Comparem a imagem acima, derivada do vocabulário do Baniwa de Maroa, com o Xokó baxiú 'cachorro', os dois são praticamente idênticos, certo ? Como sabem, é comum nas línguas indígenas do Brasil haver a substituição da palavra 'onça' para criar o neologismo 'cachorro', isso ocorreu com o Tupi da seguinte forma:
îaûar-a 'onça' > îaûar-a 'cachorro'
Para compensar:
îaûar-a 'cachorro' > îaûar-eté 'onça', literalmente 'jaguar verdadeiro'
Aqui vemos que o termo baxiú foi fossilizado de sua forma original, que se referia à onça anteriormente, digo isso por conta desse -ú sem explicação no final, afinal o que justificaria ele ? Uma mudança sonora ? Eu não creio que seja o caso.
Vejam que o Baniwa de Maroa, a língua que comparo boa parte dos vocábulos do Xokó de origem Arawak, possui marcação de gênero: masculino e feminino, onde o masculino é o sufixo -i e o feminino é o sufixo -yu.
Notaram o que quero dizer ? Se juntarmos warsi + -yu, temos warsi-yu 'onça fêmea', e assim portanto, o ancestral direto de baxi-ú, indicando que o Xokó, muito semelhante ao Kariri e mais ainda ao Yaathê, possui marcação de gênero em sua gramática, julgando pela origem do sufixo -u, podemos dividí-las em duas partes:
Xokó: -i 'masculino' e -u 'feminino'
Autor da matéria: Ari Llusan Kariri
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