Debaixo do velho ingazeiro, onde os galhos faziam sombra e o vento cantava baixinho, a meninada se reunia para brincar de cozinhar. Era a brincadeira mais gostosa do mundo!
— Quem vai buscar a lenha? — perguntou Jandira, a menina mais velha, com as mãos na cintura e um sorriso de quem mandava bem na cozinha.
— Eu! Eu! — gritaram as meninas, já correndo para juntar gravetos e folhas secas.
Enquanto isso, Indé, o mais ligeiro dos meninos, ajeitou o chapéu de palha e chamou os amigos:
— Bora pro mato, pessoal! A mistura não vai se arranjar sozinha!
E lá se foram eles, pulando troncos e desviando de espinhos, em busca de frutas, temperos e quem sabe… alguma caça de peteca!
— Achei tomatinho! — gritou Nhakã, com a mão cheia de bolinhas vermelhas.
— E eu, alfavaca cheirosa! — falou Itauaçú, esfregando as folhas no nariz e fazendo careta.
Enquanto os meninos se aventuravam, as meninas arrumavam o chão debaixo do ingazeiro, varriam com ramos secos e preparavam as panelinhas de barro.
— Vai ficar tudo tão bonito! — disse Suinã, empilhando os gravetos com capricho.
Logo, os meninos voltaram, suados e felizes, carregando o que haviam encontrado: sardão, ciguleira, maxixe e até uns peixinhos pequenos que pegaram na lagoa.
— Olhem só quanta coisa! — exclamou Indé, mostrando o tesouro.
— Agora é com a gente! — disse Jandira, pegando a faca de madeira. — Vamos preparar tudo direitinho!
E assim, com muito cuidado, as meninas cortaram, lavaram e misturaram os ingredientes, enquanto o fogo crepitava baixinho.
Quando a comidinha ficou pronta, o cheirinho bom se espalhou pelo ar.
— Hummm… tá dando água na boca! — falou Nhakã, esfregando a barriga.
Jandira, com seu jeito de irmã mais velha, fez a divisão: colocou um tantinho em cada pratinho de barro, e quando não tinha mais, usou cacos de potes quebrados que pareciam pratinhos mágicos.
— Um para você… outro para você… e outro pra mim! — dizia ela, entregando as porções.
Todos sentaram em roda, debaixo do ingazeiro, e começaram a comer, rindo, conversando e contando histórias do mato.
— Essa foi a melhor cozinhada de todas! — falou Itauaçú, lambendo os dedos.
Jandira sorriu e disse:
— E amanhã tem mais! Porque brincar de cozinhar é também um jeito de aprender a ser do nosso povo: ajudar, partilhar e viver juntos!
O vento balançou as folhas do ingazeiro, como quem concordava. E ali, no meio das risadas e do cheirinho de comida boa, a cultura deles crescia, igual à árvore: forte, bonita e cheia de vida.
E dizem que, até hoje, quem passa pelo velho ingazeiro consegue ouvir, bem baixinho, as vozes da meninada brincando de cozinhada…
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
Consultado por meio da ferramenta ChatGPT (OpenAI), inteligência artificial como apoio para elaboração do trabalho da capa no dia 27 de maio de 2025
Nenhum comentário:
Postar um comentário