domingo, 30 de junho de 2024

CONTO DE SETE ESTRELA EM SAPUYÁ


 Sete Estrela era um menino índio inteligente. Tinha três irmãs, chamadas Três Marias e tinha três irmãos chamados Três Reis Magos. A mãe os criava com pesca e caça. O avô de Sete Estrela morava na beira da praia. As três irmãs brincavam com os três irmãos atrás da casa do velho. A mãe de Sete Estrela, um belo dia, foi pescar e jamais voltou. Encantou-se em mãe dágua. 


  Tinatzoyäli miuccoh Batthüh criyä immoropah. Itzohoh withicanic’eh püc’eh sam’y, ticcali C’ëtahoah, itzohoh withicanic’eh püram, diccali Bitzammuah. Icc’ëah icc’eyah mützikülleh ye paingokülleh creyäh puyäwih. Yanlanneh Batthüh muh ippeh c’itzih sibbahüh. Icc’ë Batthüh, g’ëboh utscheh cangli, immützikülih, siwimissimahac’ielih. Tithoigobälih muh Tzutzupuyäh


 As Três Marias foram procurar a mãe e viram que ela virou-se em mãe dágua. Voltaram e não disseram nada ao velho avô. Então Sete Estrela fez uma canoa e botou os três irmãos e as três irmãs no barco, entrou mar à dentro. Aconteceu que os Três Reis Magos morreram naquele lugar do mar porque botaram as pernas fora dágua e o peixe grande os devorou. 


 Siwiugëlih icc’ë noh C’ëtahoah, sinneah tah siwilih Tzutzupuyäh. Anlanneh soh creyäh siwimissih coh marâc'ieh simmeah. Creyäh Batthüh uñewoh siñattelih, withicanic'e püc'eh püram muh uñewoh suñêmêlih, muh tzintzäh sigölih. Itzohoh tah Bitzammuah muh cueh tzintzättöh, nolih wäm'ypuh muh tzu creyäh suñêmêah, noh mützipuyäh ittöalih.


 Apenas ficou no barco, salvo, Sete Estrêla com as Três Marias. E Sete Estrela e as Três Marias viajaram, viajaram tanto, que foram parar no firmamento do céu. Todos os dias se vê estas sete estrêlas no céu que são as Três Marias, os Três Reis Magos e Sete Estrela . 


 Wom'ygëboh muh uñewoh, ticanglili, Batthüh coh C'ëtahoah. Withicani siwimanniah, siwimanniwoyöah, muh leggeh creyäh ilambüah. Utschelobäh cueh mussäwithicani batthüah muh leggeh cunnah sinneah, tah immoroh: C'ëtahoah, Bitzammuah coh Batthüh.


 O velho na praia ficou triste dizendo "meus netos foram pescar e não voltaram mais. E eu aqui fiquei sozinho. . . Eu irei andar pelo mundo afóra sem parar ... " . Pegou o tição (o paú de fogo) e sacudiu por cima da casa e. disse: - "Pôfô, vou andar ... " O tição foi desaparecendo e o velho encantou-se. 


 Anlanneh muh c'itzih tzeyalih, tatimmeh: "gittetteh creyäh mützipah wih, creyäh siwimissimahac'ieh. Wom'ygëboh giatzah... Giatzah poh rattapuyäh tottic'ie wi ti..." Essuh sittalih, ibä anrah itzeh, simmeh: "Ñatteh, giwi ti..." Essuh tatinnec'ielih, anlanneh tithoigobälih.


 Apareceu o cometa que parou no firmamento do céu. E o velho e o tição do velho viraram em cometa do céu. Os índios zelam este nome de Sete Estrela e dizem que é da estrela, especialmente da Estrela D'Alva que sai o saber dos caboclos. Isto prova que existe o Criador. 


 Croessuh titottilili muh gemuih sitepelebülih. Anlanneh coh yessuh anlanneh croessuh siwiah. Tzäghoh cueroh itzëh Batthüh sineneah, simmeah tah poh batthüh, tah itsambutteh Caye, tipelenatzoworoyöli clöh. Cueroh Tiñingoli itzohotteh ipemmoroitzam.




