Dando continuidade às análises, creio que esta palavra, que vem sido difícil para mim até agora, tenha uma etimologia em uma frase ergativa, digo isso baseado na descoberta recente sobre os pronomes, sabe-se agora que o pronome de primeira pessoa da série nominativa é a-, portanto se analisarmos a palavra como a-tí-kráká 'me dê licença', talvez tenhamos aqui:
a tí kraká 'separa-te de mim'
O pronome *a* que surge na frente pertence à série acusativa de pronomes, tí talvez seja variante desvozeado do pronome relativo dê visto em *dêrraivê-pá*, portanto a frase se quebra como *a* ((de) mim) *tí* (tu que) *kraká* (afasta) = *a tí kraká* 'tu que se afaste de mim'. No português talvez soe rude, mas essa conotação rude não existia na frase Wakonã, essa era a forma correta e educada de pedir licença, a pessoa pedia que ela se afaste dela, ou seja, equivale ao português "preciso de um pouco de espaço", "um pouco de espaço, por favor" e outras variantes semelhantes. O verbo kraká 'dar licença, afastar' parece ter uma derivação -comum com:
Xavante: datsi'ré 'afastar, separar, ir, progredir'
Xerente: kasĩkre 'afastar'
Terejê *a te kraka 'tu que se separe de mim'
Xocó: a ti kraka
Natú: a dì kraka
Wakonã: á tí kraká
Autor da matéria: Suã Ari Llusan
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