Pouco se discute sobre o processo de monossilabização das nossas palavras, aqui venho explicar não só como aconteceu no Dzubukuá, como também podemos, por questão de criação de novas palavras, reduzir as palavras dissilábicas para monossílabas.
Aqui na imagem temos uma palavra que sofreu tal processo no Dzubukuá (Queiroz, 2008, p. 77), onde a palavra doô 'de que, que, a que' é cognato do Kipeá dohò 'para, a' como em e-dohò 'para ti'. A palavra sofreu redução silábica por meio da queda do -h- medial, isso fez com que, para compensar a falta de distinção silábica entre outras sílabas *do*, o Dzubukuá mantivesse duas coisas:
1º) Manteve-se uma vogal longa, baseada nas duas vogais das duas sílabas: d-O-h-O > d-O-O (queda do -h-) > doo
2º) Por conta do fonema /h/ e outros processos da língua, usa-se o tom laringal, que é a vogal sendo pronunciada de forma gutural, na garganta, assim escrito: doô ou dôo
Assim sabemos que a reduzação de sílabas fazia uso de métodos compensatórios para que a palavra ainda fosse distinta, farei esse mesmo exercício com uma palavra dissilábica que não podemos separar:
dsere 'respirar', recentemente descoberto em tcererò 'gaita' do Kipeá, exercitemos o que aprendemos acima:
dserè 'respirar' > dseê (vogal longa ee + voz laringal = eê (com voz trêmula))
O propósito desse exercício é exatamente o de redução de sílabas em compostos longos de neologismos, digamos na palavra pulmonologia (o estudo dos pulmões), podemos dizer:
nedso do idserette 'saber de coisa de respirar (pulmão)'
Que é uma frase descritiva, ou podemos criar o composto mais curto:
dseêne (ne de une 'saber fazer' no Kipeá)
Fontes:
QUEIROZ, J. M. C de. Aspectos da fonologia Dzubukuá. 2008. Dissertação (Mestrado em Letras) – Departamento de Letras, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
Autor da matéria: Ari Llusan
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