segunda-feira, 19 de maio de 2025

O MUNDO NO SISTEMA XAMÂNICO GUARANI CHIRIPÁ






A Relação do Pajé com as Entidades Espirituais da Natureza 



Resumo



Este artigo apresenta uma abordagem descritiva sobre o sistema xamânico dos Guarani Chiripá (Ñandeva), destacando a visão de mundo indígena, a atuação do Pajé como mediador espiritual e os rituais por meio dos quais ele estabelece contato com os donos invisíveis da natureza. Através da palavra sagrada (ayvu), do uso do pety (tabaco), dos cantos e do transe, o xamã guarani assegura a harmonia entre os mundos visível e invisível, promovendo o equilíbrio espiritual e material de sua comunidade.


Palavras-chave: Guarani Chiripá, xamanismo, Pajé, espiritualidade indígena, rituais.



1. Introdução



Entre os povos Guarani, em especial o subgrupo Chiripá ou Ñandeva, a cosmovisão espiritual constitui a base de toda a organização social, cultural e ecológica. O mundo é concebido como um espaço interligado entre planos visíveis e invisíveis, habitado por divindades, espíritos e forças naturais. Neste contexto, o Pajé (ou Karaí) exerce papel fundamental como mediador entre o mundo humano e os seres espirituais. Por meio de rituais, cantos e o uso de substâncias sagradas, ele estabelece contato com os "donos espirituais" que regem os elementos naturais, garantindo saúde, fartura e proteção para sua comunidade.



2. O Sistema Xamânico Guarani Chiripá



2.1 Cosmovisão Guarani



Para os Guarani, o universo é composto por diversos níveis espirituais: o mundo terreno (yvypó), o mundo celeste (yvaga) e o mundo subterrâneo. Cada elemento da natureza possui um "dono" ou espírito guardião (mborayu), com quem se deve manter relação harmoniosa. A palavra sagrada (ayvu) é considerada origem da criação e caminho de comunicação com os deuses, conforme descrito no mito da criação registrado em Ayvu Rapyta.



2.2 O papel do Pajé (Karaí)



O Pajé é aquele que detém o conhecimento ancestral e espiritual, transmitido por meio de sonhos, visões e ensinamentos dos mais velhos. Sua função vai além da cura: ele é o elo entre os mundos, capaz de compreender os sinais invisíveis da natureza e orientar a comunidade de acordo com as leis espirituais.



3. Contato com os Donos Espirituais



3.1 Divindades e entidades invisíveis



As principais divindades do sistema guarani incluem Nhamandu (espírito da sabedoria), Karai (fogo), Tupã (trovão), Jakairá (ar) e Tume Arandu (sabedoria ancestral). Há também entidades protetoras (Porãhe’i) e espíritos perturbadores (Aña). Os "donos espirituais" dos animais, rios, florestas e ventos são considerados responsáveis por reger os ciclos da natureza e as forças que afetam diretamente a vida dos seres humanos.



3.2 Rituais de contato



O Pajé realiza rituais na opy (casa de oração) utilizando diversos elementos:


Ayvu (cantos sagrados) – evocam os espíritos e guiam o Pajé em sua jornada espiritual;


Pety (tabaco sagrado) – fumado ou soprado como oferenda, purificador e elo espiritual;


Jejum e purificação – preparo espiritual para o transe;


Transe xamânico – estado ampliado de consciência em que o Pajé pode viajar aos planos espirituais e dialogar com os mborayu.


Essas práticas visam buscar curas, proteção espiritual, bons ventos para caça ou colheita, e restaurar o equilíbrio comunitário.



4. Considerações Finais



O sistema xamânico dos Guarani Chiripá revela uma profunda integração entre espiritualidade, natureza e vida comunitária. O Pajé, como mediador sagrado, representa não apenas um curador ou sacerdote, mas um verdadeiro guardião do conhecimento ancestral e da harmonia cósmica. Sua relação com os donos espirituais reforça a visão de que o mundo é regido por forças invisíveis que precisam ser respeitadas e compreendidas. Ao reconhecer essa sabedoria, amplia-se a compreensão sobre as diversas formas de espiritualidade indígena e seu valor para o equilíbrio entre o ser humano e a natureza.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 



CAMPOS, Willian. Os Guarani e a cosmologia do sagrado. Revista de Estudos da Religião, São Paulo, n. 10, p. 25–44, 2011.


CLODERMANN, Maria Inês Ladeira. Saberes e práticas tradicionais Guarani: cura, parteiras e xamanismo. In: GRUPIONI, Luís Donisete Benzi (Org.). Povos indígenas e o direito à saúde. São Paulo: Edusp, 2006.


MELIÁ, Bartomeu. El Guaraní conquistado y reducido: Ensayos de etnohistoria. Asunción: Centro de Estudios Antropológicos, 1986.


MELIÁ, Bartomeu. Ayvu Rapyta: texto mítico de los Mbya-Guarani. Asunción: Centro de Estudios Antropológicos, 1988.


SEKI, Lucy. A língua e os cantos dos Guarani Mbya. Campinas: Editora da Unicamp, 2010.



Autor: Nhenety KX



Consultado por meio da ferramenta ChatGPT (OpenAI), inteligência artificial como apoio para elaboração do trabalho, em 18 de abril de 2025 e a capa dia 19 de maio de 2025.





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