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



CONTO DE SETE ESTRELA EM KIPEÁ


 Sete Estrela era um menino índio inteligente. Tinha três irmãs, chamadas Três Marias e tinha três irmãos chamados Três Reis Magos. A mãe os criava com pesca e caça. O avô de Sete Estrela morava na beira da praia. As três irmãs brincavam com os três irmãos atrás da casa do velho. A mãe de Sete Estrela, um belo dia, foi pescar e jamais voltou. Encantou-se em mãe dágua. 


 Dorò dimunhekiánetçowonheri Batì. Itçohò wachanidikiè bŷke saì, dicari Roideà, itçohò wachanidikiè bŷrae, dicari Bidzamuà. Dorò sime ide pàmŷdzè idehò, pàadjè idehò. Dorò sibà itò Batì mò ikitcìbetè. Dorò sibenhekiè wachanidikiè bŷke wachanidikiè bŷrae idehò mò iworò serà renghe. Ide Batì, mò uchè canghi, sipámŷdzècrì, teworòmaehaekiecrì. Dipanŷcrì dò Anhicruyẽ.


 As Três Marias foram procurar a mãe e viram que ela virou-se em mãe dágua. Voltaram e não disseram nada ao velho avô. Então Sete Estrela fez uma canoa e botou os três irmãos e as três irmãs no barco, entrou mar à dentro. Aconteceu que os Três Reis Magos morreram naquele lugar do mar porque botaram as pernas fora dágua e o peixe grande os devorou. 


 Siwiudjè dò cohò ide nò Roideà, dorò sinèà dò dide wicrì Anhicruyẽ. Dorò sinhacrì eyemè no Batì, suyemècrì wachanidikiè bŷrae cò bŷke mò eyemè, sidjòcrì Dzucruyẽ. Itçohòcrì Bidzamuà inhà mòrohò dzucruyẽdò, norì suyemèà wõà mò dzu, idòcrì nò mŷdzèbuyẽ.


 Apenas ficou no barco, salvo, Sete Estrêla com as Três Marias. E Sete Estrela e as Três Marias viajaram, viajaram tanto, que foram parar no firmamento do céu. Todos os dias se vê estas sete estrêlas no céu que são as Três Marias, os Três Reis Magos e Sete Estrela . 


 Woibiho todì mò eyemè, dipidecanghiri, Batì cò Roideà. Batì cò Roideà wimani, wimaniyò, dò sitodià mò ecuwõbuyẽ. Uchérobae sine eròà misãwachani batì mò ecuwõbuyẽ, dò imorò: Roideà, Bidzamuà cò Batì.


 O velho na praia ficou triste dizendo "meus netos foram pescar e não voltaram mais. E eu aqui fiquei sozinho. . . Eu irei andar pelo mundo afóra sem parar ... " . Pegou o tição (o paú de fogo) e sacudiu por cima da casa e. disse: - "Pôfô, vou andar ... " O tição foi desaparecendo e o velho encantou-se. 


Idzeyacrì renghe mò ikitcibetè, imèitù: “siwìcrìà hitètè, siteworòmaehaekiecrì. Woibiho hietçã… Wi hietçã bò radàbuyẽ ditodikieri di…” Sità isù cò itcecrì mó itçambù erà, simècrì: “Nate, hiwi di…” Isù dò cohò penèkieitù cò renghe dipanŷcrì.


 Apareceu o cometa que parou no firmamento do céu. E o velho e o tição do velho viraram em cometa do céu. Os índios zelam este nome de Sete Estrela e dizem que é da estrela, especialmente da Estrela D'Alva que sai o saber dos caboclos. Isto prova que existe o Criador. 


 Ibuò isùcroyẽ ditodicriri mò ecuwõbuyẽ. Renghe co isù renghe dorò wi isùcroyẽ. Inenèbaehŷ nhihò cohò idzè Batì, simeà dò bò batì, dò itçambùtè Cayẽ, danhiperènetçòri nhihoà. Cohò imoroidzãtè dò itçohò Diniòri.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



CONTO DE SETE ESTRELA EM DZUBUKUÁ


 Sete Estrela era um menino índio inteligente. Tinha três irmãs, chamadas Três Marias e tinha três irmãos chamados Três Reis Magos. A mãe os criava com pesca e caça. O avô de Sete Estrela morava na beira da praia. As três irmãs brincavam com os três irmãos atrás da casa do velho. A mãe de Sete Estrela, um belo dia, foi pescar e jamais voltou. Encantou-se em mãe dágua. 


