terça-feira, 17 de setembro de 2024

ANALISANDO O SISTEMA DE NASALIZAÇÃO DO PANKARARU, O QUE ELE IMPLICA SOBRE O KARIRI-WOYANA


 O Pankararú possui um sistema nativo de nasalização que se assemelha ao que é visto nas línguas do tronco Macro-Jê, onde os arquifonemas [m], [n] e [ŋ] variam em sua pronúncia dependendo da nasalidade da vogal, se a vogal for oral (não-nasal), os arquifonemas são realizados como /ᵐb/, /ⁿd/ e /ᵑg/, enquanto se elas forem nasais serão realizados como /m/, /n/ e / ŋ/.


 A prova desse sistema está na palavra mõni ‘milho’, que deriva de um descendente do Proto-Jê Setentrional *bõ-cy ‘milho’, literalmente ‘semente do mato’. Note que a palavra, por sua nasalidade herdade de *bõ ‘capim, mato’ transformou as duas sílabas em consoantes nasais, um processo idêntico ao de harmonia nasal do Guaraní (Sanchez, 2023, p. 14) e do processo Macro-Jê descrito acima.


  Com esse dado em questão, decidi reanalisar a ortografia, para não sobrecarregá-la de regras, como o til [~] não é permitido sobre as letras [e], [i] e [u] no teclado brasileiro, recomendarei o uso da letra -n no final da palavra, visto que essa coda foi perdida. Sobre as consoantes, decidi fundir m/b, n/d e ñ/s em apenas três letras: m, n e j, onde a pronúncia de cada será determinada da mesma forma que mõni foi, através da nasalidade da vogal, incluindo também a harmonia nasal, portanto:


mun /mũ/ ‘nação’, do Tupi Antigo mũ


j-u ma ya /ʒu’baja/ ‘Jubaia’, do Kariri antigo j-ù-pai-je ‘abundante no topo, frutífero(a)’


 O hífen indica que a consoante é oral, mas a vogal é nasal:


mo-n /bõ/ ‘ilha’, do Kariri Curubon ‘nome de uma ilha’


 Uso [j] para que a letra que represente os sons de ñ e s seja neutra, não tendendo para um, nem para o outro.





Autor da matéria: Suã Ari Llusan 



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