûaçu, antes de ser wacu, era no Proto-Mawé-Guarani, o ancestral que veio antes do ancestral do Tupi Antigo (se o Tupi Antigo é o pai do Nheengatu e o Proto-Tupi-Guarani é o avô, o Proto-Mawé-Guarani é o bisavô), portanto ele é muito mais antigo, nele a pronúncia da palavra era -atu, com o hífen indicando a possibilidade de prefixação, onde variava entre atu e watu.
Essa possivelmente é a palavra ancestral do nome Natú, veja bem, dentro do documento de Clovis Antunes, assim como vários outros que mencionam os Wakonã, seu nome surge com quatro variações: Akonã, Yakonã, Nakonã e Wakonã, aqueles que tem y-, n- e w- são versões prefixadas com prefixos relacionais, Natú provavelmente é o mesmo: n-atú 'relativo ao/do grande (ancestral)'.
É interessante verificar tal etimologia, pois indicaria uma interação e miscigenação muito mais precendente do que pensávamos entre os Tupi e os Terejê
Autor da matéria: Suã Ari Llusan
Nenhum comentário:
Postar um comentário