 Dimuñac’ienedsôñeli Batti. Idsoho witanedic’e buic’e hany, diccali Roiddhea, idsoho witanedic’e buiram hany, diccali Bidzammua. Imme do coho iddhe iddeho immydzette, ippatte dêm. Ibba do coho itthò Batti mo ibbe c’itsi. Witanedic’e buic’e iddeho witanedic’e buiram anra anranyedde beñec’ie do coho. Iddhe Batti, mo cangri uc’ie, wiccli mydze, themanhenc’iecli. Didzodzoccli do Dzuyedde.


 As Três Marias foram procurar a mãe e viram que ela virou-se em mãe dágua. Voltaram e não disseram nada ao velho avô. Então Sete Estrela fez uma canoa e botou os três irmãos e as três irmãs no barco, entrou mar à dentro. Aconteceu que os Três Reis Magos morreram naquele lugar do mar porque botaram as pernas fora dágua e o peixe grande os devorou. 


 Winewidde do coho no Roiddhea iddhe, inne do coho iñâ wi Dzuyedde. Tec’ie do coho co me marâc’ie anranyeddetthò hany. Iñatte do coho uñewo no Batti, ñêmêtti witanedic’e buiram buic’e mo uñewo, iddoccli mo icrobuye raddammui. Iña do coho Bidzammua mo crobuyeddò, noli itti wanybua mo dzu, iddocli no mydzebuye.


 Apenas ficou no barco, salvo, Sete Estrêla com as Três Marias. E Sete Estrela e as Três Marias viajaram, viajaram tanto, que foram parar no firmamento do céu. Todos os dias se vê estas sete estrêlas no céu que são as Três Marias, os Três Reis Magos e Sete Estrela . 


 Wanybihè mo uñewo, dicangrili, Batti iddeho Roiddhea, iwimanni, wimannîho, toddi do coho mo hemui. Uc’ieloboè ne coho hobbatti batti mo ecuwombuye, dimmoroli: Roiddhea, Bidzammua, Batti.


 O velho na praia ficou triste dizendo "meus netos foram pescar e não voltaram mais. E eu aqui fiquei sozinho. . . Eu irei andar pelo mundo afóra sem parar ... " . Pegou o tição (o paú de fogo) e sacudiu por cima da casa e. disse: - "Pôfô, vou andar ... " O tição foi desaparecendo e o velho encantou-se. 


 Anranyedde mo c’itsi dzeyaccli, dadimme: “wi do coho hitette, tec’iemanhemc’ie do coho. Wanybihè hiadse… Hiwo bo radda ditoddic’ieli di…” Ittha iddhu co iddseccli mo ihemui anra, immeli: “ñatte, hiwoddi…” Iddhu dadinnec’ie co anranyedde didzodzoccli.


 Apareceu o cometa que parou no firmamento do céu. E o velho e o tição do velho viraram em cometa do céu. Os índios zelam este nome de Sete Estrela e dizem que é da estrela, especialmente da Estrela D'Alva que sai o saber dos caboclos. Isto prova que existe o Criador. 


 Tepelebui cloddzi ditoddiclili mo hemui. Anranyedde co iddhu anranyedde wi do coho cloddzi mo hemui. Dsehoa coho idze Batti icottobahi, bo batti immebahi, do idsebutte Caye, dipelenedsôli dsehoa. Coho immoroidze Ñinho.




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



CONTO DE SETE ESTRELA EM WAKONÃ


 Sete Estrela era um menino índio inteligente. Tinha três irmãs, chamadas Três Marias e tinha três irmãos chamados Três Reis Magos. A mãe os criava com pesca e caça. O avô de Sete Estrela morava na beira da praia. As três irmãs brincavam com os três irmãos atrás da casa do velho. A mãe de Sete Estrela, um belo dia, foi pescar e jamais voltou. Encantou-se em mãe dágua. 


 Tó su Iroinccó comantiá típiahae. Tó dza anêlla idì nuña’ bacañic’ê, ticas’im Ropibuñá, idì numam bacañic’ê dêm, ticas’im Mensô. Tó dza anêlla roccudza dì ña tébé marí su. Tó dza anêlla natú Iroinccó daba mó. Tó dza anêlla rodzéttó nuñá numam bicañic’e su cri dì natú bó. Ña dì Iroinccó, crabe càhe bihé, tó be tébé, tó be têrêbí magacô. Tó be Cimitêrêbarí mó Tacañña.


 As Três Marias foram procurar a mãe e viram que ela virou-se em mãe dágua. Voltaram e não disseram nada ao velho avô. Então Sete Estrela fez uma canoa e botou os três irmãos e as três irmãs no barco, entrou mar à dentro. Aconteceu que os Três Reis Magos morreram naquele lugar do mar porque botaram as pernas fora dágua e o peixe grande os devorou. 


 Tó dza anêlla ñobré dì Ropibuñá ña só, ne be bi Tacañña. Tó dza’nêlla têrêbí bó, bêlêtsie marâcô tatú só. Dza’nêlla pofo dì Iroinccó uñebó, ñêmêtí bacañi’cê numam nuña midzá, têrêdó parâcómá. Dza’nêlla ñada Mensô parâcómá mó, côdì ñêmê bêcire taca mó, be icram dì tébé acómá.


 Apenas ficou no barco, salvo, Sete Estrêla com as Três Marias. E Sete Estrela e as Três Marias viajaram, viajaram tanto, que foram parar no firmamento do céu. Todos os dias se vê estas sete estrêlas no céu que são as Três Marias, os Três Reis Magos e Sete Estrela . 


 Bihé tó be dzacrá uñebó mó, tiñocredus’im, Iroinccó Ropibuña su, têrêmanì bacañi, têrêmanì acómá, we dz’anêlla g’emí mó. Su tines’im crabe robé cô tirô iroinccó-ná g’emí mó, Ropibuña, Mensô, Iroinccó.


 O velho na praia ficou triste dizendo "meus netos foram pescar e não voltaram mais. E eu aqui fiquei sozinho. . . Eu irei andar pelo mundo afóra sem parar ... " . Pegou o tição (o paú de fogo) e sacudiu por cima da casa e. disse: - "Pôfô, vou andar ... " O tição foi desaparecendo e o velho encantou-se. 


 Tó su dzeyá natú daba mó, mim bêlê: “ba dì s’iccudu tébé, têrêbí bó magá mâcô. Ba do bihétóddì… Ba dza mim raddá bó…” Tó be parabâ, tsé cri ca, bêlêtsie: “pofo, ba dza mim…” Tó mim be dzuricô parabâ, natú cimitêrêbarí.


 Apareceu o cometa que parou no firmamento do céu. E o velho e o tição do velho viraram em cometa do céu. Os índios zelam este nome de Sete Estrela e dizem que é da estrela, especialmente da Estrela D'Alva que sai o saber dos caboclos. Isto prova que existe o Criador. 


 Tó be dzuri c’iabatârâ, titoddibes’im g’emí mó, dz’anêlla bi Natú parabâ c’iabatârâ mó. Su ropibu dì atêrêgim-ná dzé dì Iroinccó, bêlê su irô bó, típia da Caye bó, batârâ-pa netsô dì atêgim, su aipéhêi isu dì Tirohôs’im.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



sexta-feira, 28 de junho de 2024

DESCOBERTA SOBRE O RITUAL SOPOÑU E A DIVERSIDADE


No documento "Documents et vocabulaires inédits de langues et de dialectes sud-américains" de Chestmir Loukotka, de 1963, foi descoberto um pequeno vocabulário Pankararú, cujo em uma sublista separada chamada "divers titres de sorciers", que significa "diversos títulos de pajés", os títulos são:


shupuñum

bôkôdó

andaruré

tita

pankaré


 Note que, entre estes títulos, shupuñum se assemelha categoricamente ao nome do ritual Sopoñu do povo Dzubukuá, que era um ritual de canto durante os banquetes, existem duas possibilidades com essa descoberta:


1) A palavra Dzubukuá é de origem Pankararú


ou


2) A palavra Dzubukuá e a palavra Pankararú são empréstimos comuns de uma terceira língua desconhecida




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



quarta-feira, 26 de junho de 2024

DESCOBERTA SOBRE OS SUFIXOS COMUNS DOS TOPÔNIMOS KARIRI


Os sufixos mais comuns nos nomes de lugares onde os Kariri viviam, passaram ou conheciam são *-có* e *-dó*, como Bodocongó ou Orocó, que podem ser analisados como:


*-có* significa 'em, no, na', um locativo sufixado que foi substituído pela preposição Terejê *mó*, possivelmente um resquício antigo da língua Kariri, antes de sua subsequente fusão e evolução ao lado das línguas Macro-Jê do Nordeste, a função desse sufixo é a mesma que -pe do Tupi em nomes de lugares, como Sergipe e Jaguaribe:


Bodo-có = no monte (bodo = bendó/boeddo 'serra, montanha, monte')

Oro-có = no (rio/lugar de) Arara (oroo 'arara' como Martius registrou no Sapuyá e no Kamurú)



Enquanto *-dó* significa 'lugar', cognato de -topo das línguas Carib do norte (Courtz, 2008)


ben-dó e boe-ddo 'lugar erguido' > 'montanha, serra' (derivados do verbo ibae/iboe = 'subir, erguer').





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



COMO FUNCIONA A DISTINÇÃO DE SUJEITO E OBJETO NO KARIRI ?


 O Kariri não possui nativamente nos seus pronomes uma separação que marque o sujeito e o objeto, por conta disso, os nossos ancestrais usavam outras estratégias para distinguir os dois dentro de frases transitivas. Em frases intransitivas, o pronome prefixado sozinho já marcava o sujeito, com o verbo distinguindo entre o o sujeito agente e o sujeito passivo:


Dzubukuá

hi-wriô 'eu ajudo' (Sujeito agente, *eu* faz a ação de *ajudar*)

hi-pa 'eu sou morto' (Sujeito passivo, *eu* sofre a ação de *ser morto*)


 Em frases transitivas no entanto, existem duas formas de se falar, a primeira segue a lógica aplicada acima, dependendo se o verbo for ativo ou passivo:


hi-wriô Dzubbui 'eu ajudo Dzubbui' (verbo ativo, *eu* faz a ação de *ajudar* Dzubbui)


Esse é o verbo ativo, usa-se tal sem qualquer modificação o preposição, já verbos passivos demandam que o falante use a marcação ergativa para diferenciar o agente da frase:


hi-wriô nò Dzubbui 'Dzubbui me ajuda', literalmente está sendo dito 'eu sou ajudado por Dzubbui' (nó marca o agente da frase transitiva em verbos passivos)


 Outra coisa interessante é que o ergativo também modifica o significado do verbo ativo para passivo, portanto eu posso inverter o agente da forma que eu quiser:


wriô Dzubbui hi-ña 'eu ajudo Dzubbui', essa frase é a mesma coisa que hi-wriô Dzubbui 'eu ajudo Dzubbui', mas ela está no caso ergativo, com hi- marcado pela versão conjugável de nó, que é -na ou -ña (é -ña se o pronome terminar com a vogal *i*), *nó/na/ña* significam 'por causa de', portanto se conjuga assim:



Dzubukuá


hi-ña 'por causa de mim'

e-nna 'por causa de ti'

i-ña 'por causa dele(a)'

hi-ña-dde 'por causa de nós, sem incluir você, o ouvinte'

cu-nna-a 'por causa de nós todos'

e-nna-a 'por causa de vós'

i-ña-a 'por causa deles(as)'


Kipeá


hi-nhá 'por causa de mim'

e-ná 'por causa de ti'

i-nhá 'por causa dele(a)'

hi-nha-dé 'por causa de nós, sem incluir você, o ouvinte'

cu-na-á 'por causa de nós todos'

e-na-á 'por causa de vós'

i-nha-á 'por causa deles(as)'


Sapuyá e Kamurú:


gi-ñah 'por causa de mim'

a-nnah 'por causa de ti'

i-ñah 'por causa dele(a)'

gi-ña-tteh 'por causa de nós, sem incluir você, o ouvinte'

cu-nna-ah 'por causa de nós todos'

a-nna-ah 'por causa de vós'

i-ña-ah 'por causa deles(as)'




Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



sexta-feira, 21 de junho de 2024

TORÉ CAWÃPÉ 'TORÉ DO PASSARINHO


Ninhó, ninhó nu Torá ‘Índio, índio quer cantar’

Dzubucuá sicá ‘o povo ribeirinho chama’

Teudiokié cawã ‘lutar como a cawã (para conquistar o/a parceiro(a))

Cawãpeaí ‘o pássaro pisa’

Cawã ‘pássaro cawã’




Autor: Nhenety KX e Pequisadora da Língua:
Elizabeth Suzart 

quarta-feira, 19 de junho de 2024

DO KARIRI CLÁSSICO AO KARIRI MODERNO


A língua Kariri foi registrada pela primeira vez no século 17, desde então a língua passou por processos de evolução fonética e gramatical desde sua anotação, o que foi denotado por Ferrari como o Kariri Clássico (referindo-se aos dois idiomas antigos, Dzubukuá e Kipeá) hoje transitou de forma não tão dissimilar ao Tupi Antigo para o Nheengatu, seguem aqui algumas mudanças e algumas semelhanças com a antiga fala:



LÍNGUA KARIRI-XOCÓ E KARIÚ (BASE DZUBUKUÁ E KIPEÁ)


1) Pronomes


O Kariri-Xocó, uma das bases atuais da língua moderna Kariri, possui algumas bases lexicais, baseados em sua origem multiétnica, a primeira é a Dzubukuá, que denota o uso dos pronomes independentes do Katecismo Indico:


Eu: yadse

Tu: onadse

Ele/ela: anro

Nós: kadsea

Vós: onadsea

Eles/elas: anroa


A segunda base linguística, que foi reconstruída recentemente, é a do Terejê, o grupo linguístico dos Xocó, Natú e Wakonã:


a- 'eu' (em verbos intransitivos, ex.: a-nu/dzu-nu 'eu durmo')

o- 'tu' (identico ao Dzubukuá o- de o-n-adse 'tu')

i- 'ele, ela' (identico ao Dzubukuá i- 'ele, ela')

wa- 'nós'


Exceto pela primeira pessoa do singular e plural, não há distinção de número entre os pronomes do Xocó e do Natú


2) Marcação de tempo


A marcação de tempo deriva do Dzubukuá, através dos sufixos -kli 'marcador do passado' e -di 'marcador do futuro', o presente não é marcado, deixa-se o verbo em sua forma natural:


hikran, hiddó 'eu como'

hikrankli, hidokli 'eu comi'

hikranddi, hidoddi 'eu comerei'


O pretérito imperfeito é marcado pela construção Terejê dokoho 'então'


hikran dokoho, hiddo dokoho 'eu comia'


O pretérito mais que perfeito é marcado pela fusão do dokoho com o pretérito -kli


hikrankli dokoho, hidokli dokoho 'eu já havia comido'


O imperativo é marcado por dó + o pronome de segunda pessoa 'tu' ou 'vós'


dó akran, dó addo 'coma!'

dó akran'á, dó addoá 'comam!'


O gerúndio é marcado por dadi- prefixado ao verbo


by 'correr' > dadibby 'correndo'


O optativo, isto é, quando se há esperança de que algo aconteça, é marcado por ploh 'oxalá'


himanhem ploh 'oxalá eu passe, Deus queira que eu passe'


3) Léxico


 O léxico Kariri-Xocó é baseado na fusão linguística do Dzubukuá e Kipeá como bases primárias, isso é, aquelas que sustentam não só o léxico como também a sintaxe da língua. Enquanto o Natú, Xocó, Wakonã e Tupi também tem seu papel na composição do léxico nativo KX. Recentemente conclui uma gramática Peagaxinã e logo irei publicar seu dicionário logo ao lado para acrescentar ao léxico KX.




Autor da matéria: Suã Ari Llusan